Não era preciso um mapa detalhado para que Noah e Helena soubessem para onde estavam indo. Seus sonhos eram uma constelação de desejos simples e entrelaçados, projetados em sussurros noturnos e conversas descontraídas durante os fins de semana. Não falavam de fortunas ou de fama, mas de uma vida repleta de significado, tecida a dois.
Um dos seus maiores devaneios era ter uma pequena casa com um jardim. Nada grandioso, apenas o suficiente para que Helena pudesse cultivar suas ervas aromáticas e Noah pudesse ler à sombra de uma árvore, enquanto o cheiro de terra molhada acalmava a alma. Eles já tinham até um nome para a futura casa: "O Abrigo", e Helena já rabiscara em cadernos antigos esboços de canteiros e de uma varanda onde poderiam tomar café nas manhãs de sol. "Imagino a gente velhinho aqui, Noah", ela dizia, os olhos brilhando com a imagem, "com os netos correndo por esse gramado."
Havia também o sonho de viajar. Não mochilões agitados ou cruzeiros luxuosos, mas viagens lentas, de trem, pela Europa, parando em cidades pequenas, conhecendo a cultura local, comendo pão fresco em padarias artesanais. "Quero que a gente veja o nascer do sol em Santorini", Helena confessava, enquanto Noah completava: "E o pôr do sol na Toscana, com um bom vinho e queijo." Eram imagens que os faziam sorrir, que alimentavam a chama da esperança e da aventura.
Mais importante que os lugares, eram os sentimentos. Queriam envelhecer juntos, de mãos dadas, com a certeza de que haviam construído uma vida cheia de amor e compreensão. Queriam ser um porto seguro um para o outro, em cada tempestade. Conversavam sobre filhos, não com a pressão de um plano imediato, mas com o carinho de uma possibilidade distante e desejada. Imaginavam as risadas de crianças na casa, as histórias para contar antes de dormir, a alegria de vê-los crescer.
Eram esses sonhos, tão palpáveis em sua simplicidade, que davam forma ao "para sempre" de Noah e Helena. Não eram promessas escritas em pedra, mas sim a base sobre a qual construíam o presente, com a convicção de que cada dia que passavam juntos era um passo em direção a esse futuro sereno e repleto de amor compartilhado. No abraço silencioso da noite ou na quietude de um fim de tarde, eles visualizavam a vida que os aguardava, um convite para uma eternidade particular, moldada por dois corações que batiam em uníssono.
Era quase um ritual sagrado. Quando o fim do dia se anunciava com tons de laranja e roxo pintando o céu, Noah e Helena tinham um encontro marcado com a cidade, não em seus agitos, mas em seus silêncios mais bonitos. Escolhiam um parque próximo, ou apenas as ruas menos movimentadas do bairro, e saíam para o seu passeio crepuscular, as mãos dadas, os passos em sincronia.
Naquela tarde em particular, o ar estava fresco, carregado com o cheiro da terra molhada pela garoa da manhã e o perfume adocicado das flores que brotavam nos canteiros públicos. Helena, com seu casaco leve, recostou a cabeça no ombro de Noah enquanto caminhavam, os olhos semicerrados, absorvendo a quietude que os cercava. Noah sentia o calor da mão dela na sua, um aperto familiar que era mais reconfortante que qualquer palavra.
Eles não precisavam de conversas profundas ou de análises do dia. As palavras eram poucas, sussurradas apenas quando a beleza do momento exigia uma exclamação. "Olha o céu, Noah", Helena murmurou, apontando para uma nuvem que parecia uma montanha cor-de-rosa. Ele apertou sua mão em resposta, seus olhos fixos na mesma beleza. A comunicação deles era um fluxo contínuo de presenças, olhares e toques.
O simples ato de caminhar juntos, lado a lado, enquanto o mundo desacelerava, era uma metáfora para a vida que construíam. Cada passo era uma confirmação da jornada compartilhada, cada silêncio era preenchido pela compreensão mútua. A rua, antes movimentada, agora se esvaziava, e eles se tornavam os únicos protagonistas de um cenário que parecia existir apenas para eles. As luzes dos postes começavam a piscar, pequenas estrelas urbanas que guiavam seu retorno.
Helena, de repente, parou e olhou para Noah, um brilho travesso nos olhos. "Lembra daquele dia que a gente se perdeu naquele parque novo e você ficou todo irritado?", ela perguntou, um sorriso maroto nos lábios. Noah riu, lembrando-se da sua própria impaciência. "E você cantou uma música inventada para me acalmar", ele completou, apertando mais a mão dela.
Esses passeios eram cápsulas do tempo, guardando não apenas o presente, mas também o eco de memórias passadas e a promessa de muitos entardeceres ainda por vir. Ao final da caminhada, quando as luzes do apartamento já podiam ser vistas, o coração de Noah estava mais leve, mais cheio. Aqueles minutos juntos, de mãos dadas, eram a prova de que a eternidade não estava em um futuro distante, mas na simplicidade de um entardecer compartilhado, no calor de uma mão na outra, no silêncio que dizia tudo.
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Atualizado até capítulo 31
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