Os dias se arrastavam, e cada um parecia mais pesado que o anterior. Eu já não sabia como suportar o desprezo de Marcos. Ele fazia questão de me ignorar em público, de humilhar em privado, e de mostrar a todos que eu não passava de um incômodo temporário.
Naquela manhã, ele chegou atrasado ao escritório. Os funcionários se encolheram quando ouviram os passos apressados dele pelo corredor. Eu, como sempre, já estava sentada à mesa, organizando os contratos que ele precisava assinar.
Marcos (seco): — Isso aqui está uma bagunça. Você não consegue fazer nem isso direito?
Valentina (calma): — Já organizei por ordem de prioridade, Marcos.
Marcos (revirando os olhos): — Não me chama de Marcos aqui. É senhor Feraz. Você não tem intimidade comigo.
Engoli seco, segurando as lágrimas que teimavam em querer subir. Ele não sabia, mas cada frase dele era uma facada. Cada palavra arrancava um pedaço do amor que eu sentia.
Valentina (pensamento): Por que eu ainda tento? Por que eu ainda espero algo de você?
No almoço, ele saiu com Helena. Vi os dois rindo no elevador, ela segurando no braço dele como se já fosse a esposa oficial. E eu… eu era apenas a sombra.
Henrique (amável, se aproximando da minha mesa): — Você quer almoçar comigo? Você parece exausta.
Valentina (sorrindo fraco): — Obrigada, Henrique, mas estou sem apetite hoje.
Henrique: — Você é forte, sabia? Não sei como consegue trabalhar sob tanta pressão.
Eu agradeci com um sorriso tímido. Henrique era gentil, e eu sabia que ele percebia muito mais do que deixava transparecer. Mas eu não podia me abrir. Não ainda.
À noite, em casa, Marcos chegou embriagado. Bateu a porta com força, jogou as chaves no sofá e foi direto à geladeira. Eu estava sentada lendo um relatório.
Marcos (zombando): — Você está aí? Nem percebi.
Valentina (calma): — Boa noite, Marcos.
Marcos: — Eu já falei… não me chama assim! Você acha que é quem? A Valentina Salvatore?
Meu coração parou.
Valentina (controlando a voz): — Não, eu não acho.
Marcos (rindo, amargo): — Porque só com ela eu aceitaria esse casamento idiota. Só com ela eu teria orgulho. Não com você.
Fui para o quarto, fechei a porta devagar, sentei na beira da cama e finalmente chorei. Eu não conseguia mais esconder de mim mesma que estava chegando ao limite.
Valentina (pensamento): Eu sou Valentina Salvatore. Ele só não sabe. E quando descobrir… não vai ter volta.
Nos dias seguintes, tentei manter a dignidade. Eu me jogava no trabalho, fazia tudo com perfeição, mas era inútil. Marcos não queria saber. Ele queria a fantasia que criara na cabeça, não a mulher real que estava ali, diante dele todos os dias.
Um dia, durante uma reunião importante, um dos investidores comentou:
Investidor: — Ouvi dizer que a senhorita Valentina Salvatore está prestes a assumir suas agências internacionais. Que mulher impressionante.
Marcos (suspirando): — Ah, se eu tivesse casado com ela… nossa empresa estaria em outro nível.
Valentina (pensamento, amarga): Você nem imagina, Marcos. Nem imagina.
Quando chegamos em casa, ele veio atrás de mim no corredor.
Marcos (frustrado): — Você entende, não entende? Isso aqui é só papel. Eu nunca quis você. Nunca vou te querer.
Valentina (encarando-o nos olhos): — Eu sei.
Foi a primeira vez que vi Marcos hesitar. Ele esperava lágrimas, gritos, drama. Mas eu apenas disse “eu sei” e me virei, deixando-o parado no corredor.
Naquela noite, olhando para o teto do meu quarto, decidi que começaria a me preparar. Não para continuar tentando — mas para ir embora.
Valentina (pensamento): Ainda faltam alguns meses. Eu vou aguentar. E quando tudo acabar… você vai sentir minha falta, Marcos Feraz. Você vai sentir cada segundo da minha ausência.
E pela primeira vez em muito tempo, consegui dormir com um sorriso pequeno no rosto.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Jaildes Damasceno
sem comentário. Vai embora e faça vazar pra imprensa que a esposa dele foi embora devido aos maltratos e traições
2025-05-06
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