Alfred Colcci caiu de joelhos no meio da sala, as mãos tremendo enquanto segurava o celular que acabara de desligar. As lágrimas escorreram sem controle, lavando o rosto envelhecido e marcado pelo rancor dos últimos anos. O peso da notícia o esmagava por dentro, como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões. Mesmo com todas as brigas, todas as palavras duras e as mágoas acumuladas, William ainda era seu filho… seu menino… a última coisa de bom que um dia ele teve na vida, por mais distorcido que tudo tivesse se tornado entre eles. Alfred gritou, um som rouco, doloroso, rasgando sua garganta, ecoando pela casa vazia como um lamento desesperado. Bateu com os punhos no chão, amaldiçoando o destino, amaldiçoando a si mesmo… e no fundo, implorando por uma chance que nunca mais viria de dizer o quanto ainda o amava.Entre os soluços, Alfred fechou os olhos com força e a lembrança veio como uma lâmina cortando fundo: a noite em que, cego pelo ódio, ele próprio tinha arquitetado o incêndio na casa de Dimitri Brownson. O cheiro de gasolina, o estalar das chamas, a risada amarga que ele soltou enquanto observava o fogo consumir tudo, achando que estava punindo o inimigo… e agora, ali, ajoelhado no chão frio da sua própria sala, Alfred sentia o gosto amargo da derrota. Não foi Dimitri quem perdeu… não foi o inimigo que ficou de luto… Quem pagou o preço foi ele… o próprio Alfred… com a vida do único filho que, apesar de tudo, ele ainda amava mais do que podia admitir. O vazio que William deixou parecia um buraco negro, sugando tudo ao redor… e Alfred, com os punhos sangrando de tanto bater no chão, percebeu tarde demais que nenhuma vingança vale o preço de um filho morto.
Ofegante, com o rosto banhado em lágrimas e suor, Alfred cravou as unhas nas próprias coxas, sentindo a carne rasgar sob seus dedos, mas a dor física era mínima comparada ao dilaceramento que consumia sua alma. Um sussurro rouco escapou por entre seus dentes cerrados, se transformando em uma promessa maldita: ele jurava, por tudo que lhe restava, que faria Sally pagar… que veria o brilho dos olhos dela se apagar na hora da morte, que esmagaria cada pedaço da vida que ela conhecia, até que ela implorasse para morrer. Nicholas também… aquele maldito… aquele rato miserável… Ele destruiria cada laço, cada esperança, cada sorriso que aquele bastardo tivesse… nem que levasse anos, nem que precisasse vender o resto da alma que tinha… nem que morresse tentando. William não seria enterrado sem justiça… e a justiça, nos olhos de Alfred Colcci, era sangue… muito sangue. Ele respirou fundo, fechando os olhos, e ali mesmo, ajoelhado no chão, jurou em silêncio: não haveria perdão.
Alfred arfava, o peito subindo e descendo num ritmo descompassado, como se o próprio ar fosse veneno. No meio daquele turbilhão de dor, uma verdade amarga se impôs em sua mente: o único que ele ainda amava… o único que ainda estava vivo… era Domínik. Mas era justamente esse o castigo mais cruel. Domínik o odiava. O desprezava com uma intensidade que queimava mais do que qualquer fogo que Alfred já tivesse ateado na vida. E para piorar… tinha sido o próprio Domínik quem puxou o gatilho, quem matou William… seu menino… seu sangue… por culpa daquela vadia miserável da Sally! Aquela desgraçada… que nunca soube o lugar dela… que passou a vida tentando roubar Domínik dele… como se fosse possível! Como se algum dia ela fosse merecer um olhar, um gesto, um toque de Domínik… E Nicholas… Alfred cerrou os dentes ao pensar no outro filho… um erro de percurso… uma vergonha que carregava o sobrenome Colcci mas que não passava de uma praga rastejante. Nicholas e aquela maldita… e tantos outros… todos com o mesmo objetivo nojento: se enroscar no caminho, disputar com ele… como se pudessem ter um pedaço de Domínik. Como se pudessem deitar na cama dele, tocar no que era só seu… Alfred sentiu a bile subir, misturada ao ódio, misturada ao luto… e, com o olhar vazio, traçou a única certeza que lhe restava: ele destruiria todos eles… um por um.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Jeon Jungkook
lunático
2025-07-01
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