Na segunda-feira seguinte, uma nova aluna entrou na escola. Manuela. Linda, com um olhar afiado e um sorriso estrategicamente encantador.
Era a ex de Lucas — o tipo de ex que não sabia aceitar o fim.
Bastou ela avistar Beatriz no corredor, para que os olhos estreitassem como uma caçadora escolhendo a presa.
E Manuela era o tipo de garota que jogava para ganhar. Fazia silêncio virar atenção.
Quando entrou na sala de aula, foi como se todos os olhares gravitassem em sua direção, como se a própria luz do sol decidisse favorecê-la.
Beatriz não a reconheceu de imediato, mas Lucas, sim.
Lucas ficou pálido...
Lucas
Ela voltou...
(disse ele em voz baixa)
Beatriz
Ela quem?
(Beatriz perguntou, franzindo a testa)
Lucas
Manuela.
Beatriz demorou dois segundos para fazer a conexão. Três para lembrar das poucas vezes que Lucas mencionara a ex. E quatro para perceber que Manuela estava parada alguns passos atrás deles, observando com um sorriso que não era exatamente amigável.
Manuela
Oi, Lucas!
Disse Manuela, com a voz melódica de quem treina cada sílaba como se fosse parte de um encantamento...
Manuela
E… você deve ser Beatriz, certo? Já ouvi muito sobre você.
Beatriz
Posso dizer o mesmo. Ou quase nada, na verdade.
Beatriz respondeu, com um sorriso doce que escondia o amargor da intuição afiada.
Manuela
Espero que esteja cuidando bem dele.
Disse Manuela, sem perder a pose.
Manuela
Lucas é ótimo na cozinha… e em muitas outras coisas.
Lucas limpou a garganta, visivelmente desconfortável.
Lucas
Manuela, a gente já falou sobre limites...
Manuela
Falei só de bolo, relaxa!
(Ela piscou)
Mas Beatriz sabia: guerra declarada.
Nos dias que se seguiram, Beatriz se viu dividida entre três frentes:
• Evitar Manuela e seus comentários passivo-agressivos.
• Manter o foco no projeto do “Bolo Perfeito” com Lucas, que estava cada vez mais empenhado — e mais próximo.
• Lidar com o fato inusitado de que Gabriel estava finalmente começando a notá-la.
Comments