O dia começava com um céu cinzento sobre Paris, pesado como as nuvens que se acumulavam nos pensamentos de Domênico. A cerimônia havia sido um sucesso, os cumprimentos ainda ressoavam em sua mente — os sorrisos dos irmãos, o olhar emocionado de Luciana, o abraço silencioso de Mateus. Mas a glória tem um preço. E ele veio cedo demais.
Pouco depois do amanhecer, Lorraine entrou apressada na sala envidraçada da cobertura da sede empresarial — agora seu escritório.
— Temos um problema — disse ela, sem rodeios. — O carregamento vindo da Espanha desapareceu.
Domênico se ergueu lentamente da cadeira, como se o peso do novo título estivesse sobre os ombros. Ainda usava a camisa branca da noite anterior, parcialmente aberta no colarinho. O café que beberia esfriou sobre a mesa. Os olhos dele, castanhos intensos como os da mãe, brilharam com algo mais que preocupação.
— Quando? — perguntou em voz baixa.
— Há menos de três horas. A última comunicação da escolta foi às quatro e vinte da manhã. Desde então, silêncio total. Rastreadores foram desativados. Não foi um roubo comum, Dom. Foi um ataque limpo. Cirúrgico.
Ele caminhou até a janela. Do alto, Paris parecia dormindo, mas ele sabia que o submundo da cidade nunca descansava. Alguém havia desafiado seu reinado antes mesmo que ele sentasse direito no trono.
— Quem sabia da rota? — perguntou sem se virar.
— Cédric, Lionel, Lazare... e você.
— Isso quer dizer que o traidor está entre nós — sussurrou. — Ligue para eles. Reunião em quinze minutos.
A sala de reuniões estava silenciosa quando os três chegaram. Cédric tremia discretamente, Lionel mantinha a expressão controlada e Lazare, como sempre, parecia uma estátua. Domênico observava cada detalhe — o desvio de olhar, a respiração alterada, o desconforto. Ele não era apenas um Dom de sangue. Era um leitor de almas. E ali, alguma alma estava podre.
— Vamos ser breves. A carga foi tomada. Nenhum sinal de confronto. Nenhuma chance de rastreamento. Isso não foi sorte — foi informação vazada. — Ele os encarou. — E eu vou descobrir quem foi. Com a sua ajuda... ou sem ela.
Silêncio.
— Quero outro carregamento pronto em vinte e quatro horas. Mas falso. Espalhem boatos sobre um novo envio — mais importante, mais valioso. Usem os mesmos meios que usaram para contar ao inimigo da última vez. Se tiver um rato entre nós, ele vai morder essa isca. E eu estarei esperando.
A tensão se instalou como uma nuvem densa. Cédric engoliu em seco. Lionel limpou o suor da testa. Lazare apenas assentiu.
Domênico saiu da sala sem esperar respostas. Do lado de fora, Lorraine o acompanhava em silêncio, já entendendo que havia entrado em guerra antes do previsto.
Horas depois, já com a informação de que o ataque havia ocorrido dentro da zona de influência de Ramón Torres — um parceiro antigo da máfia, que operava a rota espanhola —, Domênico decidiu ir pessoalmente encontrá-lo. Deixou os ternos e a segurança excessiva. Foi apenas com dois homens e um tradutor, como se quisesse provar que coragem se mede nos olhos, não nas armas.
O encontro aconteceu numa vinícola isolada, cercada de silêncio e uvas envelhecidas. Ramón o recebeu com um sorriso que não chegava aos olhos.
— Domênico. Esperava sua visita... ou sua desconfiança?
— Esperança e culpa não costumam andar juntas, Ramón — respondeu, firme.
A conversa foi tensa. Domênico não gritava. Não ameaçava com palavras baratas. Apenas falava com um peso que esmagava. Pôs sobre a mesa uma fotografia: o corpo de um dos homens da escolta, executado com um tiro limpo na nuca. Ramón empalideceu.
— Isso foi feito por alguém que sabia onde e quando atacar. E esse alguém estava na sua terra. Você vai me entregar um nome. Ou vai ser apenas mais um rosto na parede dos que me subestimaram.
Ramón hesitou. Tentou resistir. Mas então, com um suspiro resignado, confessou:
— Foi El Bicho... um dos nossos. Trabalha para os Ortega agora. Querem dominar o tráfico da fronteira.
— Então entregue-o a mim. Vivo.
— Você tem minha palavra.
— Ótimo. Porque essa é a única coisa que vai te manter vivo por mais um tempo.
Na madrugada seguinte, o plano da isca se cumpriu. O novo carregamento falso saiu da empresa, seguindo por uma rota levemente alterada. A operação foi monitorada por homens dos Debois disfarçados — treinados, letais, preparados.
Pouco depois da meia-noite, o ataque veio.
Homens armados surgiram de uma clareira, cortando a estrada como se tivessem ensaiado cada passo. Mas foram recebidos com balas certeiras, movimentos cirúrgicos e gás lacrimogêneo.
Em menos de cinco minutos, o ataque virou captura.
E ali, cercado, gritando ordens em espanhol, estava El Bicho. Vivo. Desesperado. Algemado.
Quando a notícia chegou a Domênico, ele estava sozinho na antiga sala de René. Silêncio ao redor. As luzes da cidade piscando além do vidro. Ele ergueu os olhos devagar e, pela primeira vez desde que chegou à França, esboçou um leve sorriso.
Na manhã seguinte, reuniu todos os funcionários da empresa na recepção central. Todos — da alta diretoria aos seguranças. Vestia preto. Postura firme. Olhos de aço.
— Esta organização vive de lealdade. Quem a honra, prospera. Quem a trai... desaparece. — Sua voz era calma, mas carregada de peso. — O traidor foi identificado, capturado, e será punido. Que isso fique claro: eu não sou meu pai. E também não sou meu irmão. Eu sou Domênico Castellazzo Ferrari. E comandei minha primeira guerra... vencendo sem derramar sangue em vão.
Olhou para todos em silêncio. Ninguém ousava desviar o olhar.
Quando voltou à sua sala, uma mensagem o esperava no celular.
Arthur: “Já mostrou que é mais que um título. Tem o sangue e a cabeça.”
Luiggi: “Se continuar assim, a França vai aprender a temer o novo Dom.”
Domênico responde aos dois "fomos treinados pelos melhores Fabrício Ferrari e Mateus Castellazzo Ferrari".
Domênico respirou fundo. O trono ainda era novo. Mas a guerra...
A guerra já o reconhecia como rei.
Domênico
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Cristina Cavalcante
Quel mulher, estou com infecção urinária, literalmente com o priquito pegando fogo e vc me aparece com cada macho mais gostoso que o outro!!!!!
ISSO SIM É TORTURA
2025-05-04
3
Dulce Gama
meu Deus que homem lindo Jesus cristinho me socorre autora linda a onde tem essas maravilhas de homens bonitos C''''''/Rose//Rose//Rose//Rose//Rose//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Good//Good//Good//Good//Good/
2025-05-09
0
Rosa Santos
Mulher onde vc arruma uns homens desses ,Jesus oh perdição 😋😋😋😋😋😋😋😋
2025-05-08
1