Os corredores do hotel onde Isadora trabalhava eram um universo paralelo. Tapetes felpudos e silenciosos abafavam os passos, lustres cintilavam em reflexos dourados, e cada detalhe da decoração parecia falar de poder, riqueza e sofisticação. Para ela, cada quarto era um mundo que não lhe pertencia. Arrumava camas de lençóis macios como nuvem, polia móveis de madeira cara, perfumava o ar com essências que jamais poderia comprar.
No início, ainda se surpreendia. Tocava discretamente os tecidos caros, observava fascinada os frascos de perfumes esquecidos nos banheiros, lia os nomes de marcas que só conhecia de ouvir falar. Mas com o tempo, acostumou-se. Criou um distanciamento necessário, como se aquela vida luxuosa fosse parte de um teatro ao qual assistia nos bastidores.
Seu uniforme simples, os sapatos confortáveis e o carrinho de limpeza eram como uma armadura: a lembravam de que estava ali para servir, não para sonhar. Era camareira, invisível para a maioria. E ela preferia assim. Quanto menos olhares sobre si, menos lembranças da diferença entre sua realidade e a dos hóspedes.
Ainda assim, às vezes, era impossível não sentir. Via casais elegantes sorrindo em jantares no restaurante do hotel, enquanto ela carregava bandejas para recolher. Via executivos falando alto sobre contratos, segurando celulares de última geração, enquanto ela escondia o próprio aparelho simples no bolso. Via mulheres com joias brilhando sob as luzes, enquanto ela escondia o rosto cansado atrás de um coque apressado.
Isadora era jovem, apenas vinte anos, mas os sacrifícios a haviam feito amadurecer rápido demais. Entre um quarto e outro, pensava no pai. Edward Walsh, com seus quarenta e quatro anos, permanecia sob tratamento. Ele não era apenas o motivo de sua renúncia, mas também a razão de continuar. Cuidar dele não era peso — era amor. E era esse amor que a mantinha firme, mesmo quando a exaustão queimava nos músculos.
Naquela manhã, o hotel estava especialmente agitado. Havia rumores de que um hóspede de altíssimo nível chegaria: um magnata grego, homem de negócios, envolvido em contratos internacionais. Os gerentes estavam em alerta, o staff em treinamento redobrado. A ordem era clara: nada poderia dar errado.
Isadora ouviu os cochichos no vestiário das funcionárias, mas manteve-se em silêncio. Para ela, não importava se o hóspede era um empresário qualquer ou um rei. O trabalho continuava o mesmo: lençóis limpos, banheiros impecáveis, discrição absoluta.
Mas o destino tinha outros planos.
Por volta do meio-dia, quando empurrava o carrinho pelo corredor do sétimo andar, ouviu passos firmes se aproximando. O som de sapatos caros ecoava como um compasso, acompanhado de vozes em outro idioma. O coração dela acelerou sem motivo aparente. Virou a cabeça e o viu.
Ele.
Stephanos Theodorakis Vasilis.
O homem que, sem saber, mudaria sua vida para sempre.
Alto, de postura impecável, ombros largos e porte de quem nascera para liderar, atravessava o corredor acompanhado de dois seguranças discretos. O terno escuro caía sobre o corpo como se tivesse sido moldado nele. O rosto, marcado por linhas de determinação, exalava uma imponência que parecia afastar qualquer ousadia.
Isadora congelou. Por um instante, esqueceu como respirar.
Os olhos dele, profundos e azuis como o mar em dia de tempestade, encontraram os dela em cheio. Não foi um olhar distraído, não foi acaso: foi direto, intenso, como se, em meio ao luxo e ao poder que o cercava, tivesse se detido na figura simples daquela camareira de uniforme.
Ela abaixou o rosto imediatamente, corando até as orelhas. Apertou o cabo do carrinho de limpeza, tentando fingir naturalidade. Mas sabia, pelo calor em sua pele, que havia sido notada.
Stephanos, por sua vez, desacelerou os passos por uma fração de segundo. O que havia nela? Não era apenas a beleza óbvia — cabelos loiros que brilhavam sob a luz do corredor, olhos verdes que, mesmo tímidos, tinham intensidade rara. Era algo além, um mistério, uma força silenciosa que despertava nele uma curiosidade incomum.
Enquanto seguia adiante, em conversa baixa com um dos homens ao lado, sua mente não se afastava daquela visão. Não era comum que algo o desestabilizasse. Ele, acostumado a salões de luxo, a mulheres que buscavam nele status e poder, raramente se detinha em alguém fora desse círculo. Mas aquela jovem camareira lhe chamou atenção de um modo inesperado.
Isadora, ainda parada no corredor, respirou fundo. O coração parecia querer saltar do peito. Sentiu-se tola por ter reagido assim. Para ele, devia ter sido apenas um olhar casual. “Apenas mais um hóspede”, repetiu para si mesma. Mas no fundo, uma parte dela sabia que não era apenas isso.
Naquela noite, enquanto guardava o uniforme e trocava-se no vestiário, os cochichos das colegas confirmaram:
— É ele, Stephanos Vasilis. O grego poderoso que todos comentam. Dizem que é um dos homens mais influentes da Europa.
Isadora apenas sorriu de canto, fingindo desinteresse. Mas dentro dela, o nome ecoava como uma melodia estranha e irresistível: Stephanos Theodorakis Vasilis.
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Atualizado até capítulo 125
Comments
Anita Siilva
tomara que ele se,honesto com ela /Drowsy//Panic//Panic//Panic//Panic//Panic//Panic//Panic/
2025-07-22
0
Anita Siilva
ummm. espero que ele não. faça ela sofrer /Hey//Panic//Panic//Panic//Panic//Panic//Panic/
2025-07-22
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Rosaura Schmidt
ela é uma faxineira e sabe o seu lugar acho que ele está gostando dela🤩
2025-08-09
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