Meu Garoto Secreto
O sino tocou, marcando o início de mais um dia na *Elite Crest Academy*, uma das escolas particulares mais exclusivas de Nova York. O corredor estava cheio de alunos conversando, rindo e trocando olhares antes de entrarem em suas salas. Entre toda aquela agitação, um garoto magro, de cabelos castanhos desalinhados e olhos baixos tentava passar despercebido.
Lucas Oliveira era seu nome. Tinha acabado de se mudar para a cidade depois que seu pai conseguira um emprego melhor. Nova York era enorme, barulhenta e assustadora, e aquela escola, cheia de pessoas ricas e confiantes, parecia um mundo completamente diferente do seu. Ele ajustou a mochila nos ombros, sentindo o peso do desconforto.
— Nova turma, novo começo… — murmurou para si mesmo, tentando se convencer de que tudo ficaria bem.
Ao entrar na sala 12-B, alguns olhares curiosos se voltaram para ele. O professor, um homem alto de óculos, acenou para que ele se aproximasse.
— Turma, temos um novo aluno hoje. Que tal se apresentar? — disse o professor, com um sorriso encorajador.
Lucas engoliu seco. Odiava ser o centro das atenções.
— Eu… sou Lucas. Lucas Oliveira. Acabei de me mudar para Nova York. — Sua voz era quase um sussurro, e alguns alunos se entreolharam, alguns com pena, outros com desinteresse.
Foi quando a porta da sala se abriu com um estrondo.
— Desculpe o atraso, professor! — uma voz charmosa e confiante ecoou pela sala.
Lucas virou-se e viu um garoto alto, loiro, com um sorriso perfeito e roupas que gritavam *dinheiro*. Seus olhos azuis brilhavam de divertimento, como se a vida fosse uma piada privada que só ele entendia.
— Ah, e quem é você? — o garoto perguntou, olhando diretamente para Lucas com um interesse súbito.
— Eu… sou o novo aluno. Lucas.
— *Lucas* — o garoto repetiu, como se estivesse testando o nome. — Eu sou Adrian Hart. Bem-vindo à Elite Crest.
Adrian estendeu a mão com um sorriso que faria qualquer um se derreter. Lucas hesitou, mas apertou-a timidamente.
— Obrigado…
O professor interrompeu o momento, indicando os lugares. Adrian, no entanto, não parecia disposto a deixar Lucas escapar tão fácil.
— Senta aqui do meu lado, novato. — Ele puxou a cadeira ao lado da sua, como se já tivesse decidido que Lucas seria seu novo projeto.
Lucas sentou-se, sentindo um frio na espinha. Algo naquele sorriso perfeito de Adrian não era… genuíno.
E ele não fazia ideia do que o garoto popular realmente queria com ele.
A aula começou com a professora Dawson entrando na sala, seus saltos altos ecoando no chão de madeira lustrada. Ela era uma mulher de meia-idade, cabelos castanhos presos em um coque rígido, e óculos de aro fino que refletiam a luz fluorescente da sala. Seu olhar percorreu a turma, pousando por um breve instante em Lucas antes de seguir adiante.
— Bom dia, turma. Hoje vamos trabalhar com análise de texto. Abram seus livros na página 152.
Lucas baixou os olhos para o livro, aliviado por ter algo em que se concentrar além dos olhares curiosos — e alguns nem tão discretos — dos colegas. Ele já estava acostumado a ser o novo, o estranho, o que não pertencia. Mas algo naquela escola era diferente. Talvez fosse o jeito como todos pareciam se mover com uma confiança que ele nunca teve, como se o mundo já lhes pertencesse.
Enquanto folheava o livro, uma nota de papel deslizou sobre sua mesa.
*"Você é bem quieto, não é? Relaxa, a gente não morde."*
Lucas ergueu os olhos e viu Adrian sorrindo para ele, o cotovelo apoiado na mesa, o queixo na mão, como se estivesse completamente desinteressado na aula. Ele hesitou, mas pegou a caneta e escreveu uma resposta curta:
*"É que ainda não conheço ninguém."*
Adrian leu e soltou um riso baixo, fazendo a garota sentada à frente dele — uma loira com unhas perfeitamente pintadas — virar-se com um olhar intrigado.
— Alguém quer compartilhar com a turma o que é tão engraçado? — A voz seca da professora Dawson cortou o ar.
Adrian, imperturbável, ergueu as mãos em um gesto de inocência.
— Desculpe, professora. Só achei interessante o texto.
Ela franziu os lábios, claramente não acreditando nele, mas decidiu ignorar.
— Continuem a leitura. Em quinze minutos, discutiremos as questões.
Lucas baixou a cabeça novamente, tentando ignorar o fato de que Adrian agora observava cada movimento seu. Ele se concentrou no texto, sublinhando trechos com uma precisão meticulosa. Estudar sempre fora seu refúgio, o lugar onde ele podia controlar as coisas.
Mas Adrian não parecia disposto a deixá-lo em paz.
— Você é bem nerd, né? — sussurrou, inclinando-se para mais perto.
Lucas encolheu os ombros, sem saber se aquilo era um elogio ou uma provocação.
— Eu só gosto de estudar.
Adrian sorriu, como se aquela resposta fosse exatamente o que ele esperava.
— Bom saber.
Algo naquele tom fez Lucas olhar para ele, mas Adrian já havia se virado, rabiscando algo em seu próprio livro com um ar distraído.
Quando a aula terminou, Lucas fechou seu caderno rapidamente, ansioso para sair dali. Mas antes que pudesse levantar, Adrian bloqueou seu caminho, apoiando-se na mesa ao lado.
— Então, Lucas. Você almoça sozinho?
A pergunta era simples, mas carregada de algo que Lucas não conseguia nomear. Ele olhou para os lados, como se esperasse que alguém dissesse que aquilo era uma pegadinha.
— Eu… normalmente sim.
— Que deprê. — Adrian fez uma careta exagerada. — Bem, hoje você vai almoçar comigo.
Não era um convite. Era uma declaração.
Lucas abriu a boca para protestar, mas Adrian já estava andando em direção à porta, como se tivesse certeza de que ele seguiria.
E, por algum motivo que ele mesmo não entendia, Lucas o seguiu.
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