Família Ferrari 7 – Domênico Quando o Amor Vira Cicatriz
Daiana desceu as escadas da casa como quem carrega o peso de dois mundos nas costas. As vozes na sala de Duda soavam distantes, como ecos de uma vida que já não lhe pertencia. Cada passo que dava parecia um esforço contra um turbilhão dentro de si.
Ela cruzou a porta em direção ao pátio e estacou de repente.
Domênico estava ali.
Parado, de braços cruzados, encostado em uma das colunas de pedra. Os olhos dele encontraram os dela com uma firmeza que fazia o chão tremer. Era como se ele já soubesse. Como se tivesse sentido no ar a despedida iminente.
Ela tentou sustentar aquele olhar, mas seus olhos começaram a marejar. O coração batia forte, como se quisesse gritar o que ela não tinha coragem de dizer.
— Dom… — ela sussurrou. — Eu não consigo.
Ele não reagiu. Apenas respirou fundo, apertando a mandíbula.
— Eu sinto muito — continuou ela. — Eu tentei. Tentei muito. Mas cada vez que olho pra você, me lembro da dor. Me lembro do cativeiro, do tiro, da minha mãe morta… Eu não consigo viver com tudo isso latejando dentro de mim. Não aqui.
Ela fez uma pausa, respirando fundo, sentindo as lágrimas queimarem os olhos.
— Vou voltar pro Brasil. Quero ir ao cemitério ver o túmulo da minha mãe. E depois... depois eu volto pra minha casa. Lá é onde consigo respirar. Onde ainda tenho algum controle.
Domênico soltou os braços e deu um passo à frente. Seus olhos estavam vermelhos, mas não havia raiva — apenas tristeza. Tristeza e aceitação.
— Eu já sabia, Daiana. Só estava esperando minha mãe me confirmar.
O silêncio entre eles foi esmagador.
— Vai em paz — ele disse, com a voz baixa e contida. — Da minha parte, tudo o que podia fazer, eu fiz. A quadrilha que te sequestrou está desmantelada. O homem que atirou em você... morto. E os que fizeram mal à sua mãe… todos pagaram. Eu cumpri minha parte.
Ele respirou fundo, tentando manter a postura ereta diante do que sentia.
— Isso é um adeus, Daiana. Até nunca mais.
Ela deu um passo em falso, como se o corpo quisesse correr para ele, mas o coração a traía. Ou talvez fosse o medo — o velho medo que ainda a prendia como correntes invisíveis.
Domênico se virou e caminhou rumo à saída. Suas costas largas desapareceram no corredor, e ele não olhou para trás nem uma vez. Mas ela… ela ficou ali, parada, congelada entre o impulso de correr atrás e a certeza dolorosa de que não conseguiria ir adiante com ele.
Ela se sentia quebrada demais.
Com as mãos trêmulas, limpou as lágrimas antes que as amigas a vissem. Forçou um sorriso quando se juntou a elas, mas seu olhar permaneceu preso na última sombra de Domênico. Um pedaço do seu coração ainda queria lutar por eles, mas o medo — ah, o medo — ainda era mais alto que a voz do amor.
E naquele instante, Daiana entendeu: não se tratava de não amá-lo. Ela o amava, sim. Com tudo o que tinha. Mas não sabia se conseguiria ser inteira ao lado dele. Não agora. Não ainda.
Horas depois, as malas estavam prontas. Ela partiu com a família rumo ao aeroporto, sem olhar para trás, sem esperar mensagens, sem prometer retornos. No fundo, sabia que voltar para aquele lugar significaria enfrentar mais do que apenas lembranças — significaria enfrentar a si mesma.
Do outro lado da cidade, Domênico entrou em casa em silêncio.
Fechou a porta e deixou-se afundar na poltrona da sala. O relógio fazia um tique-taque contínuo, como se marcasse o fim de algo que ele não sabia se um dia começou de verdade.
Ele levou a mão ao peito. Doía. Mas não era físico. Era aquele tipo de dor que vem quando você dá tudo e mesmo assim perde. Mas havia alívio, também. Um alívio duro, seco, mas presente.
Levantou-se, foi até a janela e olhou para o céu noturno.
— Ciclo encerrado — murmurou. — Missão cumprida.
Ele enxugou as lágrimas que teimavam em cair e deixou que o silêncio reinasse por um momento.
Logo depois, pegou o celular e ligou para René pai Biológico de Luiggi e Luíza
— Assim que o casamento dos meus irmãos acabar, reúna os conselheiros da família Moreal. Está na hora de assumir o que me cabe.
— Tem certeza? — perguntou René, do outro lado da linha.
René já estava de volta na França havia voltado logo depois o almoço de comemoração da Vitória então o pai biológico de Luiggi já iria preparar tudo para que ele assumisse o cargo assim que o filho e Arthur se casasse
— Absoluta. Chega de esperar por quem não sabe se quer caminhar do meu lado. Eu vou liderar. Vou seguir. Sem arrependimentos.
Domênico começou a planejar o futuro naquela mesma noite. Cada decisão tomada era uma muralha a mais entre ele e tudo o que sentira por Daiana. Ele não a odiava, jamais conseguiria. Mas aprendeu, da forma mais dura, que o amor não basta quando o medo é mais forte.
Enquanto isso, Daiana, sentada no avião ao lado da irmã, olhava pela janela, o rosto calado, os olhos perdidos no escuro.
Ela ainda pensava nele.
Mas não se arrependia.
E talvez isso fosse o mais triste de tudo.
E assim terminou uma história de amor que poderia ter sido épica — mas que não teve as condições certas para florescer.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Dulce Gama
Começando 09/05/25 pelo primeiro capítulo a história vai ser linda já estou adorando estou comendo hoje 09/05 mas já estou lendo tem mas duas histórias que estão bombando /Rose//Rose//Rose//Rose//Rose//Rose//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Good//Good//Good//Good//Good//Good/
2025-05-09
1
Marli Batista
Começando hoje 04/05/25 Vamos nos pra mais história maravilhosa autora ja estou lendo as três história maravilhosa ♥️❤️♥️❤️♥️❤️
2025-05-05
2
LEIDIMAR Alves de Jesus
muito boba essa Daiana mas Domenico vai arrumar outra melhor e mais bonita
2025-05-03
1