Capítulo 05

Capítulo 05 — O Coração do Platinado.
Riku chegou cedo. O trecho das Serpentes estava mergulhado numa penumbra azulada, com a névoa noturna descendo entre as curvas como dedos frios sobre o asfalto. As luzes do carro refletiam nas placas tortas e nos olhos atentos dos vários espectadores que se arriscaram a assistir de perto. Essa corrida com toda a certeza renderia.
A maioria ficava no topo, filmando tudo, esperando o impossível. Mas ele não pensava nos outros. Ele pensava nele.
Nele, o moreno arrogante: Akira Takashi.
O nome parecia vibrar no peito como o próprio motor da sua BMW. O volante estava frio sob as suas mãos enluvadas. Ele batucava os dedos ali, impaciente, tentando conter a ansiedade. A verdade é que Riku nunca se achou alguém nervoso. Calculava tudo. Estudava trajetos, ritmos, ângulos. Mas aquela corrida não era sobre linhas de entrada e saída, nem sobre tempo de reação.
Era sobre ele e Akira. Era sobre tudo o que ficou atravessado entre eles.
Mais cedo naquele dia, quando o viu na rua — mão nos bolsos do casaco, o olhar tentando disfarçar o abalo — foi como um soco no estômago. Akira não mudava. Ou mudava demais.
Aquele mesmo cabelo rebelde, os ombros largos, o olhar que desafiava o mundo inteiro... e, ao mesmo tempo, havia algo mais: cansaço. Peso. Como se estivesse a carregar algo sozinho há anos. Como se não quisesse mais correr — mas precisasse.
Riku sempre soube ler Akira nos detalhes. Ele lembrava de quando os dois eram apenas garotos problemáticos, dividindo uma garagem, rindo alto demais, sujando as mãos de graxa enquanto sonhavam em vencer juntos. Lembrava das noites em que Akira ensinava ele a sentir o carro — a escutar o ronco do motor como se fosse um batimento cardíaco.
Antes de tudo aquilo acontecer.
Lembrava de como tudo desmoronou. Da briga. Da raiva. Do orgulho ferido. A aposta. E agora, ali estava ele, com o coração acelerado, esperando o único piloto que ele jamais quis vencer antes, depois daquele acidente trágico tanta coisa ficou fodida.
Não vou fingir-me de inocente, eu tive maior parte da culpa, mas o que importa é o agora.
Os faróis iluminaram o fim da estrada. Riku soube antes mesmo de olhar que era ele. A silhueta negra do RS5 Coupé de 4 portas de Akira apareceu na curva, como um lobo descendo do alto da montanha. O ronco do motor era inconfundível — encorpado, grave, uma promessa de violência contida. Os carros alinharam-se.
Akira saiu do carro devagar, tirando o boné e jogando os cabelos negros pra trás com uma das mãos tatuadas.
Riku Kanzaki
Riku Kanzaki
Chegou. Pensei que fosse com o rabo entre as pernas.
Akira Takashi
Akira Takashi
Você me conhece. Se eu fosse fugir, não deixava rastro. *provoca*
Riku Kanzaki
Riku Kanzaki
Você ainda fala demais.
Por um momento, os dois ficaram ali, medindo um ao outro como se fosse uma disputa antes mesmo da largada.
Akira Takashi
Akira Takashi
Que foi, Riku? Quer saber se eu ainda corro como antes? *falou com ironia*
Akira Takashi
Akira Takashi
Ou preciso lembrar quem venceu da última vez?
Riku Kanzaki
Riku Kanzaki
*morde os lábios* Vai se foder, não vim pra lembrar nada.
Akira Takashi
Akira Takashi
Certeza? *gargalhou*
Riku Kanzaki
Riku Kanzaki
Vamos ver quem irá rir por último! Vamos ver se você ainda é o mesmo. *deu um meio sorriso, cínico*
Akira Takashi
Akira Takashi
Sou pior agora.
Disse ele olhando-me tão profundamente com aqueles olhos verde-escuros, intensos.
Não durou muito, ele desviou observando ao nosso redor, era perceptível o som dos outros carros ao redor, dos pneus chiando, das conversas ao longe.
Dois segundos depois, um som alto indicava que já era meia noite. A corrida começará.

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