Meu sangue fervia.
As palavras dele ecoavam dentro de mim como uma acusação silenciosa. E pior: me atingiam no exato ponto onde eu não queria ser tocada.
Virei para Mateo, o corpo tenso, os punhos cerrados.
Aurora- Tá insinuando alguma coisa? — disparei, tentando conter a raiva que crescia dentro do peito.
Ele levantou as mãos, como se quisesse provar que não estava atacando. Mas seus olhos… aqueles malditos olhos castanhos diziam tudo.
Mateo - Não! Claro que não — respondeu com calma, embora seu olhar ardesse.
Mateo - Só acho que você merece abrir os olhos antes de se afogar em promessas vazias.
Aurora- Você não sabe de nada, Mateo. — Cruzei os braços.
Aurora- Não esteve aqui quando tudo começou. Não viu o quanto Riccardo cuidou de mim, como ele me protegeu, como me fez sentir segura!
Mateo- É, eu não vi. Mas eu tô vendo agora. — A voz dele ficou mais baixa, mais firme.
Mateo - E o que eu vejo não é proteção. É controle. Manipulação. Mentira.
Aurora- Para! — interrompi, dando um passo à frente, sentindo a garganta queimar.
Aurora- Por que não se afasta, Mateo? Por que não faz o que sabe fazer de melhor e desaparece? Para de tentar manchar a imagem do seu irmão na minha frente!
Ele ficou em silêncio por um segundo. Depois, deu um passo na minha direção. Ficou tão perto que precisei erguer o queixo para encará-lo. O perfume dele misturava o amadeirado com o perigo. E a tensão no ar era cortante.
Mateo - Eu só tô tentando te mostrar o que você não quer enxergar. — A voz saiu mais rouca agora. Baixa, intensa.
Mateo - Porque, mesmo sem querer… eu me importo.
Engoli em seco.
Aurora- Você não tem o direito.
Mateo - Talvez não tenha. Mas isso não vai me impedir.
Ficamos em silêncio. O ar entre nós vibrava. Eu queria gritar. Queria afastá-lo. Queria… tudo, menos sentir o que estava sentindo. Porque parte de mim começava a ceder, mesmo que a outra ainda gritasse pelo Riccardo que eu acreditava existir.
Aurora- Vai embora, Mateo — murmurei, mais para mim do que para ele.
Ele assentiu lentamente, os olhos ainda presos aos meus.
Mateo - Mas eu volto — disse. — Porque alguém precisa estar aqui quando você finalmente cair na real.
E saiu.
Me deixando sozinha.
Com o coração disparado.
E a dúvida finalmente plantada.
A sala parecia sufocante depois que Mateo saiu.
As palavras dele rodavam na minha cabeça como um vendaval, batendo contra tudo o que eu acreditava, contra tudo o que eu tentava sustentar com tanto esforço. Riccardo não era perfeito eu sabia. Mas seria mesmo capaz de…?
Balancei a cabeça, irritada comigo mesma. Não. Eu não podia dar ouvidos a um homem que acabara de voltar e, do nada, se metia nas minhas escolhas. Ele não sabia de nada. Ele não conhecia o que vivemos.
E mesmo assim…
Havia algo no olhar do Mateo que me deixava inquieta. Como se ele soubesse mais do que dizia.
Respirei fundo e me levantei.
Subi as escadas em silêncio, evitando qualquer ranger de piso, como se estivesse fazendo algo errado. Mas não era. Era meu direito. Eu era a noiva. E Bianca… era minha irmã. E eu precisava ter certeza de que o que vi e ouvi… era apenas coisa da minha cabeça.
O corredor estava escuro, exceto por uma fresta de luz escapando por debaixo da porta do quarto de Bianca. Meu coração acelerou. A porta estava entreaberta. Minhas mãos suavam. A respiração curta. E uma parte de mim implorava para não ver nada.
Mas eu empurrei a porta.
Devagar.
O quarto de Bianca exalava perfume. As cortinas balançavam com a brisa, e as velas no canto ainda queimavam. No centro do cômodo, Riccardo estava abaixado ao lado da pia do banheiro, de mangas arregaçadas, verificando algo no encanamento como ele dissera. Bianca estava de pé, encostada na moldura da porta, com aquele maldito robe ainda solto, os braços cruzados, como se estivesse assistindo um espetáculo.
Bianca- Está demorando muito — disse ela com voz baixa, arrastada.
Bianca- Podia tirar a camisa, vai acabar se molhando.
Riccardo - Bianca — Riccardo advertiu, sem olhá-la, em um tom mais ríspido.
Riccardo - Não comece.
Ela riu, um som baixo, quase sensual.
Riccardo - Estou só tentando ajudar.
Fiquei ali, parada, sem ser notada. O sangue fervendo nas veias. Eles não estavam fazendo nada explícito. Ainda. Mas o clima… o jeito como ela se comportava… o silêncio confortável entre eles… não era certo. Não era natural. Não era coisa de cunhados.
E o pior? Riccardo não saía. Não cortava. Não encerrava.
Eu recuei.
Devagar. Em silêncio.
Desci as escadas de volta com o coração disparado e uma náusea se formando no fundo do estômago.
Mateo estava certo.
E isso doía mais do que qualquer mentira.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 50
Comments
Marlene Almeida
ser traída já e cortante imagina pela irmã
2025-06-02
1
Vanildo Campos
😢😢😢😢😢🫣🫣🫣🫣
2025-06-01
1