Nunca sonhei com vestidos de noiva, véus compridos ou sapatos que machucam.
Nunca colecionei referências de buquês, nem imaginei como seria andar até o altar.
Mas hoje… hoje, eu acordo com o peito acelerado e os olhos brilhando.
Porque hoje caso com ele... Com o homem que virou meu lar.
Moramos juntos há dois anos, contrario ao que a máfia exige, mas quem liga?
Ouvimos muitas opiniões.
Mas para nós, viver juntos só confirmou o que o coração já sabia:
Fui feita para ele. E ele, mesmo letal, selvagem e imprevisível, foi feito para mim.
O quarto onde me arrumo é um cenário de filme.
A cama enorme cheia de caixas de presente, tecidos de seda, taças de espumante.
Duda está ali, com os olhos marejados e aquele sorriso de quem viu o tempo passar rápido demais.
— Você tem noção do que representa para ele, Giulia?
— Tenho… e é o mesmo que ele representa para mim.
Belinda chega rindo, com um vestido leve de cetim azul e os cabelos presos num coque elegante.
— Tô tentando não chorar antes da maquiagem, mas vocês me dificultam tudo.
Alana entra logo depois, maquiada e deslumbrante.
Me abraça tão apertado que quase desmorono.
— Eu sabia que esse dia ia chegar. Só não sabia que ia doer tão bonito aqui dentro.
O cabeleireiro, um francês impaciente e maravilhoso, gira minha cadeira enquanto o maquiador prepara a pele.
— Vamos fazer arte hoje, — diz ele, enrolando as mechas com carinho.
— Você vai parecer uma deusa, Giulia.
Me olho no espelho.
Não sou uma princesa.
Sou uma mulher forjada na dor e moldada no amor.
E mesmo assim… pareço brilhar.
De repente, a porta se abre devagar.
Uma assistente entra com um buquê de flores absurdamente lindo nas mãos — peônias brancas, rosas champagne, lavanda e pequenas flores secas.
Preso entre as hastes, um bilhete.
“Falta pouco.
— E.M.”
Meu coração para por um segundo.
Amo como ele fala tanto com tão pouco.
As horas passam em câmera lenta.
O vestido está pronto, o penteado finalizado, a maquiagem perfeita.
E então… ouço passos.
Porta abrindo.
É ele?
Não, não o Enzo.
Um homem alto, imponente, de olhos de dor e expressão fechada.
Nikolayev.
O tio, nosso tio.
O homem que representa o passado da nossa mãe, da minha origem, das minhas dores russas.
Mas também é pai do Andrei, marido de Aylla, e hoje… veio por mim.
— Não deixaria você entrar sozinha,— ele diz, a voz carregada de sotaque e uma solenidade quase bruta.
Meu queixo treme.
As lágrimas, inevitáveis.
— Obrigada… tio.
Ele sorri e inclina a cabeça, mas vejo o respeito nos olhos.
A aceitação.
A presença masculina que eu jamais tive naquele papel.
Respiro fundo.
Do outro lado da propriedade, no salão de festas, sei que Enzo está de terno, talvez impaciente, com aquele olhar intenso.
Esperando por mim.
Hoje, finalmente viro esposa do homem que me escolheu no meio do caos.
E mesmo que a Giulia de antes não sonhasse com casamento…
A de agora, não trocaria isso por nada.
Minhas mãos estão frias. Meu coração, um caos.
Respiro fundo, sentindo o cheiro das flores do meu buquê, tentando me segurar à realidade — mas a realidade parece um sonho.
Hoje sou a noiva.
Minha vida inteira, eu nunca me vi nesse papel.
Nunca achei que entraria em uma igreja repleta de pessoas que me amam, caminhando em direção a um homem que faria qualquer coisa para me proteger.
Mas hoje... Hoje sei o que significa ser escolhida.
Hoje sei o que significa ser amada.
Meu tio Nikolayev oferece o braço, rígido e formal como sempre, mas seus olhos dizem muito.
Sem uma palavra, ele me passa a segurança que nunca tive.
A porta se abre.
E eu vejo.
Todos eles.
A decoração está linda.
Luzes suaves refletem nas paredes de pedra. Velas altas iluminam os bancos decorados com flores brancas e douradas. O cheiro de lavanda e baunilha paira no ar.
Meu olhar corre pela multidão — e cada rosto me aperta o peito.
Duda, segurando as mãos de Cesare, os olhos marejados.
Lorenzo e Sofia, um ao lado do outro, sorrindo.
Cassandra e Antony, mãos entrelaçadas.
Alessandro e Belinda, ela enxugando uma lágrima discreta.
Selin e Slava, elegantes e atentos.
Rafaela e Matheus, acenando discretamente para mim.
Aylla e Andrei, um do lado do outro, com sorrisos contidos.
Cristine e Paola, que piscam para mim em cumplicidade.
E então, vejo Alana e Noah, bem na frente.
Minha irmã, meu sangue, meu pedaço mais antigo.
Ela sorri com os olhos brilhando, e sei que está revivendo tudo comigo.
Foi aqui que nos encontramos de verdade.
Foi aqui que nos tornamos família.
E então… ele.
Meu coração para.
Enzo Mansur.
Lindo. Forte.
Vestindo um terno preto impecável, o cabelo penteado para trás, a barba perfeitamente feita.
Mas não é isso que me tira o fôlego.
É o olhar dele.
Aquele olhar fixo, possessivo, como se eu fosse a única coisa que existisse.
Como se eu fosse algo sagrado.
As lágrimas que eu segurava caem leves, deslizando pelo rosto sem que eu perceba.
Porque eu nunca fui olhada assim antes.
Eu nunca fui amada assim antes.
Enzo inspira fundo, e vejo seus lábios pressionados, sua mandíbula travada. Ele pisca rápido, e sei que ele está lutando para se segurar.
Meu Deus… ele está emocionado.
Cada passo parece me levar direto para o centro do meu próprio destino.
Quando paramos diante dele, tio Nikolayev se vira para mim e, de um jeito tímido, inclina a cabeça e beija minha testa, depois me entrega para Enzo.
Enzo segura minha mão.
Firme. Certeiro. Dono.
— Acho que você chorou primeiro, — ele sussurra, os olhos fitando ss meus, tentando aliviar a tensão.
Eu rio baixinho, piscando para espantar as lágrimas.
— Não tem competição se nós dois já perdemos.
Ele aperta minha mão, e então voltamos nossa atenção para o altar.
O mundo se apaga.
Só existe nós dois.
A cerimônia avança como um borrão de emoções.
O padre fala, e a cada palavra, sinto o peso daquilo tudo.
O peso do que significa casar com um Mansur.
O peso do que significa ser dele para sempre.
Mas quando chega a hora dos votos, e Enzo segura meu rosto com uma das mãos enquanto fala…
“Desde o primeiro dia, eu soube que você não era como as outras.
Não pelo jeito que você falava, não pelo jeito que você andava…
Mas pelo jeito que você me fazia querer mais.”
A voz dele é firme, mas carregada de emoção.
“Eu não acreditava em destino até te conhecer. Não sabia o que era querer proteger alguém mais do que a minha casa.
Mas então veio você.
E eu soube.
Soube que nunca mais andaria sozinho.
Soube que ninguém nunca mais pisaria em você.
Soube que meu coração nunca mais seria só meu.”
Ele respira fundo, segura minha mão com mais força.
“E eu juro, Giulia…
Enquanto eu respirar, você vai ter tudo.
O amor, a paz… e se precisar, a guerra também.”
Eu rio, chorando, emocionada demais para segurar.
Minhas mãos tremem quando chega a minha vez.
Eu limpo a garganta, respiro fundo.
“Eu nunca quis pertencer a alguém,” começo.
A voz sai trêmula.
“Mas então você apareceu.”
Ele sorri, suave.
“E eu entendi que pertencer a alguém não significa ser menos…
Significa ter alguém para dividir tudo.”
Seguro sua mão com mais força.
“E eu escolho você, Enzo.
Com seu caos. Com sua luz e sua escuridão.
Com sua intensidade… e com esse amor que me queima inteira.”
Sinto os olhos de todos sobre nós, mas só ele existe para mim agora.
“Eu sou sua.
E você… sempre será meu.”
O padre nos olha.
— Enzo Mansur, aceita Giulia como sua esposa?
Ele nem pisca.
— Até o último dia da minha vida.
— Giulia, aceita Enzo Mansur como seu esposo?
Meu sorriso vem antes da resposta.
— Sempre.
E então… Ele me beija.
E tudo, tudo desaparece.
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Atualizado até capítulo 26
Comments
Renata Boaro
vou ler a historia anterior para entender mais sobre essa família.
2025-04-25
1
Renata Boaro
Qual é primeira história dessa família mansur.
2025-04-25
0
Matilde Nacimento
❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️👏👏👏
2025-05-05
0