A Wolf das Chamas 2
Capítulo Um – Rebeldia.
Ecos de gritos reverberavam pelos corredores do antigo castelo branco. O sol sequer ousava se impor entre as sombras densas da floresta de Rize e na cozinha da alcateia principal, duas figuras se enfrentavam com uma fúria contida – mãe e filha, tão iguais em espírito quanto diferentes em postura.
— Eu já disse que não vou ficar mais aqui! Eu odeio este lugar, mãe! — bradou Analice, com os olhos em chamas e os punhos cerrados sobre a borda da mesa redonda.
Anastácia, a matriarca da casa, mantinha-se em movimento, contornando a mesa como uma predadora à espreita de sua presa. Os cabelos prateados dançavam com o ritmo dos passos firmes e a sua presença era como uma tempestade prestes a explodir.
— Você não decide isso, mocinha! Sabe o quanto eu sofri neste lugar? E nem por isso saí por aí me queixando como uma criança mimada. Eu te dei demais e veja no que se tornou. — vociferou, com a voz fria e cortante.
Analice correu, tentando evitar o toque da mãe, enquanto esta levantava a mão, pronta para lançar um feitiço de contenção.
— Venha aqui agora! — ameaçou Anastácia, com o olhar de uma deusa em fúria.
— Não! — respondeu a jovem, o medo evidente em sua expressão, já prevendo o que aconteceria caso o pai aparecesse.
E como se o destino tivesse sido invocado...
— O que está acontecendo aqui? — perguntou Kaleu, surgindo à porta como um general em meio ao campo de batalha.
Anastácia sequer desviou o olhar da filha:
— Você. Fique aí mesmo! Se tentar intervir, não responderei por mim.
— Papai! — clamou Analice, em busca da única figura que ainda podia salvá-la.
Mas Kaleu apenas suspirou, derrotado:
— Sinto muito, filha... A sua mãe é perigosa demais para mim.
E recuou discretamente, sumindo no corredor.
— Papai, seu covarde! — gritou Analice, poucos segundos antes de ser capturada.
Com um estalo de dedos, Anastácia a paralisou no ato. Sem controle pleno de seus poderes, Analice sucumbiu facilmente à magia ancestral da mãe.
— Agora me diga, mocinha... O que exatamente pretendia fazer com o meu medalhão? — perguntou Anastácia com uma calma assustadora, os olhos cravados nos da filha.
Vendo-se encurralada, Analice bufou e falou com a franqueza de quem já não tinha mais para onde correr:
— Eu queria atravessar a barreira sem passar pelo pedágio. Só isso!
Anastácia cruzou os braços, desapontada.
— Roubando artefatos da própria mãe... Que belo exemplo de princesa... E o que mais, Analice? Vai me dizer que foi ideia dos seus irmãos também?
— Não! Eu descobri o cofre sozinha!
— E onde está o medalhão? — perguntou com um tom mais baixo e perigoso.
Analice hesitou por um segundo.
— Mãe, por favor... Eu só queria conhecer o mundo humano. Nunca fui lá! Queria apenas ver se era melhor que essa prisão...
Anastácia cerrou os olhos e a decepção dançou em suas pupilas douradas.
— Nem comece com essa carinha. Pode até funcionar com o seu pai, mas comigo, não. Suba, pegue o medalhão e traga para mim. Ou seu castigo será digno das eras antigas.
Sem outra escolha, a filha obedeceu em silêncio.
[...]
Sobre Kaleu e Anastácia:
Ambos renasceram das cinzas de uma história marcada por guerras e maldições. Anastácia, marcada pelo sofrimento desde a infância, reencontrou-se com o seu destino ao lado de Kaleu — o alfa que, antes corrompido por um feitiço, redescobriu o amor e a honra quando finalmente quebrou as correntes da escuridão.
Anastácia é filha da deusa Selene com o deus Hades, já Kaleu, é filho de Afrodite e Hefesto — almas eternas que reencarnaram para escrever um novo legado. Anastácia, a loba que um dia fora dragão! Kaleu, o alfa que ascendeu ao poder. Juntos, agora protegiam os seus filhos sob a luz e as sombras da alcateia Rize.
\_Analice\_
Desde que nasci, a minha vida tem sido definida por títulos e expectativas. Princesa da alcateia Rize... Filha dos lendários! Aclamada por todos, desejada por muitos e no entanto, nada disso importa quando tudo o que você deseja é ser livre.
Meu nome é Analice e eu tenho 18 anos. Cabelos tão brancos quanto a neve, uma linhagem poderosa, mas uma alma inquieta...
Eles dizem que sou a mais linda, a mais poderosa, a herdeira digna de minha mãe, mas ninguém vê o fardo.
As garotas me odeiam por simplesmente existir já os rapazes me enxergam como um atalho ao poder. Meu irmão gêmeo Kastiel, o meu único porto seguro, é quem me protege desses abutres — embora ele mesmo seja alvo de uma verdadeira tempestade hormonal feminina.
Aos dezesseis, completei a minha transformação e foi simplesmente espetacular, muitos aclamaram a minha loba, já outros ficaram com uma nítida inveja e desconforto... Como toda loba, era o momento de encontrar o meu companheiro, mas nenhum vínculo se formou! Para o meu total alívio.
Não desejo seguir o caminho que esperam de mim. Quero descobrir o que há além das muralhas, além da barreira! O mundo humano me chama... Desejo viver entre os que não conhecem a minha linhagem, entre os que não esperam nada de mim.
Stella – minha prima, é a lealdade Silenciosa com um toque irritante de sinceridade.
— Você precisa ouvir mais a sua mãe. — disse Stella, a minha prima, enquanto caminhávamos rumo à escola Clarke — um verdadeiro zoológico disfarçado.
— Preferia estar na parede, como você diz. — resmunguei, odiando cada segundo naquele lugar.
— Promete que não vai tentar mais nada maluco? — perguntou, esperançosa.
Respondi com um sorriso travesso, e o silêncio falou por mim.
Assim que cheguei ao colégio, uma avalanche de garotas me cercou, como hienas sedentas por uma migalha do meu irmão. Revirei os olhos, buscando Stella, que rapidamente correu para chamar Kastiel — meu salvador recorrente.
— Por favor, princesa, só entregue o meu número a ele!
— Diga que aceito passar a bruma com ele!
Tais barbaridades eram ditas sem pudor, enquanto eu tentava escapar daquele inferno aromático.
— Meninas, por favor... Eu preciso ir para a aula! — pedi.
E foi então que Kastiel, com a sua típica bravura teatral, surgiu:
— Vão sufocar a minha irmã! Querem ser banidas por matarem a princesa?!
Funcionou. Elas recuaram, mas foi a vez dele de correr — com uma multidão atrás.
— Você nem ajudou o seu irmão... — comentou Stella, entre risos.
— Eu mal conseguia me ajudar! — retruquei arrumando a roupa.
Fomos até a sala e lá... era o verdadeiro inferno.
Entramos na sala e bastou um passo para o veneno começar a pingar.
— Ora, ora... se não é a princesinha do castelo de gelo. — zombou Savannah, recostada em sua carteira como uma cobra preguiçosa ao sol.
Fingi que não ouvi, mas ela insistiu.
— Chegando atrasada... Aposto que estava muito ocupada admirando o próprio reflexo no espelho. Ou será que fugiu de novo atrás de atenção?
Olhei de canto, mas ela continuou:
— Você sabe que ninguém aqui te respeita de verdade, não sabe? Todo mundo só te atura porque tem medo da sua mamãezinha e do seu nome, mas você? Você não é nada além de um título vazio.
Os risos disfarçados que ecoaram pelas fileiras de carteiras foram como facas afiadas. Vi rostos virando-se em expectativa, esperando a minha resposta — ou a minha humilhação.
Apertei os dentes. Se ela queria sangue, é sangue que ela vai ter...
— Você terminou? — perguntei, encarando-a com frieza.
— Nem comecei. — respondeu com um sorriso torto. — Afinal, estou curiosa... Deve ser difícil ser tão adorada e tão... inútil ao mesmo tempo. Você tem poder, Analice, mas não tem pulso, nem coragem e se acha que alguém aqui teme você, está mais iludida do que aparenta.
Silêncio...
Eu me aproximei lentamente, cada passo reverberando no chão de mármore. Savannah manteve o sorriso, até que parei diante dela com um olhar calculista...
— Você fala demais, Savannah. — a minha voz saiu baixa, mas carregada de promessas futuramente cumpridas. — E se há algo que herdei da minha mãe, além do poder, é o hábito de não tolerar impertinência... nem insolência barata. — completei tocando numa mecha do seu cabelo com uma ameaça velada.
Ela se levantou, desafiadora, mas antes que pudesse abrir a boca, ergui a minha mão. Um círculo de energia começou a se formar no ar, dançando em espirais pálidas e prateadas ao redor de mim...
— Não estou aqui para brincar de realeza. Estou aqui porque permiti estar e se quiser provar o contrário... venha. — a minha aura se expandiu, pressionando o ambiente, fazendo o chão vibrar levemente.
Savannah cambaleou um passo para trás, pálida. A sua sombra tremeu antes dela...
— Achei que fosse corajosa... — provoquei, com um sussurro gélido.
— Isso é abuso de poder. — sibilou ela, com a voz falha...
— Não. Isso é a hierarquia se impondo! — declarei, desfazendo o círculo de magia com um estalar de dedos...
O silêncio reinou e o respeito, ainda que forçado, voltou a pairar no ar como uma névoa espessa. Savannah se encolheu finalmente entendendo mesmo que momentâneamente a sua própria insignificância.
Eu caminhei até a minha carteira, sentando-me como se nada tivesse acontecido. Porque, para mim, aquilo não era nada! Era só o início do caos que eu pretendia fazer com ela se me provocasse novamente...
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Essa está sendo mais uma trajetória minha aqui nessa plataforma, gostaria que vocês comentassem bastante e curtissem para me ajudar nessa nova jornada🩵✨
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Continua...
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Erica Conceição Silva
linda d más autora parabéns por más uma criação esperando com paciência pra não sufocar a autora os próximos capítulos.
2025-06-26
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Ana Regina Fernandes Raposo
AUTORA ESTOU COMO SEMPRE QUERENDO MAIS, VC PODERIA CONTINUAR. AQUARDANDO POR FAVOR .
2025-06-28
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Lady Wolf
parabéns, excelente estava ansiosa para a continuação.👏
2025-06-26
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