Logo na entrada da quadra, escuto uma voz ao meu lado:
— Oi! Você também vai entrar pro clube de basquete?
— Oi? Sim, vou sim. — respondo, meio surpreso.
— Ah, que legal! Eu sou o Henrique. A gente é da mesma turma de Direito. Vi você na aula, mas não deu tempo de me apresentar.
— Prazer, Henrique. Sou Solano, mas todo mundo me chama de Solo. Foi mal, tava tão focado na aula que nem reparei.
— De boa, cara. Vamos entrar?
— Claro, vamos lá.
A quadra é enorme, bem cuidada, com as arquibancadas vazias, exceto por uma ou outra figura curiosa. Curti o clima. Já tô animado.
Logo o treinador chega e chama a atenção de todo mundo:
— Sejam bem-vindos! Eu sou o treinador do Floripa Flyers. Antes de começarmos, quero que os novatos se apresentem. Você primeiro, garoto. — diz, apontando pro Henrique.
— Henrique Pereira. Podem me chamar de Rick. Tô no primeiro ano de Direito.
— Solano Sampaio, mas podem me chamar de Solo também. Primeiro ano de Direito.
— Fernando Costa, estudante de Administração.
— Juliano Pimentel, primeiro ano de Medicina. — diz o último, com uma voz que parece familiar.
Pera... eu já vi esse garoto antes...
... Já sei. O idiota de mais cedo.
— Victor Martins. Podem me chamar de Vitinho. Também tô na Medicina.
— Legal, cinco novatos. — comenta o treinador. — Time, sejam legais com eles. Agora, vão pro vestiário trocar de roupa e depois comecem o aquecimento.
No vestiário, um dos veteranos se apresenta:
— Sou o Caio, capitão do time. Tentem se enturmar, isso é importante pro grupo funcionar bem.
A galera concorda e vai se trocando. Sem perceber, fico encarando o tal Juliano.
— Qual é, cara? Por que tá encarando ele? Vocês se conhecem? — pergunta Rick, reparando no meu olhar.
— Não conheço, mas já não gostei. Esbarrou em mim mais cedo e ainda foi arrogante. Odeio gente que se acha.
— Eita, Solo... Deixa isso pra lá, pelo bem do time. Posso te chamar de Solo, né?
— Claro. E tudo bem, contanto que ele não mexa comigo de novo.
Já trocados, a gente caminha em direção à quadra.
— E aí, caras. Vamos aquecer juntos? — diz Vitinho, se aproximando.
— Por mim, tudo certo. — responde Rick, virando pra mim. — Vamos, Solo?
— Pode ser.
Juliano apenas dá de ombros, do tipo que confirma minha primeira impressão sobre ele. Arrogante.
— Espera... você é o cara que não olha por onde anda! — ele diz, virando pra mim.
— E você é o idiota mal-educado! — rebato na hora.
Climão.
— Que isso, gente? Estamos no mesmo time, não precisa disso. — Rick tenta acalmar.
— Concordo com ele. — diz Vitinho, virando-se pra Juliano. — Qual é, Ju, você prometeu pra Martinha que ia dar uma chance pras pessoas. Ou já esqueceu?
Juliano revira os olhos, irritado com a fala.
— Tá, tá, já entendi. Foi mal aí. — diz ele, seco.
Babaca. Ainda assim, engulo seco e tento me concentrar.
— Vamos logo começar o aquecimento. Não quero levar bronca do treinador. — digo, encerrando o assunto.
Começamos a aquecer. Rick e Vitinho engatam num papo animado, rindo e se conhecendo melhor. Eu e Juliano, por outro lado, ficamos calados, cada um no seu canto. Mas de vez em quando, a gente se encara — como se fosse inevitável.
Enquanto alongo, percebo algumas garotas nas arquibancadas. Nenhuma delas é minha namorada, então deixo pra lá. Só que tem uma ali que não para de gritar, meio maluquinha, o que me faz rir sozinho.
O treino termina. Corro pro vestiário, tomo uma ducha rápida e me preparo pra pegar o ônibus.
Saindo, vejo Rick e Vitinho ainda no maior papo, como se fossem amigos há anos.
— Solo, bora sair pra comer? — pergunta Rick.
— Pode ser.
Juliano aparece na sequência, ainda com a toalha no pescoço.
— Vamos sair pra comer, Ju? — convida Vitinho.
— Não rola, Vitinho. Vou pra casa.
— Ah, qual é, Ju. Fica mais um pouco com a gente.
De repente, a garota gritalhona da arquibancada surge do nada e pula no pescoço do Juliano.
— AMORZINHOOOOOOOO! Você arrasou no treino hoje! Tava morrendo de saudade! — ela grita, abraçando ele com tudo.
— Sem drama, Martinha. — diz Vitinho, rindo.
— Não precisa ter ciúmes, gatinho. Tem abraço pra você também! — ela fala e abraça o Vitinho com o mesmo entusiasmo.
— Meninos, essa é a nossa amiga Martinha. Ela faz Nutrição aqui na facul. — diz Vitinho.
— Prazer, Martinha. Eu sou o Rick e esse é o Solo. — diz Rick, me apontando.
— Prazer, gatinhoooos! Martinha ao dispor de vocês! — ela diz, sorrindo maliciosa.
— Caramba, Martinha... Não pode ver um homem que já dá em cima. — reclama Juliano, cruzando os braços.
— O que eu posso fazer? Tenho dois gatos lindos na minha frente. Não resisto! — ela pisca. Todo mundo ri. Menos o Ju, claro.
— Obrigado pelo elogio, Martinha. Mas só tenho olhos pra minha pimentinha. — digo, entrando na brincadeira.
— Ahh, que pena... Gato, simpático e ainda com um sorriso lindo. Tinha que ser comprometido... — faz um biquinho dramático. — Mas e você, Rick? Também é comprometido?
— Solteiríssimo. — responde ele, com um sorriso.
— Ui, gostei. — ela pisca mais uma vez.
— Martinha, você não tem jeito mesmo. Desisto. — resmunga Juliano. — Tô indo.
— Ahhh não, amorzinho! Vamos fazer alguma coisa! Mal te vi hoje. — diz ela, segurando no braço dele.
— Queria o quê? Vive atrasada... E eu já tenho compromisso.
— Tem certeza? — insiste Vitinho. — Vamos lá só fazer um lanche.
— Tô fora. — diz ele, seco. — Tchau. — acena rapidamente pra mim e pro Rick, e se despede dos amigos.
Ele vai embora, e eu comento:
— Meio sem noção o seu namorado, hein?
— Não liga, meninos. — Martinha responde, sorrindo de leve. — O Ju é complicado, só isso. E ele não é meu namorado. Nós três somos amigos de infância.
— Ah, entendi.
— Bora fazer nosso lanche? Que tal no shopping...? — sugere Rick.
Adorei conhecer os meninos... e a maluquinha também. Meu único problema é o tal Juliano. Ele me irrita. E não sei por quê.
Na real... sei sim. É porque ele se acha.
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Atualizado até capítulo 60
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