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A Descoberta e o Beijo

Nos dias que se seguiram, Helena tentou agir normalmente, mas o peso da descoberta não a deixava em paz.

Ela sorria, conversava e até brincava com Enrico... mas no fundo, sentia como se estivesse esperando pelo momento em que tudo desmoronaria.

Certa tarde, Enrico a surpreendeu com um convite inesperado: um passeio fora da cidade, só os dois.

— Achei que você gostaria de respirar um pouco longe daqui — disse ele, com um sorriso tímido.

Helena, ainda desconfiada, aceitou.

O caminho até o local — uma antiga vinícola nas montanhas — foi tranquilo, entre conversas leves e risadas inesperadas.

Lá, caminhando entre as parreiras sob um céu dourado de fim de tarde, Helena sentiu algo diferente.

Enrico estava mais leve, mais presente, como se o peso do mundo não o estivesse esmagando.

Quando pararam diante de um lago escondido, Enrico virou-se para ela, sério.

— Eu sei que não fui o melhor marido — disse, com dificuldade. — Mas estou tentando, Helena. De verdade. Não quero que você se arrependa de ter entrado nisso comigo.

Helena quis acreditar. Mas as palavras não eram suficientes.

— E quando o prazo acabar, Enrico? — ela perguntou, encarando-o. — Quando tudo isso puder ser anulado como se nunca tivesse existido?

O rosto dele ficou tenso. Era óbvio que ele sabia do que ela estava falando.

Mas ao invés de negar, Enrico fez algo que Helena não esperava.

Ele se aproximou devagar, pegou seu rosto entre as mãos, e a beijou.

Não foi um beijo forçado, nem ensaiado. Foi intenso, urgente, cheio de sentimentos que palavras jamais conseguiriam expressar.

Helena sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

Ali, naquele momento, percebeu que, para Enrico, aquilo já não era mais apenas um contrato.

Era algo muito maior. Algo real.

Quando se separaram, ele sussurrou, encostando a testa na dela:

— Eu também tenho medo, Helena. Mas pela primeira vez... estou disposto a lutar.

Helena fechou os olhos, permitindo-se acreditar. Permitir-se sonhar.

Talvez, só talvez, eles tivessem uma chance.

: Entre o Amor e o Orgulho

Depois do beijo, algo se quebrou e algo nasceu entre eles.

Helena e Enrico voltaram para casa naquela noite em silêncio, mas não era um silêncio desconfortável — era carregado de significados, de promessas não ditas.

A tensão entre eles agora era diferente: era elétrica, viva.

Nos dias seguintes, pequenos gestos começaram a surgir.

Enrico passava mais tempo ao lado dela, buscava sua opinião sobre assuntos da empresa, compartilhava seus planos.

Helena, por sua vez, sentia o coração aquecer a cada sorriso raro, a cada toque tímido, a cada olhar intenso.

Mas o orgulho... ah, o orgulho ainda era um inimigo invisível entre eles.

Certa noite, em uma reunião de negócios, um investidor antigo de Enrico fez um comentário grosseiro sobre Helena — insinuando que ela era apenas "uma peça decorativa" no novo império dele.

Helena, que sempre foi forte, tentou ignorar. Mas antes que pudesse responder, Enrico levantou-se abruptamente.

— Cuidado com suas palavras — disse, com a voz firme e fria como gelo. — Helena é minha esposa. E merece respeito. Muito mais do que muitos aqui nesta sala.

A sala ficou em silêncio.

Helena sentiu as lágrimas arderem nos olhos — não de tristeza, mas de emoção.

Naquele momento, percebeu: Enrico estava disposto a enfrentar o mundo por ela.

No caminho de volta para casa, o clima no carro era pesado.

Não porque estavam bravos um com o outro, mas porque havia um turbilhão de sentimentos que nenhum dos dois sabia como expressar.

Finalmente, Enrico estacionou na garagem, desligou o motor e virou-se para ela.

— Você mudou tudo — disse, com a voz rouca. — Eu não esperava... sentir isso.

Helena queria dizer que também estava mudando, que também estava assustada, mas feliz.

Queria dizer que já não sabia onde terminava o contrato e começava o amor.

Mas, em vez disso, ela apenas colocou a mão sobre a dele e apertou levemente.

Um gesto de aceitação. De confiança.

Era o suficiente, por agora.

Mas ambos sabiam: o que estava crescendo entre eles era real.

E logo, muito em breve, teriam que enfrentar seus próprios corações... sem mais contratos para proteger.

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