capitulo 4

Entre Lobos: A Maldição dos Trigêmeos

Capítulo 4 — A Escolhida da Maldição

Narrado por Bella

Dizem que quando um lobo encontra sua alma gêmea, o mundo inteiro silencia.

O tempo para.

O corpo reconhece.

A alma se curva.

Mas ninguém — absolutamente ninguém — te prepara para o que acontece quando são três.

Desde aquele encontro no salão do conselho, nada dentro de mim voltou a ser o mesmo. Meu corpo ainda formigava nas pontas dos dedos, como se o toque deles ainda estivesse impregnado na minha pele. Minha mente gritava lógica, tradição, medo... mas meu lobo rugia por eles.

Por todos os três.

E isso me aterrorizava.

Naquela noite, me tranquei em meu quarto. O luar entrava pelas frestas da janela e tocava minha pele como uma carícia invisível. Estava quente demais para uma noite comum. Mas o calor não era do clima. Era deles. Do elo.

Eu me sentei na cama e encarei o espelho.

Minha pele parecia mais viva. Meus olhos mais intensos. Como se algo antigo, que sempre esteve adormecido dentro de mim, começasse a despertar.

O rosto de Leo surgiu primeiro em minha mente — firme, protetor, um líder nato. Seus olhos me despiram com respeito e desejo ao mesmo tempo. Quando ele me olhava, eu me sentia segura. Ancorada. Como se ele fosse o chão onde meus pés precisavam pisar.

Tony, em contrapartida, era fogo. Seu olhar era direto, desafiador. Ele não tentava esconder o que queria de mim. E isso me deixava em chamas. Havia algo nele que falava com meu instinto mais selvagem. A loba em mim se encolhia... ou se esticava para provocá-lo, e eu ainda não sabia qual dos dois.

Victor, por fim, era o mais silencioso, mas também o mais perigoso. Havia algo sombrio nele, como uma fera contida por uma fina camada de controle. Quando ele me fitava, sentia como se ele enxergasse partes de mim que nem eu mesma conhecia. Como se ele já tivesse tocado minha alma com as próprias mãos.

— O que vocês estão fazendo comigo? — sussurrei, sozinha, mas ciente de que nenhum pensamento meu estaria realmente sozinho daqui em diante.

O dia seguinte amanheceu cinzento. E estranho.

Eu costumava caminhar sozinha pelas trilhas do bosque antes que o sol nascesse, mas aquela manhã trouxe algo diferente. Eu os senti antes mesmo de vê-los. O cheiro — forte, quente, masculino. Familiar. Entrei mais fundo na floresta, na tentativa boba de evitá-los, mas meus pés me traíram.

Eles estavam me esperando.

Em uma clareira silenciosa, os três. De pé. Um de cada lado. Sem toques. Sem palavras.

Só... presença.

Meu coração acelerou tanto que doeu no peito. O elo vibrava como cordas puxadas ao mesmo tempo. Era como se o universo inteiro respirasse comigo. Ou através de mim.

Leo deu o primeiro passo.

— Não vamos te pressionar, Bella. Sabemos o quanto isso é… absurdo. Mas também sabemos que não dá para negar o que sentimos.

— Eu não pedi isso — respondi, a voz falhando. — Não quero ser o centro de uma lenda. Não quero carregar nenhuma maldição.

Tony sorriu de canto, sarcástico, mas não rude.

— Acha mesmo que nós pedimos? Que crescemos sonhando em dividir uma companheira? Fomos ensinados a lutar por ela, não a compartilhar.

Victor falou por último, a voz baixa, mas cortante.

— Mas o elo escolheu. Você. Nós. Três destinos, um só laço. Não podemos fugir.

Eu queria odiá-los. Queria mandar todos para longe e gritar que isso era injusto. Mas como? Se, ao olhar para eles, algo dentro de mim se aquietava?

— Por que eu? — perguntei, quase num sussurro.

Leo se aproximou mais. Tão perto que eu podia sentir o calor do seu corpo.

— Porque você é forte o bastante para nos suportar. Para nos completar.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Não de tristeza. Mas de sobrecarga. Era muita coisa. Muito poder. Muita intensidade. Três presenças. Três almas. Três desejos, todos apontados para mim.

E eu… não conseguia odiar isso.

Ao invés disso, meu corpo respondeu. A pele arrepiou. O ventre aqueceu. E minha loba interior se ergueu, orgulhosa, pronta.

O silêncio foi quebrado quando Tony deu um passo à frente.

— Podemos começar devagar. Um por um. Ou todos juntos. Como quiser. Mas não vamos deixar você sozinha nisso.

Victor se aproximou por trás. Senti sua respiração na nuca. Meu corpo inteiro estremeceu.

Leo ergueu a mão e a pousou com delicadeza na lateral do meu rosto.

— Só diga... que não vai fugir de novo.

Fechei os olhos.

Respirei fundo.

E deixei a verdade escapar:

— Eu não quero fugir.

O ar mudou.

A ligação se firmou ainda mais, como raízes invisíveis entre nós quatro. O cheiro deles se misturou ao meu. Como uma dança de instintos.

Eles não me tocaram além daquele momento.

Mas eu sabia.

O elo havia se solidificado.

E agora… não havia mais volta.

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