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Dante narrando ..

Eu visitava Cael com frequência.

Por mais que a vida tivesse seguido outros rumos, ele ainda era meu irmão. E o pequeno Nicolas meu sobrinho… bom, aquele garoto era uma luz num tempo que, por muito tempo, só conheceu sombras. A cada sorriso dele, eu sentia algo cicatrizar dentro de mim. Algo que Isa, mesmo sem saber, tinha deixado ali.

Mas nem sempre era fácil.

Às vezes, evitava essas visitas. Inventava compromissos, mergulhava no trabalho, adiava. Porque Isa ainda estava lá. Não apenas na casa — mas nos gestos de Cael, nas fotografias na estante, nos desenhos que Nicolas fazia e chamava de “mamãe e papai”.

Ela ainda era presente.

Mesmo ausente.

Mesmo depois de tudo.

E por mais que Clara estivesse agora preenchendo espaços que achei que nunca seriam ocupados de novo, existia algo em Isa que continuava doendo. Não era amor pelo menos não do tipo que grita. Era uma lembrança entranhada, dessas que você não escolhe carregar… mas que nunca te soltam.

Foi por isso que, certa vez, saí mais cedo da casa do meu irmão. Nicolas me chamou, quis mostrar um desenho. Eu vi de relance: era ele entre mim e Isa.

Eu sorri. Mas por dentro, doeu.

De volta ao apartamento, Clara me esperava. Estava sentada no sofá, lendo um rascunho do novo projeto. A luz suave batia no rosto dela, e por um instante, me perguntei se seria capaz de realmente amar alguém de novo.

Ela olhou pra mim e sorriu.

E naquele sorriso, havia paz.

Pela primeira vez em muito tempo, senti que talvez eu conseguisse. Mas precisei ser honesto comigo mesmo:

Eu não quero mais me meter em triângulos amorosos.

Não quero mais ser o segundo plano de alguém.

Não quero mais dividir o coração que ofereço inteiro.

Já me perdi uma vez nesse jogo — e, francamente, não tenho mais energia pra me perder de novo.

Clara merecia isso. Clareza. Leveza. Um amor sem fantasmas.

E se algum dia Isa voltasse a cruzar meu caminho, eu precisaria estar pronto. Não pra recomeçar com ela — mas pra dizer, finalmente:

“Eu também segui em frente.”

Clara tem esse jeito de entrar na sala como se o mundo girasse ao redor dela e às vezes, gira mesmo.

Hoje ela veio com um vestido leve, preto com brilho que parecia desenhado para desafiar minha concentração.

Se inclinou demais sobre a mesa para me mostrar um gráfico que eu nem sei mais do que se tratava. O perfume dela aquele cítrico amadeirado que sempre deixa um rastro ficou preso na gola da minha camisa como uma armadilha.

E o pior de tudo?

Ela sabe o que está fazendo.

Clara- Você está me ouvindo, Dante? – ela perguntou, com aquele tom de voz que não era exatamente profissional.

Dante- Estou… tentando – respondi, com um meio sorriso que não consegui disfarçar.

Ela mordeu o canto do lábio, provocante, e se aproximou só um pouco mais. O suficiente pra sua respiração roçar no meu pescoço.

Clara- Você devia parar de tentar. E começar a fazer.

Foi assim. Sem rodeios. Sem disfarces.

Ela se afastou em seguida, como se não tivesse dito nada. Mas deixou um rastro de tensão no ar que parecia explodir dentro de mim.

O problema? Lucas.

Ele gosta dela. Talvez mais do que admite. E mesmo que nunca tenhamos dito isso em voz alta… eu sei. E ela também sabe.

Mas Clara não joga seguro.

Ela vem me provocando há semanas. Toques casuais. Mensagens fora de hora. Olhares demorados.

E por mais que eu tentasse manter a linha — fingir que nada estava acontecendo ela estava me levando até o limite.

Hoje, ela venceu.

Quando entrou na sala de arquivos, sozinha, no final do expediente, e deixou a porta aberta como convite, eu hesitei por exatamente três segundos.

Depois levantei.

Entrei.

Ela me olhou com aquela expressão calma, mas os olhos… os olhos diziam tudo. Desejo, desafio, entrega.

Clara- Se você me quiser – ela disse, encostando-se contra as prateleiras

Clara- me mostra. Mas me mostra de verdade.

O controle que eu mantinha com tanto esforço quebrou em um segundo.

Eu a puxei pela cintura, com força. Ela arqueou o corpo contra o meu e gemeu baixo, como se estivesse esperando por isso desde sempre.

A boca dela era urgência, os dedos dela eram faísca.

E eu não resisti.

Ali, entre pastas e arquivos frios, o calor entre nós foi o suficiente pra apagar qualquer dúvida.

Clara não era mais só uma possibilidade.

Ela era realidade. Corpo. Desejo. Agora.

E naquele momento, não havia Lucas, nem Isa, nem fantasmas.

Só ela.

Só eu.

E o que estávamos prestes a acender.

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Comments

luciane souza

luciane souza

Tá agora estou me perguntando porque Cael está agindo assim com Isa, será ela sozinha com o filho?!!

2025-04-27

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