Umbra: Sussurros nas Sombras

Ao contrário das chamas e do calor que dominavam os céus do território Ignis, a névoa era eterna sobre os domínios do Clã Umbra. Localizado nas profundezas do Vale de Duskrel, entre montanhas altas e cobertas por uma floresta perene, o clã vivia em constante penumbra. A luz do sol raramente tocava o solo, filtrada pelas nuvens espessas e pelas árvores densas. Ali, o silêncio era a regra. Nem mesmo os pássaros ousavam cantar.

Não havia celebrações, nem multidões reunidas. A seleção dos representantes era feita à sombra, sem plateia. Para o Umbra, espetáculo era sinal de fraqueza. O verdadeiro guerreiro não precisava ser visto — bastava ser sentido… e temido.

Nas ruínas de um antigo templo coberto por trepadeiras escuras e musgos venenosos, dois jovens já estavam de pé. Um de cada lado da arena circular. Seus olhos se observavam por entre as sombras, imóveis como estátuas.

Nyra Umbra, a mais velha, mantinha o capuz baixo. O rosto pálido mal era visível. Ela segurava duas adagas curvadas com lâminas negras como breu. Seus olhos não expressavam raiva, ansiedade ou ambição — apenas propósito.

Kalen Umbra, com os cabelos grisalhos caindo sobre os olhos, tinha um semblante enigmático. A capa esvoaçava com o vento frio da montanha. Ele não empunhava arma alguma visível. Sua força estava no invisível.

— Já está pronto? — perguntou Nyra, sem mover os lábios. A voz parecia ecoar dentro da mente dele.

— Sempre estive. — Kalen respondeu, surgindo atrás dela antes que o som pudesse alcançar o ar.

Eles não eram inimigos. Treinaram juntos, cresceram juntos. Mas ali, sob os olhos da Sombra Suprema, precisavam provar que eram superiores aos demais aprendizes — não um ao outro, mas aos que vinham espreitando nas sombras.

Subitamente, quatro silhuetas saltaram do alto do templo. Eram os outros finalistas, cobertos por máscaras e armaduras leves.

Nyra girou as adagas, fazendo-as se desfazerem em névoa escura, antes de se materializar em suas costas como tentáculos de sombra.

Kalen ergueu a mão, e a própria sombra do chão começou a se erguer, tomando forma de bestas lupinas.

Nenhuma palavra foi dita. O embate foi silencioso, mas brutal. Enquanto um inimigo tentava se aproximar por trás de Kalen, sua sombra se movia sozinha e cravava-se na carne do adversário. Nyra, por sua vez, parecia dançar entre os ataques, sumindo e reaparecendo atrás dos oponentes com cortes limpos e silenciosos.

Foram minutos que pareceram segundos. Quando o nevoeiro assentou, apenas os irmãos estavam de pé. Os outros quatro caídos, mas vivos — apenas desacordados, como manda o código do Umbra.

A névoa ao redor se agitou, e uma figura envolta em um manto vivo emergiu da escuridão. Era o Ancião Umbra, aquele que carrega os segredos da fundação do clã.

— Vocês provaram que são sombras. Que podem andar onde ninguém mais pode. — Sua voz parecia vir de todas as direções.

Ele se aproximou de ambos e, com um gesto, liberou uma fumaça espessa que se moldou em símbolos arcanos, marcando seus peitos com o Emblema Umbra — uma lua invertida envolta em espinhos negros.

A marca ardeu, mas nenhum deles gritou.

— A Convergência se aproxima. E agora, as sombras caminharam entre os outros clãs.

Nyra olhou para Kalen.

— Está pronto para andar entre a luz?

— Estou pronto para apagá-la, se for necessário.

Enquanto a névoa se fechava ao redor do templo, os dois irmãos desapareceram novamente — como se nunca tivessem estado ali.

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Comments

Brian

Brian

Tão apaixonante. 💘

2025-05-09

1

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