O sol nascia devagar sobre o vilarejo de Brenndor, tingindo os telhados com um dourado suave e aquecendo a névoa que ainda pairava sobre os campos. Era um lugar simples, de casas de pedra, hortas bem cuidadas e uma rotina tranquila. Mas, entre as pessoas dali, havia uma jovem que sempre pareceu... diferente.
Seris, de dezessete anos, caminhava descalça entre as trilhas de terra batida, equilibrando uma cesta de frutas recém-colhidas. Os cabelos dourados, quase brancos à luz da manhã, chamavam a atenção por onde passava. Seus olhos, de um dourado acobreado, brilhavam como se escondessem o próprio sol.
Criada por Elric e Maela, um casal de camponeses bondosos, Seris sempre fora amada. Mas desde pequena carregava um sentimento que não sabia nomear — como se houvesse algo dentro dela que não pertencia àquele mundo.
Seris (pensando):
Por que me sinto tão... longe, mesmo estando aqui? Como se houvesse uma música que só eu escuto... e que ninguém mais consegue ouvir.
Seus dias eram divididos entre as tarefas da vila e os momentos ao lado de seus dois amigos mais próximos: Kael, seu melhor amigo desde a infância — leal, corajoso e de espírito livre, com dezoito anos e um desejo constante de explorar além dos limites do vilarejo — e Elara, também com dezessete anos, uma moradora reclusa criada pela curandeira do vilarejo. De cabelos negros e olhos verdes intensos, Elara era observadora, reservada e habilidosa. Crescera com Seris e Kael, e entre elas havia um laço silencioso e profundo, como o de irmãs não ditas.
Naquela manhã, enquanto colhia flores silvestres para ajudar Maela a fazer infusões, algo a fez parar. O vento mudou. As árvores silenciaram. E ali, entre a névoa da encosta, ela o viu.
Um cervo branco. Enorme. Majestoso. Seus olhos brilhavam em âmbar, como se contivessem um segredo antigo. Ele a fitava — não com medo, mas com reconhecimento.
Seris (sussurrando):
— Você... é real?
Ela deu um passo à frente, hipnotizada. Mas no instante seguinte, o cervo desapareceu como fumaça entre as árvores.
Seris levou a mão ao colar em seu pescoço — um pingente de cristal translúcido, suspenso por um fio antigo. Um presente de Maela, diziam. Mas naquele momento, ele pulsou. Levemente. Como se estivesse vivo.
Seris (assustada):
— O que está acontecendo comigo?
Nos dias seguintes, os sonhos se intensificaram. Vozes sussurravam em uma língua esquecida. Rios dourados, florestas em chamas, um céu dividido entre luz e trevas. E uma mulher de cabelos como a alvorada, que estendia a mão para ela.
Mulher nos sonhos:
— Acorde, filha da luz... O tempo se aproxima.
Seris acordava suando, ofegante, o colar quente contra a pele.
Na mesa do café, Elric percebia sua inquietação.
Elric (gentil):
— Dormiu mal de novo, pequena?
Seris (forçando um sorriso):
— Só sonhos tolos. Nada demais.
Maela (preocupada):
— Você anda tão distante... Está tudo certo?
Seris (olhando pela janela):
— Eu não sei... É como se algo estivesse me chamando, de muito longe. Mas não entendo o quê.
Do lado de fora, o vento uivava pela floresta. E lá dentro, algo despertava. O colar pulsava mais uma vez — três batimentos suaves, como um coração ecoando dentro dela.
Enquanto isso, a muitas léguas dali, em meio às muralhas frias do reino de Arvenor, outro jovem também sentia o peso de um destino que ainda não compreendia. Cedric, com dezoito anos, era o jovem duque herdeiro da Casa de Norwald. Crescera entre deveres, treinamentos e promessas feitas por outros em seu nome. Mas não estava sozinho.
Ao seu lado, estiveram sempre Riven, de dezenove anos — leal, impulsivo e corajoso, com sangue élfico correndo em suas veias. Treinou ao lado de Cedric desde a infância, e o protegia com devoção, mesmo quando isso significava desafiar ordens. E havia Lysandre, com dezoito anos, o oposto em temperamento: calmo, analítico e estudioso. Aprendiz dos escribas da corte, Lysandre dominava lendas, mapas e histórias antigas — mesmo as proibidas pelo rei Aldren — e seu conhecimento seria vital no que estava por vir.
Naquela noite, Seris saiu escondida até o topo da colina. De lá, podia ver todo o vilarejo adormecido. As estrelas brilhavam intensas, e a lua cheia banhava o campo em prata.
De novo, o cervo.
Mais perto desta vez.
Ele não fugiu. Apenas a observou. Como se esperasse.
Seris (sussurrando):
— Quem é você?
O cervo virou-se lentamente e sumiu na mata, deixando pegadas luminosas que desapareceram com o vento.
Seris ficou ali, sozinha, com o colar brilhando levemente em seu peito. Sentia, pela primeira vez, que a resposta para tudo estava mais próxima do que nunca.
E isso... a assustava.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 33
Comments
tecna kawai :3
Quando sai o próximo capítulo? Estou tão curiosa!
2025-06-03
0