Capítulo 2 Juliano Pimentel

Me chamo Juliano Pimentel, tenho 18 anos e sou de Floripa. Moro com meus pais, Rodrigo e Belinda — um casal incrível, do tipo que quero imitar quando tiver minha própria família. Tenho um irmão mais velho, o Hector, que é super protetor. Acho que é porque eu vivo me ferrando nos relacionamentos — sempre acabo sendo traído.

Minha mãe é uma guerreira. Está lutando contra um câncer de mama há um ano e, desde então, minha vida virou do avesso. Antes, eu era um cara cheio de amigos, jogava basquete, tinha aula de bateria, namorava... Agora, passo mais tempo em casa com minha família. Não que antes não passasse — sempre fomos muito unidos, participando um da vida do outro — mas, naquela época, não havia grandes preocupações, nem responsabilidades pesando tanto nos ombros.

Depois do diagnóstico da minha mãe, me fechei. Meu ex me traiu justo quando a gente descobriu a doença dela. Fiquei destruído. Prometi pra mim mesmo que não ia mais me envolver com ninguém. Larguei tudo: basquete, bateria, rolês com os amigos. Os únicos que ficaram de verdade foram o Vitinho, meu vizinho, e a Martinha. Eles são meus melhores amigos desde sempre e vivem insistindo pra eu não desistir das coisas que gosto.

— Ju, tá tudo pronto pra segunda? — pergunta minha mãe, mexendo no lenço que cobre a cabeça com um jeitinho distraído.

— Tá sim, mãe. Não se preocupe. — respondo, ajeitando a mochila ao lado da cadeira.

— Você sabe como ela é, né, filho? — diz meu pai, Rodrigo, com aquele tom calmo de sempre, tentando aliviar o clima.

— Filho... já fez o que eu te pedi? — insiste minha mãe, me olhando de forma doce, mas determinada.

— Ah, mãe... de novo isso? Por favor, deixa isso pra lá. — solto um suspiro impaciente, tentando cortar o assunto.

— Não deixo, Ju. Você precisa voltar a sair, ver seus amigos. Você se isolou demais. — Ela cruza os braços e me encara firme.

— Mãe, eu tenho o Vitinho e a Martinha.

— E só tem eles porque eles insistem em estar com você, — comenta Hector, se aproximando com os braços cruzados. — Se dependesse de ti, nem isso teria.

A porta se abre de repente e os dois citados entram, quase como se tivessem ensaiado na entrada.

— Ainda bem que a gente insiste, né? — diz Martinha, jogando a bolsa no sofá e rindo.

Todos riem junto com ela.

— Oi, tios! — dizem os dois em coro.

— Oi, crianças. Vieram pela noite do cinema, imagino — comenta meu pai, divertido.

— Isso mesmo, tio. — responde Martinha, já indo direto na cozinha pegar pipoca como se estivesse em casa. E, bem, ela meio que tá.

— Ju, a gente ainda não terminou nossa conversa. — diz minha mãe, voltando ao assunto com firmeza.

— Mãe... eu não quero mais jogar basquete. — baixo os olhos, esperando que ela aceite isso de uma vez.

— Vixi... tarde demais, Ju. — diz Vitinho, rindo com culpa. — Te inscrevi no time da faculdade.

— O quê?! Vitinho, você fez isso sem me perguntar? — levanto, indignado.

— Ele fez porque eu e sua mãe pedimos. — meu pai se manifesta, com um meio sorriso. — Você sempre amou jogar, filho. Tá na hora de voltar. Boa, Vitinho.

Fico quieto. Por dentro, tô magoado. Eu larguei tudo por causa da minha mãe, e agora eles tão forçando isso? Não consigo evitar de me sentir um pouco dispensado.

— Relaxa, mano. — Hector coloca a mão no meu ombro. — Já falei com os pais do time. Tá tudo organizado pra você participar sem atrapalhar a rotina aqui de casa.

— Vou ficar bem, meu amor. — diz minha mãe, segurando minha mão com carinho. — Faz isso por mim, por favor.

Respiro fundo. Olho pra ela e não consigo dizer não. Nunca consigo. É por isso que eu evito esse assunto.

Acabo concordando com um aceno, e a conversa se encerra. Depois disso, a gente vai escolher o filme. Rola aquela bagunça clássica, todo mundo gritando sugestões ao mesmo tempo, e assim passa o final de semana.

Hoje é meu primeiro dia na faculdade. Vitinho e Martinha, como sempre, estão atrasados, então entro sozinho.

O campus tá cheio, gente pra todo lado. Desvio de um grupo e, de repente, um cara que tá andando pra trás esbarra em mim com força.

— Olha por onde anda, cara! — ele solta na hora, na defensiva.

— A culpa não é minha! Olha você por onde anda! — rebato, já com raiva. Que cara sem noção, penso. Ele esbarra em mim e ainda reclama?

Mas não dou bola. Sigo andando, dou uma olhada no celular e mando mensagem no grupo:

Ju: Cadê vocês?

Vitinho: Tô entrando na faculdade, já chego na nossa sala.

Martinha: Merda! Vou perder a primeira aula. Acho que só vou conseguir ver vocês mais tarde. Passo na quadra. Amo vocês.

Ju: Tinha que me lembrar... já tinha até esquecido.

Vitinho: Nem pensar! Você vai sim. Prometi pra tia. Vai lá também, Martinha. Martinha: Ju promete dar uma chance para novas amizades? Não vou sossegar até concordar

 Ju: tudo bem sua chata

A conversa encerra ali, e pouco depois o Vitinho entra na sala. Logo em seguida, o professor aparece, e a aula começa.

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Comments

Afiq Danial Mohamad Azmir

Afiq Danial Mohamad Azmir

Me identifiquei muito com a personagem, é como se fosse minha vida retratada.

2025-04-26

2

Nara ingrid

Nara ingrid

tem bem me indetifiquei

2025-05-03

0

Ver todos
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1 Capítulo 1 Solano Sampaio
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