A notícia de que um aluno bolsista havia entrado para a Prestige Elite correu rápido pelos corredores. Alguns alunos zombavam, outros apenas ignoravam. Mas Luna... ela simplesmente não se importava. Ou achava que não se importava.
Durante a aula de história, Luna entrou na sala com o habitual andar firme e olhar entediado. Sentou-se no lugar de sempre, na fileira do meio, perto da janela. O perfume caro que usava preencheu o ar.
Minutos depois, Caio entrou. Silêncio. Todos o olharam.
???
— Esse deve ser o bolsista... — murmurou uma garota atrás de Luna, com desdém.
Clara
— Até que é bonito... — respondeu outra, rindo baixinho.
Luna levantou os olhos. Pela primeira vez, olhou diretamente para Caio. Os dois se encararam por um segundo — apenas um segundo — mas algo naquele olhar a desconcertou. Era firme, intenso... e diferente. Ele não parecia impressionado. Nem submisso. Nem curioso. Era como se ele estivesse vendo além da aparência dela.
Ela franziu o cenho e virou o rosto.
"Presunçoso", pensou.
Caio foi colocado na carteira ao lado dela, e quando passou, ela sentiu um leve arrepio. Ele soltou um “bom dia” educado, e ela sequer respondeu.
A aula seguiu, mas Luna não conseguia parar de reparar na letra bonita dele, no jeito concentrado com que ouvia o professor — algo raro naquela escola onde todos pareciam distraídos com celulares ou segredos de bastidores.
Na saída, Luna caminhava em direção ao carro, até escutar uma discussão no estacionamento.
Aurora
— Eu já disse que não quero que riam dele! — era a voz de Aurora, sua colega de turma e uma das poucas pessoas que tratava todos bem.
Ela falava com um grupo de meninos que estavam rindo de Caio.
Luna parou. Observou tudo de longe.
Caio não reagia. Apenas olhava para o grupo com um olhar calmo, como se já estivesse acostumado a ser subestimado.
Mas então, sem aviso, Luna se aproximou. Todos ficaram em silêncio.
Luna
— Já deu, né? — disse ela, encarando os meninos com frieza.
Luna
— Vão rir da roupa dele agora e amanhã da nota de vocês. Porque do jeito que são burros, talvez ele tire o lugar de vocês no ranking.
Todos arregalaram os olhos. Inclusive Caio.
Luna
— E você? — ela virou para ele.
Luna
— Não precisa de plateia pra brilhar. Só estuda e cala a boca.
Luna entrou no carro e bateu a porta. Mas, ao sentar, olhou pelo retrovisor... e viu Caio sorrindo. Um sorriso discreto, mas genuíno.
E naquele momento, ela odiou o fato de ter gostado desse sorriso.
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