O céu acinzentado da manhã russa contrastava com o calor que Gabriel ainda sentia no corpo desde a noite anterior. Ele estava em seu escritório, mas sua mente não saía daquela varanda. O perfume doce, o olhar confuso e a boca entreaberta de Heloise invadiam seus pensamentos sem permissão. E isso o deixava irritado.
— Já está aí fantasiando com a brasileira? — provocou Lucas, entrando sem bater, como sempre.
— Eu bato em você ou só te ignoro? — Gabriel respondeu, sem nem tirar os olhos da tela do notebook.
— Típico. Mas posso ver no seu rosto que está ficando obcecado. — Lucas jogou-se no sofá da sala anexa ao escritório do irmão. — Ela é bonita, claro. Mas vai acabar sendo só mais uma.
Gabriel fechou o notebook com um estalo seco.
— Cuidado com o que você diz.
Lucas ergueu uma sobrancelha. Ele conhecia o irmão melhor que ninguém. Gabriel só defendia alguém assim quando já estava mais envolvido do que admitia.
— E a outra? A irmã dela? Confesso que aquela me interessa. Olhar sério, postura firme... e um olhar que diz “não me irrita”. Me fascina.
— Heloisa é uma bomba-relógio. Vai te desmontar em três dias.
— Talvez eu esteja precisando mesmo ser desmontado.
Gabriel bufou e se levantou, indo até a janela.
— Só não quero você atrapalhando as coisas. A Heloise não é como as outras, Lucas. Não dá pra brincar com ela.
— E você vai fazer o quê? Se casar?
Gabriel lançou um olhar cortante, mas não respondeu. Porque a ideia não parecia tão absurda como deveria parecer.
**
Na casa das irmãs, Heloise ainda estava no meio de uma tempestade interna. Ela caminhava de um lado para o outro com uma xícara de café nas mãos, sem conseguir parar.
— Ele me olha como se quisesse devorar. E o pior… é que eu gosto disso. O que há de errado comigo?
Heloisa riu da irmã.
— Nada de errado. Só está finalmente conhecendo o poder de um homem que sabe o que quer.
— Mas ele não é só isso, Helô. Ele é perigoso. O olhar dele… me faz esquecer quem sou. E eu jurei que não me perderia por ninguém.
— E quem disse que se entregar é se perder? Às vezes é se encontrar.
Heloise parou de andar e olhou para a irmã. As palavras de Heloisa a fizeram pensar.
— E você? O que acha do Lucas?
— Um chato. Arrogante. Petulante.
— E bonito?
Heloisa desviou os olhos.
— Muito. Infelizmente.
As duas riram.
Mas a verdade era que, apesar de se provocarem o tempo todo, o olhar de Lucas tinha um efeito estranho em Heloisa. Ele a tirava do sério com facilidade… e a fazia sentir coisas que ela tentava negar.
**
Dias depois, um convite inesperado chegou por mensagem:
> “Jantar reservado hoje à noite. Só nós dois. Às 20h. Gabriel.”
Heloise ficou paralisada, encarando a tela do celular.
— Ele me convidou pra sair. Assim. Sem cerimônia. Sem pergunta.
— Gabriel Volkov não convida, Heloise. Ele ordena. A questão é: você vai obedecer?
Ela encarou o reflexo no espelho e, depois de uma longa pausa, sorriu de canto.
— Hoje, eu vou.
**
O restaurante era luxuoso, com luz baixa e ambiente intimista. Gabriel já estava à mesa, em um terno escuro, os cabelos perfeitamente penteados para trás. Ao vê-la entrando, seu peito se expandiu.
Ela usava um vestido azul escuro que moldava o corpo com perfeição. Os cabelos presos em um coque bagunçado e um batom discreto completavam a imagem de alguém que não precisava se esforçar para ser sexy.
— Você veio — disse ele, em voz baixa, com um brilho satisfeito nos olhos.
— E você parecia muito certo de que eu viria — respondeu, erguendo uma sobrancelha.
— Porque você quer. Só não sabe admitir ainda.
Ela riu, sentando-se.
— Arrogância é seu segundo nome?
— É o primeiro.
O jantar foi repleto de provocações, olhares longos e silêncios que diziam mais que palavras. Em determinado momento, ele segurou a mão dela sobre a mesa.
— Eu não brinco com o que quero, Heloise.
— E o que você quer?
— Você.
Ela prendeu a respiração por um segundo. Aquilo não era charme. Era verdade. Estava nos olhos dele.
**
Enquanto isso, Lucas aproveitava o mesmo horário para aparecer de surpresa na casa das irmãs.
— Vim trazer isso — disse, estendendo um envelope com convites para um evento da empresa.
Heloisa arqueou uma sobrancelha.
— Você podia ter mandado por e-mail.
— Mas não teria o prazer de ver sua cara irritada pessoalmente.
Ela bufou.
— Tem gente que gosta de sofrer.
Lucas entrou sem ser convidado e sentou-se no sofá, completamente à vontade.
— E você? Gosta de provocar quem te atrai?
Heloisa o encarou, desafiadora.
— Quem disse que você me atrai?
— Seus olhos. Eles não mentem tão bem quanto você pensa.
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. A tensão entre eles era tão densa quanto o ar antes de uma tempestade.
— Vai me convidar pra café ou vai continuar tentando resistir? — ele perguntou, com um sorriso torto.
— Eu vou fazer o café. Porque eu sou educada.
Ela se afastou para a cozinha, mas Lucas sabia que tinha vencido uma batalha naquela noite. E o jogo entre eles só estava começando.
**
Horas depois, Heloise voltou do jantar com Gabriel com o coração em chamas. Ele a deixou na porta de casa, mas não tentou beijá-la. Apenas tocou seu rosto com os dedos e disse:
— Quando eu a beijar, Heloise, você não vai mais querer parar.
E então se afastou, deixando-a ali, tremendo.
— Aquele homem vai acabar comigo — sussurrou, encostando-se à porta, com um sorriso bobo nos lábios.
**
Naquela noite, em quartos diferentes da mesma casa, duas irmãs brasileiras encaravam o teto, tentando entender como dois irmãos russos estavam bagunçando seus mundos com tanta intensidade.
E, em um apartamento de luxo no centro de Moscou, dois irmãos Volkov brindavam com vodka, em silêncio, cientes de que seus destinos estavam mais entrelaçados do que nunca.
— Isso vai dar merda — disse Lucas, sem cerimônia.
— Vai dar amor, irmão — respondeu Gabriel, com um sorriso perigoso. — Mas o caos vem primeiro.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Andréa Debossan
Isso não vai prestar! /Drool//Drool//Drool//Drool//Drool/
2025-04-25
1
Ana Karol Campos
não estou comentando pq não acho nada ainda kkkk
2025-04-24
0