Capítulo 3: O Primeiro Encontro – Destinos Colidindo

O chão parecia vibrar sob os pés de Luna quando ela se aproximou ainda mais daquela cena estranha e inexplicável. Havia algo naquela figura caída que a fazia sentir um misto de medo e fascínio. O corpo dele estava parcialmente coberto por folhas e galhos quebrados, como se a própria floresta tivesse tentado esconder sua presença. As roupas, se é que se podia chamar aquilo de roupas, eram como tecidos rasgados e chamuscados, colados à pele de um jeito que revelava marcas profundas de queimaduras recentes. Mas o que mais chamou a atenção dela foram as costas dele... mesmo com a pouca luz e a névoa densa, ela conseguiu ver duas formas retorcidas, como se algo imenso tivesse sido arrancado à força dali. Havia sangue, terra e vestígios de penas espalhadas pelo chão. Por um segundo, Luna pensou em voltar correndo, em fingir que nunca tinha visto aquilo. Mas havia algo naquele homem, ou fosse lá o que ele fosse, que a prendia ao lugar como se os pés estivessem enraizados.

Ela respirou fundo, o coração batendo descompassado, e se ajoelhou com cuidado ao lado dele. Estendeu a mão trêmula para tocar o ombro do estranho, mas antes mesmo de conseguir encostar, ele abriu os olhos. Um par de olhos que não tinha cor definida... uma mistura hipnotizante de tons dourados e âmbar, como se o próprio fogo tivesse se materializado ali dentro. Por um instante, Luna ficou paralisada. O olhar dele era intenso, carregado de uma dor que ela jamais havia presenciado em alguém antes, mas ao mesmo tempo... havia uma força, uma raiva, uma luta silenciosa para continuar respirando. Ele tentou se mover, o corpo reagindo com espasmos, e a expressão no rosto dele era de puro instinto de defesa, como se esperasse um ataque a qualquer momento. Mas ao ver a expressão assustada de Luna, ele parou. Por mais confuso que estivesse, algo naquela menina parecia diferente... o jeito como ela o olhava, com medo, sim, mas também com uma estranha compaixão.

Sem saber exatamente o que fazer, Luna pegou o celular do bolso e ligou a lanterna, iluminando melhor o rosto dele. Foi então que percebeu os pequenos detalhes: a pele parecia mais quente do que o normal, quase febril, e havia marcas estranhas nas têmporas dele, como cicatrizes que pareciam brilhar levemente quando a luz tocava. As mãos dele estavam sujas de terra, mas as unhas... eram mais afiadas que o comum. Nada fazia sentido, e ainda assim, uma voz dentro dela insistia que ela não podia deixá-lo ali, abandonado naquele estado. Engolindo o medo, ela disse, quase num sussurro: "Eu... eu posso te ajudar. Se você me deixar." O anjo não respondeu de imediato. Seus olhos apenas continuaram fixos nos dela, como se estivesse analisando cada batida de seu coração, cada centelha de intenção. Era como se ele pudesse ouvir os pensamentos dela, sentir os medos mais escondidos.

Com esforço, ele tentou se erguer, mas o corpo não respondia. Um gemido baixo escapou de seus lábios, e Luna, num impulso que nem ela mesma entendeu, passou o braço por debaixo dos ombros dele, tentando ajudá-lo a se levantar. A tarefa era quase impossível. Ele era pesado, e ela, com seu corpo franzino, mal conseguia sustentá-lo. Mas algo dentro dela dizia que desistir não era uma opção. A cada passo arrastado, Luna o conduziu pela trilha de volta, usando toda a força que tinha. O caminho até a casa dela parecia interminável, como se o tempo tivesse decidido desacelerar só para testar sua resistência. Ela sabia que, ao chegar, teria que inventar uma desculpa para a mãe... talvez dissesse que encontrou um morador de rua ferido, ou que ele sofreu um acidente. Mas, na verdade, nem ela conseguia formular uma história convincente, porque no fundo, sabia que aquele homem não era comum.

Quando finalmente chegaram, com o corpo dele praticamente desmaiado sobre os ombros frágeis dela, Luna o acomodou no pequeno sofá da sala, rezando para que a mãe não acordasse. Correu até o banheiro, trouxe toalhas, água e uma caixa de primeiros socorros improvisada. O que ela ainda não sabia, era que aquele simples ato de cuidado seria o primeiro elo de uma corrente que mudaria a vida dos dois para sempre. Enquanto limpava os ferimentos dele, percebendo que alguns simplesmente não cicatrizavam como deveriam, ela não conseguia afastar a sensação de que algo grande, algo maior que ela própria, havia acabado de começar. Naquele instante, em meio ao cheiro de sangue e terra molhada, Luna olhou para o rosto dele e percebeu... pela primeira vez na vida... que estava envolvida em algo que desafiava toda a lógica, toda a razão… e principalmente… todo o medo que ela sempre teve do desconhecido.

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Apóliya

Apóliya

eu amei diva 🤩💖

2025-07-06

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