O terceiro dia no escritório foi ainda mais doloroso do que os anteriores. Eu havia me preparado mentalmente para lidar com o desprezo de Marcos, mas nada me preparou para a humilhação pública.
Cheguei cedo, como sempre. Cumpri minhas tarefas como assistente com perfeição, tomando cuidado para não chamar atenção demais. Eu sabia que, se eu me destacasse, Marcos acharia que eu estava tentando aparecer. E se eu cometesse um erro, ele teria mais motivos para me atacar.
Na sala de reuniões, mais uma vez, lá estava Helena, com sua risada aguda.
Helena (irônica): — Nossa, Marcos, eu não sabia que você contratava qualquer uma para trabalhar aqui…
Marcos (rindo): — Pois é. Algumas pessoas a gente carrega por obrigação. Você sabe como é.
Eu sabia exatamente a quem ele se referia. Meu coração apertou. Mas mantive o rosto neutro, sem demonstrar dor.
Valentina (pensamento): Eu sou mais forte do que isso. Eu sou Valentina Salvatore. Você só não sabe ainda.
No final da tarde, Marcos me chamou à sala dele.
Marcos (frio): — Olha, eu vou ser direto. Você não precisa aparecer comigo em lugar nenhum. Nada de eventos, nada de jantares. Esse casamento é só no papel, entendeu? E, sinceramente, era para eu estar casado com a Valentina Salvatore. Não com… você.
Valentina (tentando manter a calma): — Eu entendi.
Marcos (rude): — Ótimo. Fique no seu canto.
Saí da sala com as mãos tremendo. Respirei fundo no corredor, tentando conter as lágrimas.
À noite, em casa, enquanto ele se preparava para sair para uma festa, passei por ele na sala.
Marcos (desdenhoso): — Não me espere acordada. Aliás, nem precisa fingir que somos casados.
Eu fiquei ali, parada, olhando para ele vestir a jaqueta, ajeitar o cabelo loiro impecável, verificar a gravata no espelho. Ele nem sequer olhou para mim.
Valentina (pensamento): Eu te amo tanto, Marcos… mas você não vê. Você nunca viu.
Quando ele saiu, fui para meu quarto, tirei os óculos, soltei os cabelos. Olhei para o reflexo.
Valentina (sussurrando): — Será que eu sou tão invisível para você?
Naquela madrugada, não consegui dormir. Fiquei pensando nas palavras dele, em cada frase cortante, em cada humilhação. Eu amava Marcos, mas algo dentro de mim começava a quebrar.
Na empresa, no dia seguinte, percebi algo curioso: um dos sócios, Henrique, me observava com atenção. Ele era discreto, educado. Me tratava com respeito.
Henrique (sorrindo): — Você tem jeito para os negócios, sabia?
Valentina (surpresa): — Eu? Ah, obrigada…
Henrique: — Não deveria ficar escondida como assistente. Você é mais inteligente do que parece.
Eu apenas sorri, sem revelar nada.
Valentina (pensamento): Se ele soubesse… se soubessem quem eu realmente sou.
Enquanto isso, Marcos continuava a me ignorar. Ele saía com Helena, passava noites fora, e quando nos cruzávamos em casa, era como se eu fosse um móvel.
No domingo, durante o café da manhã, ele jogou mais uma vez a verdade na minha cara.
Marcos (frustrado): — Se ao menos eu estivesse casado com a Valentina Salvatore… tudo seria diferente.
Eu segurei a xícara com força.
Valentina (tentando manter o tom calmo): — Talvez ela não fosse quem você pensa.
Marcos (rindo): — Impossível. Ela é perfeita. Linda, poderosa, dona de tudo. Não tem comparação com você.
O riso dele foi como um tapa no rosto. Eu me levantei devagar, respirei fundo.
Valentina: — Obrigada pelo café.
No quarto, sozinha, finalmente deixei as lágrimas caírem.
Valentina (pensamento): Cinco meses. Eu não sei se vou aguentar cinco meses.
Mas ali, no fundo do meu coração, algo começou a mudar. Eu percebia, cada vez mais, que Marcos não amava quem eu era — nem Valente, nem Valentina. Ele amava uma fantasia. Uma imagem que ele mesmo havia criado.
E um dia, eu mostraria a ele a mulher real. E ele se arrependeria de cada palavra.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Jaildes Damasceno
ansiosa por este dia. ah Marcos como vou gostar kkk tomara que a Valentina puxe o seu tapete e você dê de cara no chão
2025-05-06
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