Na segunda-feira, Luna chegou à escola de cabeça baixa, algo incomum para quem sempre entrava como se estivesse numa passarela. Desde o encontro com Caio e a reação do pai, uma sensação incômoda não a deixava em paz.
Na sala de aula, ela o viu sentado na mesma carteira de sempre, escrevendo. Como se nada tivesse acontecido. Mas Luna sabia que tinha. E isso a irritava. Queria que ele olhasse para ela, que dissesse algo, mesmo que fosse para brigar.
Mas Caio só a ignorava.
Durante o intervalo, ela foi até ele.
Luna
— Caio, posso falar com você?
Ele ergueu os olhos lentamente.
Caio
— Pode. Mas vai ser como sua amiga rica ou como... você de verdade?
Ela engoliu seco.
Luna
— Não sei quem sou de verdade.
Caio
— Então começa descobrindo. — Ele se levantou e saiu.
Aquilo a desmontou por dentro.
Naquela mesma tarde, em casa, as coisas pioraram. Luna ouviu uma discussão entre seus pais — uma briga feia. Portas batendo, gritos abafados e frases como:
Angela (Mãe da Luna)
— Você prometeu que não envolveria ela nesse mundo, Gustavo!
Gustavo (Pai da Luna)
— Eu estou protegendo a minha filha!
Ela subiu correndo para o quarto, trancou a porta e ligou o som alto, mas não conseguiu abafar a sensação de que algo estava quebrando. Sua família perfeita... não era perfeita.
Mais tarde, ela recebeu uma mensagem inesperada.
📩“Se quiser terminar o trabalho, estarei na biblioteca da escola amanhã. Mas só se quiser de verdade. – Caio”
Ela sorriu, mesmo sem querer. E respondeu:
📩 “Estarei lá.”
Na manhã seguinte, os dois ficaram horas juntos. Estudando, conversando... e pela primeira vez, rindo.
Caio
— Você tem uma risada engraçada — disse Caio, olhando para ela com um brilho nos olhos.
Luna
— E você é diferente de todo mundo aqui. Não sei se isso é bom ou ruim...
Caio
— Talvez seja os dois.
Eles ficaram em silêncio, mas os olhares diziam tudo.
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