Marcada Pelo Mafioso (Laços de Dívida)
• Capítulo 4 — O Chefe •
O carro preto corta as ruas escuras de Seul.
Mia, encolhida no banco de trás, sente o estômago revirar a cada semáforo.
O homem do sobretudo segue calado ao lado dela.
A cidade brilha indiferente do outro lado da janela.
Ninguém ali fora sabe que sua vida mudou para sempre.
Mia Bennett
Quanto tempo ainda falta?
Para onde estamos indo?
Capanga
Não pergunte nada.
Apenas sente-se quieta.
Mia Bennett
Eu não fiz nada.
Não tenho nada a ver com as dívidas do meu pai.
Capanga
Não importa.
Você é o pagamento.
Entenda isso e vai sofrer menos.
Mia aperta as mãos no colo, lutando para não chorar.
O carro entra em um bairro luxuoso, muito diferente da vizinhança pobre de onde ela veio.
Os portões de uma mansão se abrem devagar, quase solenes.
Lá dentro, luzes acesas, vigilância pesada, tudo parece frio e hostil.
Mia obedece, pernas tremendo.
O ar parece mais denso ali.
Dois outros seguranças a guiam por um corredor de mármore, sem dizer palavra.
No caminho, cruzam com empregados que desviam o olhar.
Tudo é silêncio — exceto o som distante de uma música clássica vinda do salão principal.
Ele aponta para uma porta alta, de madeira escura.
Mia encosta-se à parede, tentando controlar a respiração.
O tempo parece esticar.
Finalmente, a porta se abre.
Um homem alto, cabelos escuros, olhos frios e elegantes, veste um terno impecável.
A presença dele é opressora. Sebastian Carter.
Sebastian Carter
Finalmente. A filha do devedor.
Mia Bennett
Meu nome é Mia.
Eu não tenho culpa do que meu pai fez.
Sebastian Carter
Não quero saber seu nome, nem suas desculpas.
Você é só um contrato, entende isso?
Mia Bennett
Eu não sou coisa de ninguém.
Sebastian Carter
Isso é o que todos dizem no começo.
Sente-se.
Mia não se mexe, apenas encara Sebastian.
Ele sorri de lado, como quem aprecia um desafio inútil.
Sebastian Carter
Vai me desafiar?
Acha que pode escolher?
Mia Bennett
Eu não pedi para estar aqui.
Sebastian Carter
Ninguém pede.
Mas todos cumprem.
E se não cumprem... bom, você não vai querer descobrir.
Mia Bennett
O que vai fazer comigo?
Sebastian Carter
Isso depende só de mim.
Mas hoje, não quero escândalo.
Você vai para o seu quarto, vai tomar um banho e amanhã conversamos.
Não tente fugir.
A casa é vigiada.
E, se tentar... digamos que seus irmãos vão pagar o preço.
Mia treme, mas tenta manter a postura.
Sebastian chama uma mulher, de aparência severa.
Claire, a governanta, surge ao lado de Mia.
Claire (governanta)
Senhor Carter.
Sebastian Carter
Leve a garota para o quarto do lado leste.
Trate-a como qualquer outra... aquisição
Claire (governanta)
Sim, senhor.
Sebastian Carter
E, Mia... Bem-vinda ao seu novo lar.
Espero que seja menos problemática que seu pai.
Claire segura suavemente o braço de Mia, guiando-a pelo corredor.
Passam por retratos antigos, portas fechadas, janelas que mostram apenas a noite.
Mia tenta absorver tudo, mas se sente fora do próprio corpo.
Mia Bennett
Por favor, senhora... Claire, é isso?
Me ajude a sair daqui.
Não quero ficar.
Claire (governanta)
Não há saída, querida.
O melhor é obedecer.
É difícil no começo, mas depois você aprende.
Mia Bennett
Ele vai fazer o quê comigo?
Ele já fez isso com outras pessoas?
Claire (governanta)
Mais do que você imagina.
Ele gosta de sentir que tem controle.
Não tente desafiar. Só vai piorar.
Mia Bennett
Eu não vou ser mais uma coisa dele.
Claire (governanta)
Só sobreviva, Mia.
E proteja sua mente.
Ninguém mais vai fazer isso por você aqui dentro.
Claire abre a porta de um quarto espaçoso.
Há uma cama de casal, armário, banheiro privativo e uma janela trancada por grades.
Claire (governanta)
Banho, roupa limpa.
Amanhã cedo venha para o salão principal.
Não faça perguntas, não tente sair. Eles vão estar de olho.
Eu trouxe comida.
Está na bandeja.
Mia Bennett
Eu não vou conseguir comer.
Claire (governanta)
Você precisa ser forte.
Não deixe que ele veja fraqueza. Senão, ele pisa mais.
Claire se afasta. Mia, sozinha, olha ao redor.
Ouve a porta ser trancada.
Desaba na cama, abraçando o travesseiro.
O choro finalmente vem, abafado pelo silêncio da mansão.
Lá fora, a tempestade cai mais forte.
Mia Bennett
(sussurrando) Eu prometi que ia voltar, Caleb... Ellie... Noah... Me perdoem.
No escritório, Sebastian observa a noite pela janela.
Um dos seguranças entra.
Mason (Chefe dos seguranças)
Está feito, senhor.
A garota está instalada.
Sebastian Carter
Ótimo.
Amanhã quero ver até onde ela aguenta antes de quebrar.
Mason (Chefe dos seguranças)
Algum recado para a equipe?
Sebastian Carter
Se ela fugir, tragam de volta.
Inteira.
Mason (Chefe dos seguranças)
Entendido.
Na mansão, o relógio marca quase duas da manhã.
Mia não dorme, apenas espera o sol nascer, temendo o próximo dia.
Na casa vizinha, as luzes se apagam, indiferentes ao novo horror instalado naquela família.
Claire Foster, 38 anos.
A governanta da mansão Carter. Séria, discreta e observadora, tem olhar materno e sorriso raro. É quem cuida dos detalhes, protege as meninas e conhece todos os segredos da casa — até os que nunca ousa contar.
Mason Reed, 40 anos.
Braço direito de Sebastian Carter, chefe da segurança. Reservado, rígido e leal, sempre atento ao menor sinal de ameaça. Pouco fala sobre o passado, mas todos sabem: nada escapa aos seus olhos — nem as dores, nem as rebeliões silenciosas.
Comments