Eu estava resistente… Meu orgulho gritava… Minha dor sangrava.Mas Miguel…Ele era tudo.
E ele estava piorando a cada dia.
Não podia vê-lo definhar , não podia enterrar meu filho sem lutar até o último suspiro.Decidi.
Pedi a transferência do caso para a capital.
Para onde havia mais recursos…Para onde havia mais chances.
E então, sem ter para onde fugir, voltei para aquela cidade.
A mesma cidade da qual um dia saí escorraçada, humilhada, arrastando a pouca dignidade que me restava.
O coração pesava no peito como uma âncora.
As lembranças me esmagavam a cada esquina.
O hospital novo era a poucos quilômetros da mansão dos Vasconcellos.
Só de pensar, minha pele queimava de vergonha.
Mas agora, nada disso importava.
Eu faria qualquer coisa pelo meu filho.
Até mesmo…
Enfrentar meu passado.
Miguel dormia pálido na maca da ambulância.
Segurei firme a mãozinha dele, prometendo em silêncio:
Isabela - Você vai viver, meu amor. Mesmo que eu tenha que ajoelhar diante do próprio demônio para isso.”
O hospital da capital era imenso.
Salas claras, equipamentos modernos.
Mas os custos…
Assim que recebi o primeiro orçamento, soube:
Eu não tinha chances.
Nem com três vidas trabalhando de sol a sol o dinheiro era absurdo.Inalcançável para alguém como eu.
Foi naquela noite, sentada sozinha no quarto de hospital, com Miguel gemendo de febre ao meu lado, que tomei a decisão que mais me doeu.
Respirei fundo, peguei o celular antigo nas mãos trêmulas.
O número dele ainda estava gravado.
Nunca tive coragem de apagar.Leonardo Vasconcellos.O nome que ainda queimava minha alma.Meus dedos hesitaram sobre a tela.Meu estômago se revirava.Meu orgulho chorava.Mas minha maternidade gritava mais alto.
E então, com o coração em pedaços…
Eu disquei.
O telefone chamou uma vez.
Duas.
Três.
Eu já pensava em desligar, quando a voz dele atravessou a linha:
Leonardo - Alô?”
Fria , autoritária tão familiar que doeu engoli em seco.
Isabela - Leonardo…” sussurrei, quase sem voz.
Silêncio.
Ele reconheceu.
Eu senti.
Leonardo - Isabela?” a voz dele caiu uma oitava. Surpresa. Irritação. Memórias.
Isabela - Eu… preciso falar com você,” consegui dizer, sufocando as lágrimas.
Leonardo - Por quê? Quer mais dinheiro? Ou só quer brincar de vítima de novo?” ele disparou, cruel como sempre.
Fechei os olhos.
A dor atravessou meu peito como uma lâmina.
Isabela - Não é por mim,” falei firme. “É pelo nosso filho.”
O silêncio do outro lado foi tão intenso que pude ouvir meu próprio coração.
(Leonardo mal sabia que a vida dele estava prestes a mudar para sempre.
E, talvez, finalmente, ele tivesse a chance de consertar tudo que destruiu.)
Eu esperei no corredor frio do hospital.
As paredes brancas pareciam me sufocar.
Minhas mãos tremiam.
Meu coração queria fugir.
Até que ouvi passos firmes ecoando no corredor de mármore olhei e lá estava ele.
Leonardo.Alto, imponente…Arrogante como sempre.
Ao lado dele, grudada como uma sombra venenosa, estava Valentina, ainda mais bonita, ainda mais cruel.
Meu estômago revirou.
Leonardo me lançou um olhar carregado de desprezo.
Não havia saudade.Não havia pena.Só raiva.
Leonardo - Onde está?” ele perguntou seco, como se falasse de uma mercadoria quebrada.
Isabela - No quarto… ele está muito doente,” respondi baixinho, tentando ignorar o peso de sua presença.
Antes que eu pudesse explicar, Valentina soltou uma risada debochada.
Valentina - E então, Isabela… vai contar agora? Quem é o pai de verdade? Porque meu amor aqui não é idiota.”
Leonardo cruzou os braços, olhando para mim como se eu fosse a pior sujeira do chão.
Meu peito se apertou.
Engoli em seco.
Isabela - Ele é seu filho, Leonardo,” falei com toda a força que ainda me restava.
Valentina - HA!” Valentina gargalhou. — Isso é patético. Você some por cinco anos e aparece com uma criança na porta, como se fosse entregar uma encomenda?”
Leonardo franziu a testa, cínico.
Leonardo - Acha mesmo que eu vou cair nessa história barata? Deve ser filho de algum qualquer com quem você se deitou quando fugiu.”
As palavras foram como tapas.Mas eu permaneci de pé.Pelo meu filho.
Isabela - Não importa o que você pensa,” falei, a voz firme apesar das lágrimas ardendo nos olhos.
Isabela - Eu não vim pedir nada pra mim. Eu vim pedir ajuda… pelo Miguel.”
Valentina revirou os olhos, impaciente.
Valentina - Que drama. Isso é chantagem emocional, Leo. Deixa essa pobrezinha com seus problemas.”
Leonardo me olhou de cima abaixo.
Como se estivesse considerando virar as costas naquele instante.
Meu coração disparou.
Isabela - Por favor,” sussurrei.
Isabela - Ele precisa de tratamento urgente. Eu não tenho dinheiro. Se você quiser fazer um teste de DNA depois, tudo bem. Mas agora, o importante é salvar a vida dele.”
Pela primeira vez, vi algo vacilar no olhar de Leonardo.Uma sombra de dúvida.De medo.
Mas ele rapidamente se recompôs.
Leonardo - Vou pensar,” disse, seco.
Leonardo - Mas não espere muito de mim.”
Valentina puxou o braço dele, mas Leonardo ficou, observando-me com uma expressão dura, indecifrável.
Eu apenas curvei a cabeça, com orgulho ferido, mas o coração cheio de esperança.
Talvez, só talvez…
Ele ainda tivesse alguma humanidade dentro daquele peito gelado.
Eu não me importava com humilhações.Com ódio.Com desprezo.
Só me importava que Miguel vivesse.
(Mas mal sabia eu que a volta de Leonardo à minha vida iria trazer à tona verdades enterradas…
E que o destino ainda reservava muito mais dor — e talvez, redenção — para todos nós.)
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Atualizado até capítulo 62
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