Eu o amo. Desde sempre. Desde o primeiro momento que vi Marcos Feraz, soube que ele seria o homem da minha vida. Mas hoje, ao lado dele no banco traseiro do carro, sinto que talvez ele nunca vá saber disso.
Ele olha para fora da janela, mexendo no celular, impaciente. O reflexo no vidro revela seus olhos verdes, frios, calculistas.
Valentina (pensamento): Você não sabe quem eu sou, Marcos. Você não sabe que está casando com Valentina Salvatore, a mulher que você sempre elogiou nas entrevistas, nas conversas com amigos, nas festas… enquanto desprezava a simples Valente Oliveira.
Ele suspira alto.
Marcos (frio): — Quando chegarmos lá, nada de cena. Assinamos, pronto. Depois cada um para o seu lado. Entendido?
Valentina (voz baixa): — Entendido.
Meu coração aperta no peito. Eu sabia. Eu sabia que seria assim. Um casamento vazio, um contrato, um acordo entre meu pai e o pai dele. Se Marcos não casasse comigo por seis meses, perderia metade dos bens para mim. Ele aceitou. Claro que aceitou. Mas não porque queria ficar comigo. Apenas pelo dinheiro.
No cartório, tudo acontece rápido demais. Assinamos os papéis, trocamos cumprimentos gelados. Nenhum toque, nenhum beijo, nenhum olhar mais longo. O oficial nos parabeniza, mas Marcos apenas balança a cabeça, distraído.
Marcos: — Espero que saiba que isso é só um contrato. Quando isso acabar, seguimos cada um para seu lado.
Valentina (engolindo em seco): — Eu sei.
Lá fora, Helena, a falsa amiga, espera com um sorriso venenoso. Cabelos loiros, olhos azuis brilhantes, uma expressão que mistura deboche e falsa simpatia.
Helena: — Parabéns, Marcos. Espero que sobreviva a esses seis meses.
Marcos (sorrindo): — Se fosse com a Valentina Salvatore de verdade, eu sobreviveria até uma vida inteira… mas fazer o quê, né?
O mundo congela por um instante. Eu sorrio, por fora. Por dentro, sinto meu coração despedaçar.
Valentina (pensamento): Você não sabe… não sabe que sou eu. Que a mulher que você sempre sonhou está aqui, do seu lado, escondida atrás de um nome falso. Você ama o nome, a imagem… mas despreza a mulher real, bem aqui, ao seu lado.
Voltamos cada um para seu lado. Ele, para uma festa. Eu, para meu pequeno apartamento, onde me escondo do mundo.
No espelho, tiro os óculos grossos, solto o coque. Meu cabelo cor de mel cai em ondas suaves nos ombros, meus olhos verde brilham sob a luz suave. O rosto que olha de volta para mim é o da mulher que o mundo inteiro conhece — menos ele.
Valentina (sussurrando): — Será que um dia você vai perceber, Marcos? Ou estou condenada a te amar sozinha para sempre?
As lágrimas ameaçam cair, mas eu as seguro. Não hoje. Hoje, eu preciso ser forte.
No celular, chegam mensagens do meu pai, orgulhoso, e da equipe da empresa, me lembrando dos compromissos que terei amanhã. Como Valentina Salvatore, eu sou uma potência. Como Valente Oliveira, sou invisível.
Valentina (pensamento): Será que ele ao menos imagina quem tem ao lado? Será que ele perceberia se eu mostrasse quem sou? Ou ele continuaria amando só a imagem que criou na cabeça dele?
Naquela noite, adormeço sozinha, abraçada ao travesseiro, imaginando como seria se ele me olhasse de verdade. Como seria se, mesmo por um segundo, ele me enxergasse.
Mas eu ainda não sabia que, no fim, esse casamento não me traria amor — traria dor. Que eu não conquistaria o coração dele… pelo menos, não como eu esperava.
O jogo estava apenas começando.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 43
Comments