Capítulo 4 – O Convidado do Norte

A chuva fina caía sobre os telhados de Brenndor quando três cavaleiros cruzaram os portões do vilarejo. À frente, sob um manto negro que ocultava seu brasão, montava Cedric de Eldarion — duque, herdeiro e guerreiro. Seus olhos, cinzentos como a tempestade, varriam o lugar com atenção. Ao lado, cavalgaram dois jovens que, apesar das vestes discretas, traziam a postura marcada por anos de treinamento real.

Riven, espadachim da guarda e amigo de infância de Cedric, mantinha a mão perto da empunhadura da espada — sempre alerta.

Riven (rosnando entre os dentes):

— Esse lugar fede a lama e segredos. Odeio quando o rei te manda a vilarejos esquecidos, Ced.

Lysandre, mais jovem e com os olhos atentos a tudo ao redor, puxou o capuz para esconder o rosto.

Lysandre (calmo):

— Isso aqui pode parecer insignificante, mas o rei Aldren não arriscaria enviar o herdeiro por nada. Os registros antigos falam de movimentos mágicos nas fronteiras. E essa vila fica muito próxima à Floresta de Sombranévoa.

Cedric (seco):

— Estamos aqui para investigar, não para fazer julgamentos. Riven, mantenha a espada embainhada. Lysandre, olhos abertos. Algo está despertando... e quero descobrir o que.

O grupo desmontou diante da estalagem local. Cedric adiantou-se.

Cedric (curto):

— Uma cama, comida e silêncio. Pago em ouro.

O estalajadeiro assentiu, com um olhar desconfiado para os três forasteiros. A lâmina de Riven chamava atenção — forjada com traços élficos que ele escondia sob o couro. Já Lysandre carregava um velho livro sob o manto, onde anotava lendas, sinais e símbolos que reconhecia.

Na janela da estalagem, Cedric avistou uma jovem passando entre as barracas do mercado. Havia algo nela. Cabelos dourados, um andar leve... e um desconforto que o fez franzir o cenho.

Cedric (para si):

— Dourado demais.

Riven (notando o olhar):

— Não me diga que veio investigar magia... e acabou encantado por uma aldeã.

Cedric (frio):

— Cala a boca.

Mais tarde, Cedric decidiu explorar os arredores da floresta. Como sombra, Riven o seguiu à distância, mas respeitou o momento de isolamento. Já Lysandre ficou na vila, colhendo relatos e observando os padrões antigos gravados em pedras no poço central.

Entre as árvores úmidas, Cedric ouviu passos.

Seris.

Ela surgiu pela trilha, o colar escondido sob a roupa, mas pulsando sutilmente com sua presença.

Os olhos dele encontraram os dela.

E, por um instante, o mundo pareceu parar.

Nenhum som. Nenhuma folha movendo-se. Apenas aquele olhar. Intenso, cortante, como se algo dentro de ambos reconhecesse o outro — e repelisse ao mesmo tempo.

Tensão e eletricidade pairaram entre os dois.

Fagulhas invisíveis. Destinos colidindo.

Seris (desconfiada):

— Está me seguindo?

Cedric (sério):

— Você frequenta este lugar com frequência. Por quê?

Seris (cruzando os braços):

— E você, quem é para fazer perguntas?

Cedric:

— Alguém que sabe reconhecer magia quando a vê.

O ar ficou mais denso. O colar de Seris emitiu um leve brilho, quase imperceptível. Ela percebeu — e recuou um passo.

Seris (nervosa):

— Não sei do que está falando. Talvez esteja perdido, forasteiro.

Cedric (arqueando uma sobrancelha):

— Duvido que esteja mais perdido do que você.

Um sussurro atravessou as árvores. Um som que só Seris ouviu.

Sussurro da floresta:

— Ele é espinho... mas também é chave.

Cedric apertou o punho da espada, instintivamente.

Cedric:

— Fique longe desta floresta. Ela não é segura para gente ingênua.

Seris:

— E você não é bem-vindo aqui.

Ela se afastou rapidamente pela trilha. Cedric permaneceu ali, o maxilar tenso. No alto de uma colina distante, Riven surgiu das sombras, cruzando os braços.

Riven:

— Quem era?

Cedric:

— Ninguém. Mas ela sabe mais do que aparenta.

Riven (arqueando a sobrancelha, provocador):

— Está começando a parecer uma missão pessoal.

Cedric (sério):

— Talvez ela seja o que viemos encontrar.

Mais tarde, Lysandre se juntaria a eles na estalagem, com páginas rabiscadas e um mapa antigo desenhado com runas apagadas.

Lysandre:

— Há registros de um “colar da luz” usado pelas guardiãs de Aelvaris. E há rumores... de que ele voltou a brilhar.

Cedric encarou o fogo da lareira. Pela primeira vez, seus olhos hesitaram.

Cedric (baixo):

— A lenda está viva.

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