3 Era mesmo amor

Deixei Riccardo na biblioteca com seu vinho e suas mentiras. O gosto amargo daquela conversa ainda pesava na minha garganta. Eu precisava de ar.

Caminhei pelos corredores silenciosos da mansão até o jardim. A noite estava fresca, o céu limpo demais para o caos que aquela casa escondia. Acendi um cigarro, encostado numa das colunas, tentando entender por que diabos aquilo me afetava tanto. Eu não me envolvia. Nunca. Era minha regra.

Até que ouvi passos suaves na pedra.

Ela vinha descalça, segurando as sandálias nas mãos, o vestido leve balançando com o vento. Aurora. Com os cabelos soltos, a pele iluminada pela luz da lua e aquele olhar… verde, sereno, quase sonhador. Ela não me viu de imediato — estava longe, distraída. Mas bastou me notar e congelou.

Mateo - Tá fugindo do castelo também? — perguntei, com um meio sorriso.

Ela hesitou, depois se aproximou com cautela.

Autora - Só precisava respirar. A festa parece não ter fim lá dentro.

Mateo- E você… parece querer que ela termine logo. — Dei uma tragada lenta.

Mateo- Cansada de ser o prêmio da noite?

Autora- Eu sou mais do que um prêmio — disse de forma firme, mesmo com a voz baixa.

Ela parou ao meu lado, perto demais. Pude sentir seu perfume. Doce, discreto, completamente diferente de Bianca. Ela era diferente em tudo. Mas havia uma tristeza contida, uma dúvida mascarada por convicção.

Mateo - Gosta dele? — soltei, antes que conseguisse me controlar.

Ela virou o rosto para mim, surpresa.

Autora- Do Riccardo?

Assenti, fingindo despreocupação.

Aurora sorriu de leve, um sorriso melancólico.

Aurora- Ele é tudo o que minha família sempre quis. Forte, seguro, confiável. Ele… ele sabe o que faz. E eu me sinto… protegida ao lado dele. — Suspirou.

Aurora- Então sim, acho que gosto dele.

“Acho.”

A palavra me atravessou. Ela ainda não tinha certeza. E isso era perigoso. Porque bastava um passo em falso… e ela poderia descobrir a verdade da pior forma.

Mateo - Você devia olhar melhor pra quem tá ao seu redor — murmurei, jogando o cigarro fora.

Aurora- Por quê? Vai me proteger de mim mesma? — ela brincou, com um tom leve. Mas algo nos olhos dela me desafiava.

Me aproximei um pouco mais, e por um segundo… tudo parou.

Mateo - Talvez — sussurrei.

Mateo - Ou talvez só esteja esperando você perceber quem realmente merece sua confiança.

Ela desviou o olhar, o rosto corado. E naquele instante, eu soube.

Ela estava apaixonada pelo homem errado.

E eu… estava começando a me apaixonar por ela.

Aurora narrando …

Eu estava prestes a questioná-lo.

Aquela proximidade, o tom da voz dele, o jeito como me olhava… Mateo mexia comigo de um jeito estranho. Confuso. Quente. Como se ele enxergasse coisas em mim que nem eu mesma via.

Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, senti mãos firmes envolverem minha cintura por trás.

Riccardo - Aí está você, minha bela noiva — disse Riccardo, colando os lábios na minha têmpora.

Seu toque, tão natural, tão ensaiado, deveria ter me tranquilizado. Deveria. Mas, por alguma razão, meu corpo ficou tenso. Talvez pela presença de Mateo tão perto. Talvez pelo silêncio repentino que caiu entre nós três.

Riccardo - Estava te procurando por toda parte — continuou Riccardo, virando-me levemente para que eu encarasse seu rosto perfeitamente montado.

Riccardo - O jantar será servido, e todos estão esperando por você.

Aurora- Eu só… precisava de um pouco de ar — murmurei, tentando manter a compostura.

Riccardo - E encontrou companhia, vejo — ele disse, lançando um olhar curto e nada amistoso ao irmão mais novo.

Mateo não respondeu. Apenas me observou. Aqueles olhos castanhos intensos me atravessavam. Sem julgamento. Mas também sem trégua.

Autora- Mateo estava apenas sendo gentil — acrescentei, numa tentativa idiota de aliviar a tensão.

Riccardo - Gentil… é uma palavra nova no vocabulário dele — Riccardo murmurou com um meio sorriso. Mas eu vi. A mandíbula travada, o olhar de posse.

Riccardo - Venha, amor. Os convidados estão ansiosos por nos ver juntos.

Antes que eu pudesse reagir, ele entrelaçou nossos dedos e me puxou de volta para dentro da casa.

Olhei por cima do ombro uma última vez. Mateo ainda estava ali, parado, os olhos cravados em mim. Não disse nada. Mas a intensidade daquele olhar ficou comigo mesmo quando Riccardo me envolveu nos braços, sussurrando palavras doces que pareciam… vazias.

E, por um instante, me perguntei se o que eu sentia por ele era mesmo amor.

Ou apenas necessidade de acreditar em alguma coisa.

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Comments

lua 🌙

lua 🌙

amando esses primeiros capítulos de jogo perigoso

2025-06-02

1

Leoneide Alvez

Leoneide Alvez

capítulo maravilhoso

2025-06-06

1

Leoneide Alvez

Leoneide Alvez

acorda aurora

2025-06-06

1

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