capitulo 2

Capítulo 2 — A Marca no Sangue

Narrado por Bella

A floresta nunca pareceu tão viva. Tão inquieta. Tão... perigosa.

Meus pés cortavam o mato baixo em velocidade, mas minha mente permanecia presa no que acabara de acontecer. No instante em que virei e vi aqueles três homens, meu corpo congelou — e então queimou por dentro. Era como se uma corrente elétrica tivesse atravessado minha espinha, despertando cada centímetro da minha pele.

Eu os vi.

E mais do que isso, eu os senti.

Três presenças poderosas. Fortes. Imponentes. E, de alguma forma, familiares.

Meu lobo interior — aquela parte de mim que mantive sob controle por tanto tempo — rugiu. Não gritou. Rugiu.

Como se dissesse: É agora. São eles.

Mas como isso era possível?

Acompanhei tantos ritos de passagem. Tantas histórias de companheiros que se reconheceram ao primeiro olhar. Sempre foi um companheiro para uma loba. Um cheiro. Uma ligação. Um elo. Um destino.

Então por que meu corpo reagiu à presença dos três?

Eu não conhecia seus nomes. Mas cada um deles se enraizou dentro de mim como se sempre estivessem ali. O loiro de olhos intensos, com a barba levemente mais cheia — seus olhos pareciam ler minha alma. O outro, de expressão mais selvagem, como uma fera à beira de perder o controle. E o terceiro, mais sereno, mas com uma aura que fazia o ar ao redor dele vibrar. Todos altos, fortes, belos demais para serem reais.

Meu coração ainda batia descompassado quando cruzei os limites do território da minha alcateia.

A Vila do Luar. Isolada. Tradicional. Desconfiada de forasteiros.

Assim que passei pela trilha principal, vi a anciã da guarda, Mãe Lira, sentada sob o grande carvalho da entrada. Seus olhos antigos se estreitaram ao me ver — como se já soubesse o que havia acontecido.

— Você os viu, não viu? — ela perguntou com a voz rouca.

Eu parei. Engoli em seco.

— Eu... vi três lobos. Mas não eram daqui. Não do nosso clã. Eles...

— Eles são os filhos da tempestade. Os trigêmeos amaldiçoados.

Meu estômago revirou.

— Isso é só uma lenda, Mãe Lira. Uma história contada para assustar as fêmeas jovens.

Ela se levantou devagar. Mesmo com a idade avançada, sua presença ainda era forte. Colocou a mão enrugada sobre meu ombro.

— Nem todas as lendas são mentiras, criança. Alguns destinos são antigos demais para serem evitados. Você carrega a marca. Eu sabia que esse dia chegaria.

Minhas mãos voaram até minha orelha. Atrás dela, a marca de nascença em forma de lua dentro do sol sempre me causou estranheza. Eu a escondia com o cabelo. Desde pequena. E agora ela voltava como uma resposta cruel.

— Não é possível... — sussurrei.

— Os três irmãos são de linhagem pura. Um é o Alfa dominante. O outro é o Guardião. E o terceiro... é o Supremo. Eles nasceram para dividir o mesmo coração. E você nasceu para ser o centro dele.

Minhas pernas fraquejaram.

Como alguém conseguiria lidar com um só companheiro, quanto mais três? Com instintos possessivos, ciúmes violentos, desejos intensos? Já vi lobos enlouquecerem por ciúmes de suas companheiras. E agora... eu teria que suportar o elo com três deles?

Ou pior: eles me escolheram.

Mais tarde, no meu quarto, me sentei diante do espelho e tirei o cabelo de trás da orelha. A marca brilhava sob a luz da vela. Meus dedos tremiam.

Eles viriam.

Eu sabia.

O elo havia sido formado.

E isso… isso era só o começo.

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Maria Aparecida de Carvalho

Maria Aparecida de Carvalho

tô gostando muito

2025-07-10

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