Capítulo 05

Letizia

Observo através da grande janela, mais um pôr do sol. Desde que cheguei daquele lugar onde vivi 11 anos da minha vida. Uma casa pequena, porém aconchegante em uma fazenda com um casal de senhores na faixa de 50 anos, os quais eu aprendi a gostar como se fossem da minha família.

A minha mãe é um monstro, assim como o meu padrasto, que eu pensava ser bom, pois sempre me visitava e me levava presentes. Era carinhoso comigo e eu cheguei até a chamá-lo de tio. Sempre que ia me ver ia sozinho e quando perguntava pela minha mãe ele dizia que ela não queria ir me ver. O que com o tempo me fez perceber que ela não me amava e não se importava. Até que chegue aqui.

Estou com 21 anos de idade, só frequentei a escola até os 9 anos, mas graças a senhora que cuidou de mim sei ler e escrever até em contas sou muito boa, pois eles me ensinaram, não conheço nada do mundo, pois nem quando adoecia saia de lá. Toda semana um carro vinha trazendo coisas. Até que em um certo dia dois homens chegaram e mataram o casal que cuidaram de mim durante quase 12 anos e eu não pude nem chorar porque fui apagada com alguma coisa que aplicaram no meu pescoço. As memórias daquele dia me vem à mente me torturando.

Cinco meses atrás…

— Quando acordei com o reflexo das luzes da cidade que reduziam em meu rosto conforme o carro andava, pisquei algumas vezes e me belisquei por mais de uma vez querendo que aquelas cenas das pessoas que tanto cuidaram de mim caídas e ensaguentadas no meio da sala.

— Onde eu estou porque me trouxe para cá. O que vão fazer comigo?

— Está é a casa do Senhor Tanazzo, só estou cumprindo as ordens dele. Um dos homens fala me deixando em choque. — Ele mandou… Sem me dar tempo para raciocinar os homens saem do carro e sou puxada pelo braço para fora do carro até uma porta imensa que é aberta por uma por uma senhora. A única que eu posso chamar de ser humano nesta casa. Os homens dão um passo para trás assim que a senhora pega em minha mão me puxando para dentro.

— Venha comigo menina, irei mostrar onde é o seu quarto. O senhor Tanazzo virá vê-la antes do jantar. A senhora fala apressada me guiando até uma escada e depois um longo corredor.

Como se chama? Pergunto e ela me ignora por um momento. — Mirian e você é a Letizia.

— Sim, obrigada senhora Mirian. Falo e ela me olha com um pequeno sorriso nos lábios, ao mesmo tempo penoso, talvez por eu estar com a cara inchada de tanto chorar. — Onde está meu tio Tanazzo e minha… mãe. Falo a palavra mãe com um certo desprezo. A senhora me olha com uma expressão meio que assustada, porém, não diz nada. Entramos em um quarto que é tão lindo que fico sem palavras, apenas admirando cada detalhe.

— O jantar será servido daqui meia hora, tem roupas no closet e materiais de higiene no banheiro, tome logo um banho. Amanhã vou te mostrar toda a casa. Ela fala e sai. Fico ali vendo todo o quarto e por fim me jogo na cama, me permitindo chorar sem parar.

— Parece que gostou da cama. Meu tio Tanazzo diz se aproximando de mim. — Eu não o vi entrar. Falo me levantando rápido da cama e ele se aproxima de mim. As palavras do homem me vem à mente.

— Porque aqueles homens disseram que o senhor mandou mat… Ele me interrompe e suas expressões doces e gentis dão lugar a um olhar sombrio e perverso. O que me faz dar um passo para trás. Mas suas palavras me deixam aterrorizada, perplexa, com raiva e medo do que me espera.

— Sim, eu mandei os matarem, pois já não me servem mais. Ele fala se aproximando e tocando os meus cabelos, uma de suas mãos segura a minha cintura e aperta. Aquilo me causa sensações ruins e tento me afastar, mas ele cola os nossos corpos e cheirando o meu pescoço. — Me solta, o que está fazendo? Falo tentando me soltar dele, ficando apavorada ao sentir algo duro sendo pressionado contra mim. Caí na cama com o tapa que levei em meu rosto. Olho horrorizada para o homem que achei que se importava comigo. Subindo em cima de mim, ele agarra o meu pescoço eu tento me soltar já sem ar, os meus braços já não tem forças caem sobre a cama então ele me solta. Fico tossindo por um tempo puxando ar para os pulmões. Atordoada e tentando entender o que estava acontecendo. Tanazzo sai parando na porta e sem olhar para mim me diz.

— Vai se acostumando em breve nos casaremos e não tente nenhuma gracinha você é minha, entendeu? Entendeu? Ele grita a última palavra me fazendo encolher na cama, tremer de susto. — S, sim. Entende.

Tremendo e chorando ainda mais à medida que entendo tudo o que está me acontecendo, repúdio ainda mais minha mãe e agora Tanazzo, aquele desgraçado me criou para ser dele.

Não sei quanto tempo fico ali, mas sou tirada do meu transe por dona Mirian.

— Ainda não tomou banho menina, precisa está pronta para o jantar. Venha. Ela fala e quando eu a olho por um instante, ela me olha, se assusta e me olha com pena. — Venha, ele te bateu não é? Olha não vá contra ele ou será pior.

— Como eu posso aceitar isso? Eu não sei de muitas coisas mas tenho certeza que ele não pode me tocar, como ele tocou, Mirian eu estou com medo. Falo e ela me abraça.

— Sinto muito menina, mas vá por mim. Tanazzo é um conselheiro respeitado na máfia e tentar bater de frente com ele será inútil. Ela fala já me ajudando a tirar minhas roupas.

— Ele disse que vai se casar comigo. Falo e ela não me olha com surpresa. — A senhora já sabia?

Sim, menina. Apenas faça o que ele diz e tente não ir contra as ordens dele, isso te dará tempo pra tentar fugir daqui, porque só fugindo deste lugar você terá alguma chance. Mas saiba que sua mãe nunca vai te ajudar.

— Tudo isso é culpa dela Mirian, dela que se casou com esse monstro. Falou indignada.

— Eu sinto muito, mas não posso te ajudar, se fizer isso ele mata os meus filhos e netos. Agora tome seu banho vou separar uma roupa para você seja rápida. Ela fala e sai. Tomo banho rápido e quando saio do banheiro ela me guia para o closet onde tem tantas roupas lindas, sapatos, bolsas, mas nada daquilo me anima. Mirian me entrega as roupas e visto, ela penteia os meus cabelos e me entregar algo, um perfume, tão cheiroso que por um momento apenas me permito fechar os olhos sentindo aquele aroma.

Assim que chegamos na sala de jantar, vejo aquela que acho ser minha mãe. Impecável, sentada de forma ereta, cheia de joias, uma maquiagem que dá a ela um ar jovial. Não consigo evitar o sentimento de decepção quando noto que minha mãe ignora a minha presença, não tem intenção nenhuma de me olhar ou falar comigo. Fico sem saber o que fazer. O medo que sinto de Tanazzo não me permite encará-lo.

— Letizia, sente-se minha querida. Tanazzo fala com a voz mansa. O jantar foi constrangedor. Eu segurei as lágrimas e ainda me sentia perdida. Fui obrigada a comer contra a minha vontade.

— A partir de amanhã você terá aulas de etiqueta, aprenderá tudo o que é necessário para ser uma boa esposa. Minha mãe fala sem sequer olhar na minha direção, concentrada apenas em seu prato e talheres.

— Você, você concorda com isso? Pergunto e ela apenas me olha de soslaio. Aquilo me fez explodir como nunca antes. Levantei de forma abrupta derrubando a cadeira em que estava sentada. — Eu não vou me casar com ele, isso é errado. Vocês são uns monstros. Eu vou embora daqui. Falo e caminho em direção a sala. Porém antes que eu alcance a porta de saída sinto um puxão nos meus cabelos que me faz soltar um grito alto de dor. Ahh…

— Eu vou te mostrar que você não tem escolha, vai ser a minha mulher e vai me obedecer e a partir de agora só fala quando eu mandar. — Fui arrastada pelos cabelos. Eu gritei por socorro, mas ninguém me ajudou. Apanhei até perder a consciência. Naquele dia eu soube que aquele era só o início do meu inferno.

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Recadinho da autora...

Só eu já estou querendo esse Tanazzo sendo torturado por dias?

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