A floresta parecia respirar ao redor deles.
As árvores apodrecidas rangiam com uma melodia mórbida, e do nevoeiro rastejante emergiam silhuetas distorcidas. Seis, sete, doze criaturas — todas humanoides, mas feitas de pura sombra, com bocas costuradas e olhos brancos que brilhavam como faróis do abismo.
Irien segurava sua lâmina instável — a “Espada da Memória”, que tremia em sua mão como se reconhecesse o cheiro da morte.
Reigorr estalou os dedos. Chamas negras subiram de seus pés até os ombros, cobrindo-o como uma armadura viva. Suas asas demoníacas se ergueram lentamente, marcadas por cicatrizes e runas de pactos antigos.
Reigorr
— Essas coisas… são invocações de Vel’Thor, o Traidor — rosnou Reigorr. — Espíritos ceifados do Círculo de Névoa. São velozes. Famintos. E não sentem dor.
Irien engoliu em seco. Uma das criaturas avançou num piscar de olhos, rasgando o chão como uma lâmina viva.
THUMMM!
Instinto.
A espada de Irien se moveu sozinha, desviando por pouco e abrindo uma fenda no peito do monstro. Mas, ao invés de sangue, a criatura explodiu em fumaça negra — e uma nova cabeça surgiu no lugar da antiga.
Iren
— Ótimo — murmurou Irien, recuando. — Eles regeneram.
Reigorr deu um passo à frente. Seus olhos brilharam em rubi puro.
Reigorr
— Então destrua a alma.
Com um rugido gutural, Reigorr se lançou para o céu. Ele rodopiou em queda, abrindo suas asas e invocando um enorme machado de obsidiana. Ao aterrissar, esmagou três criaturas de uma vez, espalhando um círculo de fogo púrpura em torno de si.
(Assas de reigorr)
Reigorr
— Pacto Infernal: Garras de Baelgor! — bradou ele.
Tentáculos de chamas demoníacas se ergueram do chão e agarraram duas criaturas, queimando seus corpos de dentro pra fora, transformando-as em pó espectral.
Irien observou aquilo em choque, mas seu coração batia mais rápido. A espada em sua mão latejava. Memórias vinham em lampejos:
Um campo de treinamento.
Um velho mestre.
“O fluxo da espada não é o braço… é a alma. Sinta-a. Não controle.”
Uma jovem com cabelo prateado rindo: "Você sempre tenta fazer força. Idiota. É leveza que vence uma lâmina de verdade."
Iren
— Certo… vamos tentar — murmurou ele.
Irien fechou os olhos.
A lâmina brilhou de vermelho profundo, e então se partiu… em nove pequenos fragmentos flutuantes que giravam em torno dele como satélites de energia cortante.
Iren
— Técnica da Lâmina Fragmentada: Dança das Nove Memórias.
Com um movimento fluido, Irien correu em direção a três criaturas. Ao saltar, os fragmentos cortaram o ar em sincronia, como flechas guiadas por sua vontade.
Os corpos espectrais foram rasgados — e, pela primeira vez, eles gritaram.
Os olhos costurados se abriram.
As sombras tentaram recuar… mas Irien não parou.
Em meio aos movimentos, as memórias começavam a voltar: ele era Kaien. Era o único que dominava a Dança dos Fragmentos. Era o herdeiro de uma técnica ancestral… esquecida pelo mundo.
Iren
— Vocês não vão me parar de novo. — murmurou.
Ele girou no ar e lançou todos os fragmentos para frente — cada um cravando no peito de uma criatura diferente. As almas se estilhaçaram em chamas prateadas.
Silêncio.
Os últimos espectros recuaram… mas Reigorr desceu como um cometa, esmagando o chão com seu machado.
Irien caiu de joelhos, arfando. Sangue escorria de seu nariz, e os fragmentos da espada se dissipavam no ar como poeira estelar.
Reigorr o observou em silêncio, depois se aproximou e estendeu a mão.
Reigorr
— Você ainda é fraco. Mas… está lembrando. Isso é b
Iren
— Eles vão mandar mais, não vão?
Reigorr
— Sim. Agora que você despertou… o traidor não vai parar.
Irien olhou para o céu acinzentado, onde a Lua Negra surgia lentamente no horizonte.
Iren
— Então que venham todos. Eu vou terminar o que comecei.
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