Ensaio para um Encontro
A brisa da tarde soprava suave, balançando os galhos das cerejeiras, e espalhando pétalas cor-de-rosa pelo pátio da escola Fujihara.
Yui Tanaka voltava para casa com o caderno apertado contra o peito e um novo sentimento crescendo dentro dela — algo entre curiosidade, nervosismo... e uma pontinha de empolgação.
Haruki tinha mesmo conversado com ela.
Rido das próprias histórias, contado segredos bobos e até perguntado sobre suas músicas favoritas. E, de alguma forma, tudo parecia natural, leve… diferente de tudo que Yui estava acostumada.
Sentada à escrivaninha, Yui rabiscava versos soltos no caderno. À sua frente, uma página nova começava a nascer:
> “Ele sorri sem jeito, tropeça nas palavras,
mas o som do riso dele preenche o silêncio que eu guardava.”
Ela colocou a caneta de lado, suspirando. De repente, seu celular vibrou.
📱 Nova mensagem – Mika Arai:
Mika Arai
> “Adivinha quem vai sair com Haruki sábado??? 👀👀👀”
Yui Tanaka
📱 Yui:
> “O QUÊ??? Quem?!”
Mika Arai
📱 Mika:
> “VOCÊ, SUA LESMA MUSICAL. VOCÊ MESMA.”
Yui Tanaka
📱 Yui:
> “ESPERA— EU NEM CONVIDEI ELE!”
Mika Arai
📱 Mika:
> “Não precisou. Eu fiz isso por você. 🫶”
Yui entrou na sala com o coração saindo pela boca. Procurou por Haruki… e ele estava lá. Sentado no fundo, com um sorriso torto no rosto, acenando pra ela com a mão.
Haruki Sakamoto
— Então... sábado?
Ele disse, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
Yui Tanaka
— Você vai mesmo...?
Yui perguntou, meio sem acreditar.
Haruki Sakamoto
— Claro. Mika me disse que você quer ir na cafeteria nova do bairro. Eu sou bom em experimentar doces!
Ela olhou de canto para Mika, que fazia sinal de positivo com as duas mãos. Estava claro: não tinha mais volta.
Sábado – Cafeteria “Bitter & Sweet”
Yui chegou dez minutos antes
Os cabelos estavam presos num coque meio torto, que ela arrumara e desarrumara mil vezes. E por mais que tentasse parecer calma... suas mãos suavam.
Quando Haruki chegou, ofegante, usando uma camisa preta com gola aberta e cabelo bagunçado como sempre, ele parecia exatamente igual aos dias normais — o que, de alguma forma, confortou Yui.
Haruki Sakamoto
— Me desculpa pela demora! Eu… tive uma luta épica com meu secador de cabelo.
Haruki Sakamoto
— O secador. Ele jogou vento quente nos meus olhos.
Sentados um de frente para o outro, o silêncio ameaçou cair entre eles por alguns segundos. Mas Haruki logo apontou para o cardápio:
Haruki Sakamoto
— Ok, você vai me julgar, mas eu vou pedir o bolo arco-íris.
Yui Tanaka
— Eu também ia pedir esse…
Eles dividiram o doce, riram do sorvete que derretia mais rápido do que conseguiam comer, e acabaram entrando num papo sobre músicas da infância.
Haruki Sakamoto
— A primeira música que ouvi e chorei foi “Twilight Harmony”, sabia?
Yui Tanaka
— Essa é a minha música favorita…
Haruki Sakamoto
— Sério? A letra dela me destruiu quando eu tinha nove anos.
Haruki Sakamoto
— Acho que gosto de músicas que... parecem bobas, mas batem fundo.
Ela o observou. Pela primeira vez, sem o filtro das fofocas ou da popularidade. Só ele. Bagunçado, sensível, bobo... e absurdamente real.
Estação de trem – Entardecer
Enquanto esperavam o trem, Yui puxou o caderno da mochila. Sem pensar, arrancou uma folha e entregou a ele.
Yui Tanaka
— É só um rascunho… Mas é a primeira música que escrevi depois que te conheci.
Haruki pegou o papel, surpreso, e leu em silêncio.
> “Se o acaso desafinou os compassos,
foi só pra gente cantar juntos, do jeito certo, na hora errada.”
Ele olhou pra ela com um sorriso que começava nos olhos.
Haruki Sakamoto
— Então... agora eu sou tipo… sua inspiração?
Yui abaixou o rosto, corada.
Yui Tanaka
— Mais ou menos…
Haruki Sakamoto
— Vou tentar não desafinar muito então.
O trem chegou, e os dois entraram. Um ao lado do outro, sem encostar. Mas naquele banco duro de trem, entre risos e silêncios tranquilos, algo novo começava a ser composto.
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