sangue na escuridão

O gosto de Erik ainda estava em seus lábios quando Rodrigo acordou com um sobressalto. O quarto era escuro, enorme, silencioso demais. O lençol de cetim escorregava pelo seu peito nu, e o perfume amadeirado que antes parecia sedutor agora carregava tensão.

A noite anterior havia sido... selvagem.

Erik o havia despido como se dominasse cada pedaço de seu corpo, e Rodrigo — por mais que odiasse admitir — se deixou dominar. Mas não era apenas desejo o que latejava dentro dele agora. Era desconfiança. Aquela mansão era uma prisão disfarçada de luxo.

Levantou-se devagar, vestindo uma calça preta que encontrara jogada perto da cama. Os pés pisaram frios no chão de mármore. Ao sair do quarto, foi recebido por dois homens armados no corredor.

— Precisa mesmo disso tudo? — Rodrigo ergueu as sobrancelhas.

Um dos homens apenas respondeu:

— Ordem do patrão. Segurança total.

Ele riu com deboche.

— Ou vigilância total?

Ignorado, seguiu adiante. Desceu as escadas e entrou no salão principal. Erik estava lá. Camisa branca aberta até a metade, tomando café e olhando um dossiê. Ao vê-lo, ergueu os olhos sem sorrir.

— Dormiu bem?

— Como um prisioneiro num hotel cinco estrelas — Rodrigo respondeu, se aproximando. — Seus capangas são charmosos, mas falta bom-dia.

Erik fechou o dossiê e se levantou. Caminhou até Rodrigo e parou bem perto, como fazia questão de fazer com frequência.

— Eu te salvei ontem. Não esquece disso.

— Me salvou? — Rodrigo deu uma risada cínica. — Eu não lembro de estar em perigo. A não ser que seu beijo conte como ataque...

— Não ontem à noite. — Os olhos de Erik endureceram. — Hoje de madrugada, tentaram entrar na mansão. Queriam você.

Rodrigo sentiu o estômago revirar.

— Como assim?

Erik caminhou até um canto e jogou sobre a mesa um celular quebrado, todo ensanguentado.

— Um dos meus homens pegou o bastardo antes que ele chegasse até seu quarto. Mas ele não estava sozinho. — Ele o olhou nos olhos. — Alguém quer você morto, Villar.

Rodrigo sentiu um arrepio percorrer a espinha. Sabia que sua presença ali causaria agitação, mas não esperava um atentado tão rápido.

— Foi você que me botou no radar. — Ele acusou. — Desde que cheguei aqui, você me mantém sob seus olhos como se eu fosse propriedade sua. Talvez isso tenha chamado atenção demais.

Erik se aproximou novamente, pegando-o pelo queixo com firmeza.

— Você é propriedade minha. Pelo menos enquanto estiver em Kavros.

Rodrigo puxou o rosto, irritado.

— Eu não sou um brinquedo de mafioso.

— Não. — Erik sorriu com malícia. — Mas você ainda não entendeu que esse jogo aqui não é o mesmo que você joga nas empresas do seu papai. Aqui não tem assembleia. Aqui, ou você domina... ou é dominado.

Rodrigo sentiu uma mistura insana de raiva e excitação. O jeito que Erik o tratava o deixava furioso, mas também acendia algo dentro dele que não conseguia explicar. Era como gasolina jogada num fogo que já ardia.

— Me diz uma coisa, Moreau. — Rodrigo se aproximou, rosto a rosto. — Você tá me protegendo... ou me usando como isca?

Erik olhou nos olhos dele.

— Ainda não decidi.

A tensão sexual explodiu de novo. E, mesmo com sangue seco no ar e ameaças à espreita, eles se agarraram ali mesmo, sobre a mesa do salão. Rodrigo sentiu o peso do corpo de Erik, a força das mãos, a brutalidade deliciosa daquele momento.

Mas antes que o prazer explodisse, um dos homens armados entrou correndo na sala.

— Senhor! Encontramos outro corpo. No jardim leste. Era um dos nossos. Foi torturado.

O silêncio foi mortal. Erik se afastou de Rodrigo, olhos frios, expressão fechada.

— Quem for que está por trás disso... — ele murmurou — acabou de assinar a própria sentença de morte.

Rodrigo olhou pela janela. O jardim estava tomado por escuridão. Mas no fundo de sua mente, uma pergunta martelava:

Será que ele conseguiria sair vivo de Kavros... ou já era tarde demais?

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