O jato particular pousou em meio à névoa pesada de um fim de tarde escuro em Velmir, capital de Kavros, um país que não aparecia em mapas comuns. Rodrigo Villar desceu os degraus da aeronave com óculos escuros cobrindo parte do rosto e um casaco de couro que abraçava seu corpo com perfeição. Seu cheiro exalava poder — e perigo. Ele não estava ali por turismo.
Seu pai, o magnata Jorge Villar, havia morrido duas semanas antes. A causa? Oficialmente, um ataque cardíaco. Extraoficialmente? Rodrigo sabia que tinha coisa podre naquela história. E todas as pistas levavam a Kavros. Mais precisamente a um nome que circulava como sussurro entre os homens mais perigosos do mundo: Erik Moreau.
— Sr. Villar? — Um homem alto, de terno preto e olhos opacos o esperava com um carro blindado. — O Sr. Moreau pediu que eu o leve à mansão.
Rodrigo ergueu uma sobrancelha.
— Achei que o grande chefão da máfia gostasse de fazer suas próprias recepções.
O homem apenas sorriu sem humor.
— Ele prefere observar antes de agir.
A viagem até a mansão foi silenciosa. Pelas janelas escuras, Rodrigo via uma cidade marcada por extremos: luxo em um lado da rua, miséria no outro. Aquilo era diferente de tudo que ele conhecia. Aquilo era território de Erik.
Ao chegarem, os portões de aço se abriram como se recebessem um rei. Rodrigo desceu do carro, impressionado com o tamanho da propriedade. A mansão era sombria e sedutora, envolta por jardins perfeitamente podados e câmeras que giravam discretamente. Ao entrar, foi conduzido até um salão amplo, com lareira acesa e um perfume amadeirado no ar.
E então ele apareceu.
Erik Moreau.
O homem era uma visão. Alto, ombros largos, barba cerrada, olhos acinzentados que pareciam ler a alma de Rodrigo com um simples olhar. Ele vestia uma camisa preta semiaberta, mostrando parte do peito marcado por cicatrizes — e poder.
— Rodrigo Villar... — sua voz era grave, firme, e soava como um aviso. — Finalmente nos encontramos.
Rodrigo o encarou com um leve sorriso irônico.
— Finalmente conheço o homem que pode ou não ter matado meu pai.
Erik deu uma risada seca. Caminhou devagar até um bar lateral, pegou um copo de cristal e serviu whisky para os dois.
— Se eu tivesse matado seu pai, você estaria morto antes mesmo de sair do Brasil. — Estendeu o copo. — Mas gostei da ousadia.
Rodrigo aceitou a bebida, seus dedos roçando os de Erik por um segundo longo demais. O olhar dos dois travou. O ar ficou mais denso. A tensão entre eles não era só política... era física. Quente.
— O que você sabe sobre a morte dele? — Rodrigo perguntou, firme.
— Sei que ele estava envolvido com gente perigosa. Gente que não perdoa traições. — Erik se aproximou mais, os olhos fixos nos lábios de Rodrigo. — E sei que, se você não for cuidadoso, vai terminar do mesmo jeito.
Rodrigo deu um passo à frente, enfrentando o olhar gelado de Erik com o próprio fogo nos olhos.
— Eu sei me cuidar, Moreau. Não sou um menino assustado. E você também não parece ser o tipo que se assusta fácil.
Um sorriso perigoso surgiu nos lábios de Erik.
— Não, eu não me assusto. Mas... confesso que gosto de quem provoca.
A tensão entre os dois era quase insuportável. Rodrigo sentia seu corpo inteiro reagir à presença daquele homem. E pela forma como Erik o encarava, ele sabia que o sentimento era mútuo.
Erik se aproximou mais, colando seus corpos, a respiração quente roçando a pele de Rodrigo.
— Se vai ficar em Kavros, vai ter que jogar com minhas regras. E nesse jogo... eu sempre fico por cima.
Rodrigo riu, um som baixo, provocante.
— Veremos.
O toque foi inevitável. O primeiro beijo foi bruto, intenso, cheio de domínio e desafio. A explosão de desejo que invadiu os dois era selvagem — proibida. Eles não se conheciam, mas seus corpos pareciam falar uma língua antiga. Uma língua de fome.
Mas no mundo de Erik, nada era simples. E naquela mesma noite, Rodrigo descobriria o preço de brincar com fogo.
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Atualizado até capítulo 36
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