1 A promessa Quebrada

Isabela sempre teve tudo que o dinheiro podia comprar.

Filha única de uma das famílias mais ricas do país, sua vida era feita de luxos, viagens e sonhos planejados.

Mas, no seu íntimo, ela queria apenas algo simples: ser amada de verdade.

Foi por isso que, quando seus pais lhe apresentaram Leonardo Vasconcellos, ela acreditou que talvez, enfim, o destino estivesse sendo generoso.

Leonardo era tudo o que qualquer mulher poderia querer: alto, lindo, de fala firme e sorriso irresistível.

Dono de impérios nos ramos de tecnologia, hotéis, vinícolas… ele parecia inalcançável, poderoso, perfeito.

O que Isabela não sabia era que, por trás da fachada impecável, Leonardo escondia uma crise financeira devastadora.

Endividado até o pescoço, ele via na fortuna dos Costa e Silva sua última chance de salvação.

E, pior ainda: no fundo do coração, Leonardo sempre amara outra mulher — Valentina, sua paixão dos tempos de colégio, que jamais lhe dera bola até ele ficar rico.

O casamento foi celebrado em meio a flashes, promessas vazias e contratos assinados com sangue invisível.

Isabela, com os olhos brilhando de amor, jurou a ele fidelidade e entrega.

Leonardo, com o coração fechado e rancoroso, apenas sorriu para as câmeras.

Logo na primeira noite, a máscara caiu.

Leonardo foi frio, distante.

Ele a tocou como se estivesse cumprindo um dever, e não um desejo.

E, no dia seguinte, já a humilhava.

Leonardo - Não pense que um anel no dedo te faz dona de mim, Isabela— ele disse, sem nenhuma piedade.

Leonardo - Você é só mais um investimento.

Cada palavra cortava sua alma como uma lâmina.

Isabela tentou resistir.

Tentou mostrar carinho, compreensão, tentar conquistar aquele homem que ela agora amava sem saber explicar por quê.

Ela suportava o desprezo, as ausências, as mentiras.

Suportava as humilhações, as festas onde Leonardo dançava com Valentina na frente de todos, como se Isabela nem existisse.

E, mesmo assim, mesmo despedaçada, quando Leonardo a procurava nas madrugadas frias, faminto e cruel, ela se entregava.

De corpo e alma.

Porque o amor, às vezes, é um veneno doce que nos mata devagar.

Até que uma noite, depois de uma das piores brigas, Isabela descobriu: estava grávida.

Uma nova vida crescia dentro dela.

Uma esperança.

Um motivo para lutar.

Mas ela sabia que não podia contar.

Leonardo não queria laços.

Não queria amor.

E, se soubesse, poderia odiá-la ainda mais.

Ela decidiu guardar o segredo.

Proteger seu bebê.

Sozinha.

Mal sabia ela que Valentina já tramava nas sombras, envenenando Leonardo com mentiras, até que ele, cego de ódio, cometesse o pior dos erros:

Expulsar Isabela de sua vida da forma mais cruel possível.

Humilhando-a diante do mundo inteiro.

Destruindo tudo que ela ainda acreditava ser possível.

Mas o destino ainda tinha suas próprias cartas para jogar.

E a vida… a vida sempre dá voltas.

Dolorosas.

E surpreendentes.

A mansão estava cheia.

Pessoas elegantes, jornalistas, câmeras — todos reunidos para mais uma festa de negócios que Leonardo fazia questão de exibir.

Eu estava lá, com um vestido longo azul, escolhendo cada sorriso, cada passo, tentando parecer perfeita para ele.

Tentando, mais uma vez, ser digna do seu amor.

Mas algo estava errado desde o começo da noite.

Leonardo mal me olhou.

Bebia muito.

Ria alto demais com Valentina ao seu lado, como se eu fosse invisível.

Senti meu coração apertar quando ele atravessou o salão e parou diante de mim, olhos frios, sorriso cruel.

Leonardo -Quer mesmo bancar a esposa perfeita, Isabela?” ele perguntou em voz alta, atraindo os olhares de todos.

Meu rosto ardeu.

Isabela - Leo… por favor…” tentei sussurrar, sentindo meu peito se fechar.

Mas ele não parou.

Deu um passo adiante, o olhar queimando de raiva.

Leonardo - Você acha que pode comprar amor? Que um nome bonito e uma conta bancária gorda fazem de você uma mulher desejável?”

Um burburinho se espalhou.

Senti as pernas fraquejarem.

Valentina, parada atrás dele, riu debochadamente, sem nem tentar disfarçar.

Valentina- Você é patética, Isabela,” ele continuou, impiedoso.

Leonardo - Uma boneca de porcelana quebrada… Nem pra cama você serve direito!”

As palavras foram um golpe no peito.

As pessoas cochichavam, olhavam com pena — ou com diversão.

Eu queria desaparecer.

Valentina - Olha só,— Valentina disse, dando um passo à frente, sorrindo como uma cobra.

Valentina - Ela tá quase chorando… Que cena patética.”

Leonardo soltou uma risada amarga.

Leonardo- Vai embora, Isabela. Some da minha frente. Você me enoja.”

As lágrimas queimaram minha visão.

Por um segundo, pensei em implorar, em explicar, em contar sobre a vida que crescia dentro de mim.

Mas não.

Eu precisava ir.

Pelo meu bebê.

Pela dignidade que ainda restava.

Segurando a barriga sem que ninguém percebesse, virei as costas e caminhei pelo salão, enquanto as risadas e os cochichos me perseguiam como fantasmas.

Sozinha...Arrasada…Destruída… Mas viva.

E, pela primeira vez, com uma decisão clara no coração:

Nunca mais.

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