Lucian acordou no meio da noite com o coração acelerado.
Não por causa de um pesadelo.
Mas porque Ryan ainda estava ali, dormindo no sofá da sala, a poucos metros dele.
A missão tinha terminado. Eles estavam vivos.
Mas o beijo ainda estava ali, preso entre os dois como uma ferida recém-fechada — sensível ao toque.
Lucian se levantou, caminhou devagar até a sala.
Ryan dormia de lado, a respiração calma, o rosto voltado para a janela aberta, onde a luz da lua entrava suave.
Ele parecia… bonito. Até vulnerável.
Lucian se abaixou ao lado dele.
Ficou só observando por alguns segundos, antes de sussurrar:
Lucian
Eu não devia sentir isso por você.
Ryan abriu os olhos devagar. Ele não dormia tão profundamente quanto fingia.
Ryan
Mas sente — respondeu, sem se mexer.
Lucian engoliu seco. Sentou-se no chão, com as costas encostadas no sofá.
Lucian
Eu tô tentando parar.
Ryan
Não parece que está se esforçando muito — Ryan murmurou, com um pequeno sorriso.
Lucian fechou os olhos.
Lucian
Não faz isso.
Ryan
O quê?
Lucian
Me provocar. Ser gentil. Me olhar como se eu fosse mais do que sou.
Ryan se sentou devagar, agora de frente para ele, quase encostando os joelhos.
Ryan
Você é mais que acha que é.
Ryan
E muito mais do que o que os outros te fizeram acreditar.
Lucian respirou fundo.
Lucian
Eu tenho medo do que sinto por você.
Ryan inclinou-se um pouco, o olhar sério agora.
Ryan
Você devia ter medo de não sentir nada.
Silêncio
Lucian o olhou, os olhos brilhando pela luz da lua e por algo que ele não conseguia mais esconder.
Lucian
Você sabe que eu te beijaria de novo agora… se eu não achasse que isso me tornaria dependente de você.
Ryan sorriu de leve. Um sorriso pequeno, mas verdadeiro.
Ryan
E se eu quisesse ser o vício?
Lucian riu, cansado, com um pouco de tristeza e desejo misturados.
Ryan se aproximou mais um pouco. Não encostou.
Lucian hesitou, depois aproximou o rosto, devagar.
Os lábios se encontraram com mais calma dessa vez — sem desespero, sem pressa.
Só desejo contido e carinho silencioso.
O beijo durou mais do que o necessário, menos do que os dois queriam.
Quando se afastaram, Lucian sussurrou contra os lábios dele:
Lucian
Eu nunca quis ninguém assim.
Ryan passou os dedos pela lateral do rosto dele.
Ryan
Então para de fugir.
Lucian assentiu, leve.
Lucian
Só essa noite.
Ryan
Quantas vezes forem necessárias — Ryan respondeu, puxando-o de volta para seus braços.
E naquela madrugada, pela primeira vez em muito tempo, Lucian dormiu com o coração calmo.
Porque pela primeira vez, não estava sozinho.
Nem por dentro.
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