Capítulo 04
Capítulo 04 — Como se o destino ainda se divertisse.
Riku Kanzaki
Takashi...
*disse, cruzando a rua, com o cigarro entre os dedos e o mesmo olhar calmo de sempre*
Akira Takashi
Kanzaki, um infortúnio ver-te.
*respondeu, com o maxilar tenso*
Riku Kanzaki
Que coincidência, hein? Sinto o mesmo!
*sorri*
Akira Takashi
Claro. Você vive dizendo isso como se não me seguisse.
Renji Nakamura
Parece que o bad boy da lenda ainda sabe falar.
O mesmo ignorou. Mantinha os olhos no platinado. E Riku mantinha os dele fixos nos de Akira, como se procurasse por alguma rachadura no escudo.
Riku Kanzaki
Tá nervoso para perder na corrida de hoje?
*provocou*
Akira Takashi
Eu tô decidindo se você ainda corre por paixão... ou só por orgulho.
Akira Takashi
E se vale mesmo a pena eu perder o meu precioso tempo.
Renji soltou uma risadinha debochada, mas Riku não pareceu achar graça.
Riku Kanzaki
Eu corri por você, Akira. No começo. Contudo você nunca percebeu isso.
O silêncio veio pesado. Akira sentiu o peito apertar, mas forçou-se a manter a expressão dura.
Muita coisa aconteceu antes de nós dois viramos inimigos e apostarmos aquela corrida idiota.
Akira Takashi
Agora não é o lugar, nem a hora.
*respondeu virando o rosto*
Riku Kanzaki
Então diz-me quando. Porque eu não vim aqui pra brincar de rivalidade. Vim pra terminar o que nós começou.
Riku Kanzaki
Então não amarele no percurso.
Riku jogou o cigarro no chão e o apagou com o pé. Virou-se de costas, e antes de atravessar a rua de volta, ele virou e fitou-me novamente.
E sumiu na multidão, como se nunca tivesse estado ali.
Porém aquela frase maldita ecoava como um trovão abafado na minha cabeça: Correr por você.
Akira Takashi
Porra...
*coloca a mão na testa*
Assim o moreno passou o resto do dia, tentando distrair a sua mente.
Rapidamente anoiteceu. Takashi agora estava na sua casa.
As horas se passavam rápido demais, não conseguia acreditar que a hora da temida corrida estava a chegar. Ele não entendia quando foi que ficou tão fraco, distraído e cheio de receios.
Ele não podia deixar essas sensações atrapalharem. O seu orgulho não deixaria.
Ele estava se banhando. A água quente deslizava pelas costas de Akira.
Akira Takashi era o tipo de presença que não passava despercebida, mesmo no meio da fumaça dos motores ou entre multidões barulhentas. Havia algo nele que chamava atenção antes mesmo de abrir a boca: a postura despreocupada, mas alerta, o olhar que parecia medir tudo ao redor como um predador que já conhecia o terreno.
Era alto, com ombros largos e o corpo definido de quem cresceu vivendo entre brigas, corridas e noites sem descanso. A pele era morena, levemente queimada pelo sol e marcada por histórias que ele jamais contaria.
Tatuagens cobriam os seus braços, subiam pelo pescoço e desapareciam. Traços firmes, desenhos sombrios, alguns tradicionais, outros abstratos — uma mistura de caos e significado. Cada linha parecia gritar rebeldia, como se o mundo inteiro tivesse tentado domá-lo e falhado.
Os seus olhos verde-escuros eram profundos, intensos, daqueles que pareciam enxergar por dentro.
Mas raramente deixavam observar o que sentiam. Já os cabelos negros, um pouco longos e sempre meio bagunçados, caíam de forma displicente sobre a testa, dando um ar selvagem que contrastava com a frieza calculada de suas ações.
Havia algo nele de atraente e perigoso. Um charme bruto, de quem nunca precisou pedir permissão para existir. Não era bonito no sentido clássico.
Akira não era feito para lugares calmos.
Ele era o tipo de homem que levava tempestades consigo, e dessa vez não seria diferente.
De tanto contestar sobre a corrida decidiu apenas correr sem pensar no que aconteceria depois, ele mesmo disse: é apenas mais uma corrida.
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