Capítulo 2: As Frestas da Realidade

O silêncio, aquele mesmo que antes me parecia reconfortante, agora era meu inimigo mais perigoso. Ele não estava mais ali para me dar paz. Ele era denso, pesado, e invadia cada canto do meu apartamento como uma sombra persistente.

Acordei novamente no meio da noite. Não sabia quanto tempo se passou desde o último pesadelo, mas o quarto estava gelado, as luzes piscando suavemente, como se uma presença invisível estivesse tentando chamar minha atenção. Eu estava quase acostumada com a sensação de ser observada, mas não consegui me acostumar com a ideia de não saber de onde vinha. O pânico se instalava mais rápido do que eu poderia processar.

As luzes continuaram a piscar.

Levantei-me rapidamente, meus pés tocando o chão frio. Tentei acionar a lâmpada ao lado da cama, mas ela se recusou a ligar. Respirei fundo, tentando afastar o pânico. Não deixe a paranoia tomar conta, me disse a voz da razão que ainda tentava se fazer ouvir. Mas a voz do medo era mais forte, e ela estava sempre presente, rastejando pelas frestas da minha mente.

Caminhei até a janela, tentando olhar para fora, mas a cortina estava tão fechada que mal havia brecha para a luz da rua entrar. Passei os dedos pelos fios de cabelo, sentindo a umidade da minha pele. Algo não estava certo. O ar estava carregado. Eu podia sentir como se algo estivesse ali, observando cada movimento meu, esperando que eu fizesse um erro.

A cada passo que eu dava, sentia o coração acelerar. De repente, ouvi algo. Um som suave, mas inconfundível. Um sussurro. Um murmúrio quase imperceptível. O ar parecia se espessar ainda mais, e a tensão no ambiente aumentou. Olhei ao redor, mas a única coisa visível era a minha própria imagem refletida no espelho da sala.

Dei um passo para trás, mas algo me fez parar. O reflexo. Eu estava sozinha ali, eu sabia, mas... minha imagem no espelho não parecia tão solitária assim. Era como se estivesse... observando algo.

Girei rapidamente, e a visão do espelho se dissipou. Não havia ninguém na sala.

Ou talvez houvesse.

O cheiro no ar, aquele perfume doce e artificial, não era meu. Eu não usava aquele tipo de fragrância. Fui até o espelho novamente, sentindo a dor crescente na garganta, tentando entender o que estava acontecendo. No fundo, eu sabia que não estava ficando louca. Algo real estava acontecendo. Algo que eu não conseguia controlar.

Cerca de meia hora depois, decidi sair do apartamento. Precisava respirar, sair da espiral de medo que estava me engolindo. Peguei minha bolsa, trancando a porta atrás de mim, e saí para caminhar pelas ruas vazias. A cidade estava estranhamente quieta, como se todos os seus habitantes tivessem desaparecido. A luz do luar iluminava as calçadas de forma incomum, dando uma sensação de distorção, como se o mundo real estivesse se desintegrando ao meu redor.

Foi então que algo, ou alguém, me fez parar. O som de passos atrás de mim. Estava sozinha, mas a sensação era inconfundível. Olhei para trás, mas não vi ninguém. Só a rua deserta e as sombras que se alongavam sob o luar.

Mas os passos estavam lá. E eu sabia que eles não eram apenas imaginários.

Comecei a andar mais rápido, sentindo o peso da presença atrás de mim. O medo novamente. A adrenalina disparou. Ele está me seguindo, pensei. Mas quem? O bilhete, o perfume, a sensação de ser observada — tudo se encaixava, mas nada fazia sentido.

Olhei para a esquina e vi algo que me fez parar de novo. Uma silhueta de um homem, encostado na parede, como se estivesse esperando por mim. Ele não se moveu, mas eu podia sentir o olhar fixo sobre mim. Não sabia o que fazer, mas a resposta era clara: correr.

Meu coração batia tão forte que quase não podia ouvir os passos que agora estavam tão próximos. Respirei fundo e tentei agir rápido, virando a próxima esquina. Não estava mais na mesma rua que conhecia. Algo havia mudado. O medo começava a consumir minha razão.

Ele não estava mais me seguindo. Ele estava à minha frente.

Mas quando olhei novamente, a rua estava vazia.

Eu estava sozinha. E esse silêncio não era mais meu amigo.

Agora ele era uma armadilha.

Capítulos
1 Prólogo
2 Capítulo de Anúncio – Um Recomeço para o Medo
3 Capítulo 1 - O Silêncio do Início
4 Capítulo 2: As Frestas da Realidade
5 Capítulo 3 — Você Só Não Lembra
6 Capítulo 4 - A Revisão da Realidade
7 Capítulo 5 - O Observador Silencioso
8 Capítulo 6 – Entre as paredes
9 Capítulo 7 — O nome dele
10 Capítulo 8 — Onde o medo mora
11 Capítulo 9 — Uma boneca em carne viva
12 Capítulo 10 — O dia em que ela devolveu o olhar
13 Capítulo 11 — A Corda Invisível
14 Capítulo 12 - A Luta Pela Identidade
15 Capítulo 13 – O Início da Resistência
16 Capítulo 14 – A Face do Obscuro
17 CAPÍTULO 15 — O JOGO SILENCIOSO
18 Capítulo 16 – Voz Ativa
19 Capítulo 17 – Labirintos da Mente
20 Capítulo 18 – Vozes Ecoam
21 Capítulo 19 – Fragmentos de Controle
22 Capítulo 20 – O Cativeiro
23 Capítulo 21 – A Mente Cativa
24 Capítulo 22 – A Mente Rebelde
25 Capítulo 23 – A Última Armadilha
26 Capítulo 24 – A Voz de Isabela
27 Capítulo 25 – O Último Jogo
28 Capítulo- 26 Vozes Silenciadas
29 Capítulo 27: O Plano de Fuga
30 Capítulo 28 – As Sombras Não Têm Voz
31 Capítulo 29: A Proposta Irrecusável e a Fuga de Lucas
32 Capítulo 30: A Sombra do Passado
33 Capítulo 31 – A Última Jogada
34 Capítulo 32 – Quando a Caça Vira Caçada
35 Capítulo 33 – O Último Round
36 Capítulo 34 – O fim de um ciclo
37 Capítulo 35: A Redenção nas Palavras
38 Capítulo 36: Segundo Capítulo Da História De Clara
39 Capítulo 37: O Recomeço
40 Capítulo 38: Quando Clara Gritou
41 Capítulo 39 – Epílogo
42 Agradecimentos finais!
Capítulos

Atualizado até capítulo 42

1
Prólogo
2
Capítulo de Anúncio – Um Recomeço para o Medo
3
Capítulo 1 - O Silêncio do Início
4
Capítulo 2: As Frestas da Realidade
5
Capítulo 3 — Você Só Não Lembra
6
Capítulo 4 - A Revisão da Realidade
7
Capítulo 5 - O Observador Silencioso
8
Capítulo 6 – Entre as paredes
9
Capítulo 7 — O nome dele
10
Capítulo 8 — Onde o medo mora
11
Capítulo 9 — Uma boneca em carne viva
12
Capítulo 10 — O dia em que ela devolveu o olhar
13
Capítulo 11 — A Corda Invisível
14
Capítulo 12 - A Luta Pela Identidade
15
Capítulo 13 – O Início da Resistência
16
Capítulo 14 – A Face do Obscuro
17
CAPÍTULO 15 — O JOGO SILENCIOSO
18
Capítulo 16 – Voz Ativa
19
Capítulo 17 – Labirintos da Mente
20
Capítulo 18 – Vozes Ecoam
21
Capítulo 19 – Fragmentos de Controle
22
Capítulo 20 – O Cativeiro
23
Capítulo 21 – A Mente Cativa
24
Capítulo 22 – A Mente Rebelde
25
Capítulo 23 – A Última Armadilha
26
Capítulo 24 – A Voz de Isabela
27
Capítulo 25 – O Último Jogo
28
Capítulo- 26 Vozes Silenciadas
29
Capítulo 27: O Plano de Fuga
30
Capítulo 28 – As Sombras Não Têm Voz
31
Capítulo 29: A Proposta Irrecusável e a Fuga de Lucas
32
Capítulo 30: A Sombra do Passado
33
Capítulo 31 – A Última Jogada
34
Capítulo 32 – Quando a Caça Vira Caçada
35
Capítulo 33 – O Último Round
36
Capítulo 34 – O fim de um ciclo
37
Capítulo 35: A Redenção nas Palavras
38
Capítulo 36: Segundo Capítulo Da História De Clara
39
Capítulo 37: O Recomeço
40
Capítulo 38: Quando Clara Gritou
41
Capítulo 39 – Epílogo
42
Agradecimentos finais!

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