Capítulo 3 - Sede de Sangue

Melina seguia pela floresta densa, cambaleando entre raízes grossas e folhas úmidas. O som dos pássaros havia sumido há horas. Tudo estava silencioso demais.

Ela estava exausta. O corpo inteiro doía. Braço esquerdo quebrado, três costelas trincadas e um cansaço acumulado que fazia até a respiração parecer um fardo. A floresta a estava matando devagar.

Foi quando ela viu o corpo.

Deitado de lado, parcialmente coberto por folhas, jazia um guerreiro. A armadura enferrujada, os olhos vazios, e uma espada ainda presa na mão morta.

Melina se aproximou, tentando ignorar a dor nas costelas.

— Alguém morreu aqui… foi recente?

Ela se ajoelhou com dificuldade. Usou sua habilidade.

> Avaliação: Armadura pesada, aço. Integridade: 30%.

— Pesada demais pra mim… — murmurou.

Ela avaliou a espada.

> Avaliação: Espada longa, ferro e cobre fundido. Integridade: 18%.

— Isso mal serve como ferro velho…

Foi então que algo brilhou ao lado do corpo. Uma adaga longa, parcialmente enterrada na terra.

> Avaliação: Adaga Longa, aço puro. Integridade: 70%.

Melina sorriu.

— Bom… não tenho armadura, mas só de ter uma arma já é melhor.

Assim que ela pegou a adaga, a moita atrás dela explodiu.

Um rugido agudo cortou o silêncio da floresta.

Um lagarto gigante de cauda vermelha surgiu, pulando contra ela com as presas à mostra. Seus olhos amarelos eram selvagens. A pele era grossa como couro batido, com espinhos ao longo do dorso.

Melina mal teve tempo de reagir.

Ela rolou para o lado, gemendo. A dor no tórax fez seu pulmão falhar. O lagarto pousou onde ela estava segundos antes, quebrando o chão.

— Droga… ele é rápido.

Ela se levantou com esforço. A adaga tremia em sua mão direita. A esquerda, quebrada, não servia para nada. Era uma luta de um braço só.

O lagarto girou a cauda. Melina tentou esquivar, mas a cauda atingiu seu ombro de raspão, lançando-a contra uma árvore. A madeira rachou. Ela caiu no chão com um baque surdo.

A dor a fez gritar.

O sangue escorria do canto da boca. O ombro latejava. Ela tossiu. Uma das costelas provavelmente havia furado algo.

— Levanta… levanta, Melina…

O lagarto avançou de novo, rápido como um raio. Melina rolou para o lado, gemendo a cada movimento. Ela se apoiou numa pedra, esperando o momento certo.

Quando ele passou por ela, cravou a adaga na lateral do pescoço da criatura.

O sangue jorrou quente.

Mas o lagarto não morreu.

Ele se sacudiu com violência. Melina foi jogada no chão mais uma vez. A adaga ficou presa no pescoço do bicho.

A criatura cambaleou, sangrando. Mas ainda estava de pé.

Melina também se levantou, quase desmaiando, as pernas bambas. Respirar doía. Cada passo era como andar sobre espinhos.

Mesmo assim, ela correu.

Ou pelo menos tentou.

Usando a perna direita para se impulsionar, saltou sobre o lagarto mais uma vez. Agarrou o cabo da adaga com a mão boa e empurrou com toda a força que ainda tinha.

— MORRE!

O rugido final da criatura tremeu o ar. O corpo tombou. A floresta silenciou.

Melina caiu junto.

Ficou deitada por um instante. Apenas ouvindo o próprio coração.

O sangue da criatura a cobria dos pés à cabeça. Mas ela estava viva.

Arrastando-se, ela continuou pelo caminho entre as árvores, e então a viu.

Uma aldeia.

Casas simples, feitas de madeira escura, com fumaça saindo de algumas chaminés. Uma cerca de galhos separava o lugar da floresta.

Ela sorriu, alívio nos olhos.

— Uma… civilização…

Deu dois passos.

E parou.

O ar ficou pesado.

Como se o próprio mundo tivesse prendido a respiração.

Ela virou o rosto, devagar.

Ali estava ele.

Um ser alto, coberto por trapos escuros. O capuz escondia o rosto, mas os olhos brilhavam em vermelho puro, como se fossem brasas vivas.

Uma aura esmagadora emanava daquele corpo. O chão pareceu tremer.

Melina caiu de joelhos. Não pela dor — mas pelo puro terror.

Ele deu um passo à frente.

A voz saiu baixa, arrastada, grave.

— “Humana…”

Continua…

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