Não me pertencia mais

A dança era uma guerra silenciosa.

Cada passo, um embate.

Cada toque dele, uma declaração de posse.

E por mais que eu mantivesse a expressão firme, por dentro… estava em colapso.Mas não era medo.Era o que vinha depois. O que estava por trás daquele olhar dele.Vitor não queria apenas vencer meu pai.Ele queria me vencer.

E quando achei que a dança acabaria sem maiores danos, ouvi passos rápidos atrás de nós.

Meu corpo travou antes mesmo de virar.

Lorenzo.

Lorenzo- Já chega disso — ele falou, com a voz mais alta do que deveria.

As pessoas pararam de dançar. O salão se silenciou.

Vitor se virou apenas o suficiente para vê-lo.

Mas não me soltou.

Vitor - Posso ajudar? — ele perguntou, a voz baixa, mas letal.

Lorenzo - Pode tirar as mãos dela. Agora.

Vitor - Não terminou a música.

Lorenzo se aproximou com um passo agressivo.

Lorenzo - Eu disse… tira as mãos dela, Mancini.

O silêncio virou um campo de batalha.

Vitor soltou um suspiro leve, como quem está se contendo por puro tédio.

Vitor - Beatriz, querida… — ele disse, me olhando. — O seu brinquedo está latindo.

Lorenzo partiu pra cima.

Mas antes mesmo de levantar a mão, Vitor já havia se virado e o segurado pelo colarinho.

Vitor - Você tem três segundos pra se afastar, garoto — murmurou com os dentes cerrados, o olhar cravado no dele.

Vitor - Antes que eu quebre cada osso da sua mão por encostar nela diante de mim.

Lorenzo - Você não manda em mim! — Lorenzo cuspiu, tentando se soltar.

Vitor o empurrou com força, fazendo-o tropeçar dois passos para trás.

Vitor - Eu mando no mundo onde você está tentando brincar de mafioso, moleque.

O olhar dele era fogo e aço.

Vitor - Encosta nela de novo, e eu não discuto mais. Eu destruo.

Lorenzo me olhou.

Ferido. Envergonhado. Humilhado.

Eu queria protegê-lo. Mas naquele momento… ele parecia menor.

E Vitor?

Vitor parecia inevitável.

Lorenzo se afastou com o ego estilhaçado.

Vitor me puxou de volta para seus braços com a mesma firmeza de antes.

Vitor- Como eu disse… a dança não terminou.

E ali, cercada de olhares e escândalos, com o corpo grudado ao do meu inimigo…

Eu percebi que a guerra já tinha começado.

E eu era o prêmio.

Ainda estávamos no centro do salão.

Meu corpo grudado ao dele.

O escândalo recém-acontecido ecoando nos olhares ao redor.

Lorenzo havia se afastado, mas não antes de ser esmagado pelo orgulho de Vitor.

E eu ainda estava ali, imóvel, entre o calor do domínio dele e o frio do que isso significava.

Foi então que ouvi passos apressados.

Helena - Que espetáculo desagradável… — a voz doce demais para a ocasião cortou o ar.

Minha mãe.

Chegou com um sorriso elegante, frio, calculado — daqueles que encobrem tudo o que realmente sente.

E logo atrás dela…

Meu pai. Ricardo De Luca.

O verdadeiro monstro da história.

O homem que me criou para odiar tudo que tinha sangue Mancini.

Ricardo - Vitor — meu pai disse com um sorriso forçado, cumprimentando-o com um aperto de mão tenso.

Ricardo -Vejo que encontrou minha filha.

Vitor não soltou minha cintura.

Não recuou.Ele apenas olhou para meu pai com a calma de quem segura um revólver invisível apontado para a testa de alguém.

Vitor - Difícil não notar — disse ele.

Vitor - Ela é… inesquecível.

Meu pai estreitou os olhos.

Minha mãe riu baixo, tentando tirar a tensão do ar.

Helena - Jovens são intensos — disse ela, olhando para mim com um aviso por trás do sorriso. — Mas vamos manter o clima leve, não é? Afinal, é uma noite de paz…

Vitor - Claro — Vitor respondeu, mas sua mão apertou mais minha cintura.

Vitor - Paz exige… controle. E eu gosto de deixar claro onde está o meu.

Minha respiração travou.

Era isso.

Ele não estava só brincando comigo.

Estava enviando uma mensagem.

Para Lorenzo. Para meu pai. Para o mundo inteiro.Ele me queria.E estava disposto a enfrentar o inferno por isso.

Meu pai sorriu de volta, mas os olhos dele diziam outra coisa.Diziam que aquilo não acabaria ali.

Que Vitor havia ultrapassado a linha e que sangue seria cobrado mais cedo ou mais tarde.

Ricardo - Beatriz — meu pai chamou, o tom mais firme. — Preciso falar com você. Em particular.

Vitor ainda não me soltava.

Beatriz - A dança terminou — murmurei para ele, baixo, firme.

Ele se aproximou mais, como se quisesse tatuar sua presença em mim.

Vitor - Ainda não.

E então, ele sussurrou bem junto ao meu ouvido:

Vitor - Eu vou te-lá , Beatriz. Uma dança de cada vez… ou de uma vez por todas.

Soltou minha cintura.

Mas não me soltou de verdade.

Porque naquele instante, enquanto eu caminhava até meus pais, sentia que algo dentro de mim já não me pertencia mais.

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Comments

Leoneide Alvez

Leoneide Alvez

eita que desputa

2025-05-18

0

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