Capítulo 3

Liv narrando:

A primeira coisa que me acordou no dia seguinte foi a sensação de êxtase. Sentei-me na cama, olhando ao redor do quarto em que estava. Era um cômodo pequeno, com quase nada nele. Estava frio também, mas eu não podia reclamar com ninguém, já que ninguém ouvia uma ômega.

Ok, chega de papo de ômega.

Finalmente, estava aqui! Meu 18º aniversário. O dia em que finalmente meu destino mudaria e também o dia em que conheceria meu parceiro. Com essa motivação, pulei da cama. Não sabia exatamente quando iria conhecer minha loba ou meu parceiro, mas o mais importante era que o dia finalmente tinha chegado.

Ao sair do meu quarto, a primeira pessoa que avistei foi a Sra. Yvenne vindo na minha direção, com sua expressão carrancuda de sempre.

Droga!

Justo a tempo de acabar com meu humor.

— Pare de enrolar e vá para a mansão fazer suas coisas. Preciso repetir isso pra você o tempo todo? — ela disse entre dentes.

Se ao menos eu dissesse a ela que era meu aniversário, talvez ela me deixasse em paz. Balancei a cabeça, já indo na direção da mansão, que não ficava tão longe dos alojamentos dos funcionários. Mesmo assim, eu sabia que, mesmo falando isso, ela não se importaria.

Meu plano era fazer minhas tarefas o mais rápido possível, tentando evitar os três demônios, especialmente Max e Ryder.

Cheguei à cozinha e consegui iniciar minha rotina: limpar, cozinhar, lavar a louça, varrer o chão incontáveis vezes, além de esfregar os pisos da mansão.

Trabalhei tanto que você pensaria que eu era a única empregada lá, mas isso não era verdade, pois havia outras. Elas preferiam deixar todo o trabalho para mim, pois sentiam que, por ser ômega, deveria trabalhar muito mais do que qualquer uma delas.

Pelo menos, eu era alimentada e não fui expulsa no momento em que nasci. Isso é o que sempre diziam.

Depois de limpar a cozinha, fui até o lixo, tirei-o para fora e esvaziei. Enquanto fazia isso, ouvi uma voz dentro de mim:

— Olá — a voz ressoou. Depois de olhar ao redor e não ver ninguém, meu coração começou a bater acelerado no peito.

A voz retornou: — Liv, sou eu, Anne, sua loba. — ela ecoou.

Meu coração pulou uma batida de felicidade. Estava nervosa, sem saber como agir. Essa euforia não durou muito, pois, de repente, senti uma onda de energia passar por mim. Foi rápido, aumentando minha adrenalina quase instantaneamente.

— Você sabe como isso acontece, Liv. Preciso estar totalmente preparada para ficar assim.

Eu sabia o que ela queria dizer. Ela estava falando sobre se transformar. Transformar-se pela primeira vez podia ser doloroso, então eu precisava encontrar um lugar confortável, onde pudesse gritar e berrar sem chamar atenção.

Jogando a lixeira no chão, corri para a floresta e, chegando o mais longe que minhas pernas podiam me levar, fechei os olhos, inspirando fundo.

— Estou pronta.

— Ok, Liv, mas esteja preparada. Isso vai doer — ela me avisou.

A primeira coisa que senti foi os ossos da minha perna direita quebrando. Um grito saiu dos meus lábios enquanto eu caía no chão. Para os outros lobos, antes de se transformarem, eram dadas algumas poções para ajudar com a dor, mas, como eu era ômega e não tinha ninguém para pedir isso, tinha que suportar.

O suor escorria pelas minhas pernas enquanto minhas mãos tremiam no chão. Ouvi outro som de estalo vindo da minha outra perna e gritei ainda mais alto, rangendo e xingando. Sangue escorria pelo meu corpo, misturado ao suor.

Minhas mãos também racharam, e, enquanto eu ainda gritava com tudo isso, minhas pernas começaram a desenvolver pelos. Logo, nos dedos das mãos, cresceram garras, rasgando minha pele como uma lâmina. Quanto mais sangue escorria dos ferimentos, mais eu gritava.

— Droga... pare! — gritei, para ninguém em particular. Quanto mais chorava, mais me transformava, e então percebi que, uma vez que tinha começado, tinha que esperar passar antes que a dor acabasse. Como na primeira transformação, a segunda mão também cresceu garras.

Quando já não aguentei mais, caí no chão, tremendo de dor, que atravessava todo o meu corpo.

Até que, finalmente, parou.

Meu lobo se sacudiu, limpando o sangue do pelo marrom. Ela tinha tomado o controle, e eu estava dentro.

— Desculpe, mas é assim que tem que ser.

De repente, esqueci a dor que senti minutos antes, e meus pensamentos se encheram de excitação. Senti aquele estouro de energia dentro de mim. Queria explorar esse corpo novo, mas não sabia como.

— Se quiser correr ou pular, é só fazer como faz na forma humana — Anne me disse.

— Uau, como você sabe o que estou pensando? — perguntei.

— Eu sou você e você é eu. Somos uma só pessoa. É por isso que pode falar comigo pela sua mente. Se quiser correr, é só fazer como faria na sua forma humana. Esse corpo pode ser diferente, mas ainda é seu.

Como ela tinha dito, movi o primeiro membro, e funcionou. Em pouco tempo, estava correndo pelos bosques como uma doida. Eu sabia que minha loba não era tão rápida quanto os demais, pois eu era ômega de nascimento, mas ainda assim parecia rápido o suficiente— mais rápido do que meus pés humanos.

Passei o dia todo aprendendo tudo sobre minha loba: como subir em árvores, pular alto, tudo. Ela tinha que ser a primeira pessoa que pudesse chamar de minha amiga de verdade.

Tudo continuou até a noite chegar, e eu sabia que tinha que me transformar de volta.

— Existe apenas uma coisa que precisamos fazer, Liv — ela sussurrou, enquanto eu olhava para a mansão.

— Encontrar nosso parceiro — ela completou.

Eu não sabia como isso poderia ser possível, mas ia tentar. Comecei a ficar com dúvidas enquanto caminhava de volta para a mansão. E se meu parceiro nem estivesse lá? O pack Darkmoon era grande, e havia chances de meu parceiro estar lá, mas ainda tinha minhas dúvidas.

Passei pelo mesmo corredor onde encontrei Callum na noite anterior. Foi então que um cheiro desconhecido, avassalador, atingiu meu nariz.

Era dois cheiros diferentes, e ambos eram atraentes. Os aromas eram fortes e intoxicantes ao mesmo tempo.

— Esse é nosso parceiro. Precisamos encontrá-lo! — minha loba gritou desesperada.

Parei para pensar. Será que era possível meu parceiro ter dois cheiros? Antes que eu pudesse dar uma resposta, ouvi o som de passos arrastados vindo do outro lado do corredor.

Quanto mais pesados os passos se aproximavam, mais fortes ficavam os cheiros.

Respirei fundo. Tinha que ser meu parceiro, mas o som dos passos parecia mais com o de mais de uma pessoa. Fiquei onde estava, com os pés firmes no chão, nervosa, esperando pela pessoa— esperando que fosse alguém bom.

Os passos ficaram ainda mais perto. Então, avistei duas figuras saindo correndo pelo corredor, e, ao olhá-las de cima a baixo, meu coração caiu.

Elas eram as responsáveis pelo cheiro, o cheiro intoxicante, maldito cheiro! Max e Ryder olhavam para mim com os olhos verdes escurecidos, cheios de luxúria, parecendo que iam me devorar na hora.

— Não, não, não! — continuei murmurando para mim mesma, até que minha loba decidiu sacudir meu mundo dizendo uma palavra.

— Parceiro! — ela sussurrou e, depois, gritou: — Parceiros!

Que inferno!

Virei para correr, antes que pudesse, tudo ficou escuro de repente. A energia tinha sido cortada. Isso nunca tinha acontecido antes. Por que agora estou tentando fugir deles?

Fiquei onde estava, tentando ao máximo enxergar na escuridão e sair dali. Tentei ver no escuro, mas, como eles tinham sangue de Alfa, ver na escuridão não era problema para eles.

Achei que estava me saindo bem, escapando, mas então bati em alguém na escuridão. Fui agarrada pela cintura e presa contra a parede.

— Parceira — rosnou uma voz. Era Max, e ele segurava minha cintura.

— Minha — disse Ryder, e senti a mão dele cravando na minha coxa.

Mais populares

Comments

Vanessa Silva

Vanessa Silva

já estou gostando do seu livro!

2025-06-07

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!