Eu não sabia para onde ir.
Só sabia que precisava sumir.
Peguei o primeiro ônibus que encontrei na rodoviária, usando o pouco de dinheiro que roubei dele.
Cada quilômetro afastando-me daquela cidade parecia arrancar uma camada da dor cravada no meu peito.
Eu chorava em silêncio, olhando pela janela.
O mundo parecia enorme, assustador…
Mas pela primeira vez em muito tempo, eu não era prisioneira de ninguém.
Cheguei a uma cidade pequena, no interior.
O tipo de lugar onde ninguém fazia muitas perguntas.
Aluguei um quarto minúsculo nos fundos de uma pensão decadente.
As paredes eram finas, o cheiro de mofo impregnava o ar.
Mas era meu.
Era liberdade .. Os dias passaram devagar.
Comecei a trabalhar em uma cafeteria simples, limpando mesas e lavando louça.
Não era glamoroso , não era o que eu imaginei para minha vida.Mas era honesto.
Era a chance de dar ao meu filho nosso filho uma vida melhor do que a que eu tive.
Eu o sentia, todos os dias, crescendo dentro de mim.
O único ser no mundo que me amava sem julgamentos.
O único pelo qual eu não podia desistir.Algumas noites, acordava chorando.Lembrando da forma como Leonardo me olhava.Do jeito como ele me desprezava.Do riso cruel de Valentina .. Da solidão esmagadora.
Mas cada manhã eu me forçava a levantar… Pelo meu bebê.Pela promessa que fiz a mim mesma: nunca mais depender de ninguém para ser feliz.
Enquanto isso, em algum lugar, eu sabia que Leonardo ainda achava que eu era dele.Que, sem assinar aqueles papéis, ele ainda tinha algum poder sobre mim.
Mas o que ele nunca entendeu é que poder nenhum segurava uma mulher que escolheu ser livre.
E um dia…Ele descobriria que nem todo amor sobrevive ao orgulho.
(Naquela noite, deitada na cama estreita, com a mão sobre o ventre já levemente arredondado, sussurrei para meu filho:)
Isabela- Eu prometo, meu amor… a nossa história vai ser diferente.”
E pela primeira vez em muito tempo…
Eu dormi em paz.
Cinco anos haviam se passado.
Cinco anos de lutas silenciosas, de trabalho duro, de noites em claro…
Mas também de sorrisos sinceros.
Tudo por ele Miguel .. Meu pequeno milagre.
Ele era a luz da minha vida… Tinha meu sorriso mas os olhos… os olhos eram dele.
De Leonardo.
A mesma cor intensa. O mesmo brilho determinado.
Eu jamais contei a verdade a ninguém.
Na cidade pequena onde morávamos, éramos apenas mãe e filho.
Uma família pequena, mas cheia de amor, Naquela manhã, tudo parecia normal.Miguel foi para a escola, animado como sempre.
Mas no meio da tarde, o telefone tocou.
O nome da escola piscava na tela.
Meu coração gelou .. Atendi com as mãos trêmulas.
— “Dona Isabela, é melhor a senhora vir rápido. O Miguel passou mal. Está desmaiado.”
O mundo girou , corri para a escola como nunca corri antes.Encontrei meu menino pálido, caído nos braços da diretora, os lábios trêmulos.
Peguei-o nos braços, desesperada, sentindo o corpinho dele tão leve… tão frágil.
O primeiro hospital não soube o que fazer.O segundo também não dias viraram semanas.Exames, consultas, idas e vindas de hospitais.
Miguel piorava.
A febre não cedia.
A energia dele, que sempre iluminou meus dias, parecia se apagar pouco a pouco.
Finalmente, num hospital maior, em uma sala fria e cheia de cheiro de desinfetante, o médico me chamou.
Sentei na frente dele, apertando as mãos até os dedos doerem.
O médico ajeitou os óculos, consultou os papéis.
Depois me olhou nos olhos.
— “Dona Isabela… seu filho tem uma condição rara. Uma doença genética grave.”
O chão sumiu sob meus pés.
Minha boca ficou seca.
— “É uma deficiência grave no sistema imunológico,” ele explicou, a voz pesada. “O corpo dele não consegue se defender contra infecções simples.”
Eu já não ouvia direito.
Via apenas a boca do médico se movendo, e meu mundo desmoronando.
— “Existe tratamento,” ele disse. “Mas é caro. Muito caro. E urgente.”
Olhei para as minhas mãos vazias.
Para minha vida simples.
Sabia que não tinha como pagar aquilo.Miguel precisava de mim.E eu estava falhando.
Com os olhos marejados, beijei a testa suada do meu filho naquela noite de hospital.
E prometi a ele — como já prometi uma vez:
Isabela - Eu vou te salvar, meu amor. Nem que eu tenha que enfrentar o mundo inteiro.”
(Mal sabia eu… que o mundo estava prestes a me forçar a voltar para o único homem que poderia nos ajudar.
O único que poderia salvar Miguel.
E o único que poderia, novamente, destruir meu coração.)
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Vanessa Corrêa🦋🦋
E a família Dela??digo os pais
2025-05-05
3
autora2.0
Pior que interior é onde o povo mais pergunta kkkkkkk 😂
2025-05-08
0
Keila Mar
pensei nisso, cadê a família
2025-05-08
0