Amy retornou para casa com os pés tocando o chão, mas a alma completamente nas nuvens. O reencontro com Lucca no jardim da Villa tinha sido tudo o que ela esperava — e ainda mais. O beijo, o toque, as palavras. Ela sentia como se tivesse voltado a respirar de verdade. A brisa noturna da Toscana a acompanhava enquanto atravessava o portão da casa da família Paradise.
Ao abrir a porta, foi recebida pelo som da televisão baixa na sala. Elisa, sua madrasta — mas sempre mãe de coração — estava sentada com uma taça de vinho tinto nas mãos. Ao lado dela, deitada no tapete com fones de ouvido e rindo de um vídeo no celular, estava Maya, a irmã mais nova de Amy. Aos dezoito anos, Maya era bela, sarcástica e absolutamente descrente do amor romântico que a irmã carregava como chama viva no peito.
— Olha só quem voltou com olhos brilhando e sorriso de princesa da Disney — Maya zombou, tirando um dos fones e levantando uma sobrancelha. — Não me diga que você realmente acreditou que o Lucca ficou dois anos... intacto?
Amy parou no meio da sala, ainda com o sorriso nos lábios, mas agora com o olhar firme.
— Maya, por favor...
— Sério, Amy. Dois anos? Em cinco países diferentes? Herdeiro da Calloni? E você acha que ele ficou rezando o terço, te esperando com castidade?
Amy se aproximou, irritada.
— Nós fizemos uma promessa, Maya. Uma promessa verdadeira. Ele me respeita. Nós dois prometemos que só nos entregaríamos um ao outro depois do casamento. Lucca é um homem de palavra.
— Um homem de palavra? Ele é um homem, ponto. E homem é tudo igual.
Antes que a discussão pudesse escalar, Elisa se levantou, pousando a taça na mesa.
— Maya, basta. Deixe sua irmã em paz. Você deveria estar se concentrando no vestibular ao invés de azedar a felicidade dos outros.
Maya bufou, cruzou os braços e se levantou.
— Claro. Porque o mundo gira em torno do conto de fadas da Amy.
— Maya...
— Boa noite. Vou estudar. Já que ninguém aqui se importa com o meu futuro.
Pisando duro, Maya saiu da sala e subiu as escadas, batendo a porta do quarto logo depois. O silêncio se instalou por alguns segundos, até que Elisa se aproximou de Amy e a abraçou com carinho.
— Ignore a Maya. Ela só está perdida, mas vai encontrar o caminho dela. Eu estou tão feliz por você, minha flor. Lucca sempre foi seu porto. E agora ele está de volta.
Amy sorriu, emocionada, e descansou a cabeça no ombro da mãe.
— Ele me disse que ainda quer cumprir aquela promessa. E eu... eu nunca deixei de acreditar.
O som da porta se abrindo interrompeu a conversa. James entrou na sala com o cenho franzido, o paletó desabotoado e uma pasta de documentos debaixo do braço. Atrás dele, o filho mais velho, Bernardo, com seus vinte e dois anos e o ar sério de quem já carregava o peso da responsabilidade sobre os ombros. Ele estava em preparação para assumir a presidência da Ferrari ao lado do pai e já era o vice-presidente em atuação.
Os olhos de Amy brilharam ainda mais.
— Papai! Bernardo! — correu até os dois, abraçando primeiro o pai e depois o irmão, depositando um beijo carinhoso no rosto de cada um. — Estou tão feliz!
James olhou para ela com desconfiança, enquanto Bernardo a observava com um leve sorriso.
— Já sei. O Lucca voltou — disse James, seco.
— Pois é, papai. E sabe... talvez a gente possa começar a pensar em dar um próximo passo.
James bufou, tirando os óculos e os colocando sobre a mesa.
— Ricardo ainda está preparando ele pra assumir o cargo. Ele vai se tornar o novo Dom. Minha filha, você tem certeza que quer se tornar a dama da máfia? Nós ajudamos quando a LME precisa. Mas isso é diferente. Isso é entrar pra valer.
Amy respirou fundo, levantando o queixo com firmeza.
— Eu vou aonde o Lucca estiver. O amor que temos... é mais forte do que qualquer limite. Eu sei quem ele é. E ele sabe quem eu sou. Confio nele de olhos fechados.
James virou-se para Elisa, quase suplicando.
— Você está ouvindo isso? Vê o que aquele moleque fez? Eu devia ter capado esse menino quando ele ainda era jovem.
Elisa colocou a mão sobre o ombro do marido, tentando conter o riso diante do drama de James.
— Deixa ela, meu amor. Nossa filha tem que ser feliz. Desde criança ela é apaixonada pelo Lucca. É amor mesmo. Puro. Raro.
Bernardo, sempre calado e observador, finalmente se manifestou:
— Se ela confia nele, pai, talvez a gente deva confiar também. O Lucca tem se mostrado digno. Ele foi o único que resistiu às pressões, mesmo viajando. Nunca quis se afastar de Amy. Ao contrário... ele lutou por ela.
James resmungou algo ininteligível e passou a mão no cabelo, andando pela sala.
— Não é uma questão de gostar ou não. É política, é poder, é máfia, é risco. Eu queria outra vida pra ela.
— Mas é a vida que eu escolhi — disse Amy. — Eu não escolhi o poder, pai. Eu escolhi o amor.
O silêncio se instalou novamente. Elisa limpou uma lágrima no canto do olho e se sentou no sofá.
— Querem chá? Vai demorar muito pra essa conversa acabar.
James ergueu uma sobrancelha.
— Quero conhaque.
Amy sorriu, puxando Bernardo para sentar ao seu lado.
— Não se preocupem. Lucca e eu não vamos fazer nada com pressa. Mas o amor que a gente sente... é real. E eu não vou mais fingir que não é.
Bernardo apertou a mão da irmã.
— Estaremos com você. Sempre.
Amy olhou para a flor seca ainda em suas mãos. A primeira promessa. Agora, cercada pela família, sentia que o novo capítulo já havia começado. E não importava o que viesse pela frente — ela enfrentaria tudo. Por amor.
E, talvez em breve, outra flor seria adicionada à sua coleção. Não uma flor seca, mas uma nova. Viva. Com raízes. Com futuro.
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Atualizado até capítulo 27
Comments
Erika Paixão
que Maya não atrapalhe com a margura dela...que eles vivem esse amor 💘 que desde de criança começou enraizada...
2025-07-02
3
Flávia Anjos
que o novo casal dê certo e que tenha os dramas da família castelazo kkk
2025-07-02
1
Abreu Ana
Maya e amargurada, mas como Bernardo mais velho se ele tinha só a Amy
2025-07-07
0