A Mansão Amaral parecia mais silenciosa naquela manhã, mas não era calmaria — era apenas o tipo de quietude que precede o caos.
Dante estava no escritório, como sempre. Os dedos deslizavam pelas páginas de um relatório sobre transações internacionais de uma das empresas da família. O maxilar travado, o olhar impassível.
— A única coisa que me prende aqui é o controle. Emoção não entra nessa equação — murmurou para si mesmo, sem perceber que Rilary estava parada na porta, observando.
Ela vestia uma camisa dele, soltinha, com o cabelo bagunçado da noite anterior.
— Só o controle? — ela provocou, entrando devagar. — Pensei que eu fosse um pouco mais interessante que papelada.
Dante não desviou o olhar das folhas.
— Você é útil quando quero esquecer que estou vivo. Nada mais.
A frase cortou como lâmina. Rilary riu, mas os olhos brilharam de dor.
— E mesmo assim, você volta pra mim todas as noites, Dante.
Ele finalmente a encarou. Olhos cinzentos, gélidos.
— Porque seu silêncio combina com o meu.
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No outro lado da casa, Noah se jogava no sofá com uma ressaca pulsando no crânio. Estava sem camisa, o cigarro meio apagado entre os dedos.
Aurora passou dançando com um copo de suco, usando apenas um short e uma regata fina demais para o café da manhã.
— Baixa essa música mental, playboy — ela zombou. — Tua cara tá gritando socorro.
— Cale a boca, safada disfarçada — ele retrucou, cobrindo o rosto com uma almofada. — Você ainda vai acabar grávida do entregador de pizza com essa dança no corredor.
Aurora riu alto.
— Melhor do que pegar DST todo fim de semana nas suas baladas.
— Inveja é um sentimento feio, maninha — respondeu ele, jogando uma bolacha nela.
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Yara, por sua vez, estava deitada ao sol na beira da piscina. Um biquíni preto, óculos escuros e um livro de psicologia criminal nas mãos.
Um segurança novo passou por ali, e ela nem precisou dizer nada. Apenas cruzou as pernas, provocante, e o olhar do homem caiu sobre ela como se fosse feitiço.
Ela sorriu de canto.
— Se vai me encarar assim, pelo menos traga gelo com limão. E rápido.
A beleza dela era perigosa. Mas o que assustava mesmo era a frieza no coração. Ela gostava do poder, não das pessoas. Só amava os irmãos e os pais. O resto? Apenas distrações.
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No fim do dia, Aurora estava na sala, dançando sozinha ao som de reggaeton. O decote generoso balançava conforme os passos calculados, sensuais. Ela sabia o que fazia — era sua válvula de escape.
Yara passou atrás, rindo.
— E ainda me chamam de provocante.
— Eu sou recatada até as sete — respondeu Aurora, rebolando ainda mais. — Depois disso, eu viro o próprio pecado.
Aslan passou pela porta e parou por um segundo, arqueando a sobrancelha.
— Vocês não têm uma faculdade pra frequentar, não?
Aurora sorriu.
— Já fui. Voltei melhor. Quer ver o boletim?
Aslan soltou um suspiro e seguiu. Ele sabia que os filhos estavam crescendo em mundos diferentes. E que cada um era um espelho partido de tudo que ele foi um dia.
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No jantar, Ayla observava cada um deles em silêncio.
Dante comendo em silêncio ao lado de Rilary, que fingia fazer parte da família.
Noah rindo de uma piada que ele mesmo contou.
Aurora mexendo no celular, com a maquiagem ainda perfeita.
Yara encarando todos como se analisasse um bicho raro.
— Vocês são lindos... e selvagens. — Ayla comentou, sorrindo de forma doce.
— Obrigada, mãe. É o DNA de guerra — Noah respondeu, erguendo a taça.
— E de promessas — completou Dante, sem emoção. — Só que nem todas foram cumpridas.
A mesa ficou em silêncio por alguns segundos.
Mas o que ninguém sabia era que o destino já estava em movimento. E os caminhos de cada um estavam prestes a cruzar com algo — ou alguém — que mudaria o rumo de tudo que acreditavam.
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Naquela noite, Rilary acordou sozinha na cama de Dante. Ele estava no terraço, olhando para a cidade, com um copo de uísque e um olhar perdido.
Noah saiu novamente, desta vez sozinho. Não queria companhia, queria confusão.
Yara foi vista pela câmera de segurança entrando no carro de um advogado vinte anos mais velho.
Aurora? Ela dançava em frente ao espelho, experimentando lingeries novas, só para saber até onde sua ousadia poderia chegar.
E no meio de tudo isso, Ayla e Aslan sabiam:
Os filhos do caos estavam prontos para começar suas próprias guerras.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Lucia Sousa
Comecei ler agora 21:16. 28/5/2025
2025-05-29
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