Capítulo 5- Missão concluída

Enquanto Ayla deixava o artefato pulsante nas mãos do chefe, sentiu um alívio momentâneo.

Era bom ter concluído a missão sem grandes complicações. Entretanto, Liam, como sempre, não conseguia manter a boca fechada.

— Então, é isso? Nós arriscamos nossas vidas por um globo brilhante? Não é uma joia mágica, nem uma chave para um tesouro secreto?— ele disse, cruzando os braços, com o tablet ainda debaixo do braço.

Matthew lançou um olhar breve para Liam, uma mistura de paciência e autoridade.

— Cada peça tem seu valor. E, por mais que você goste de minimizar as coisas, essa foi uma das missões mais cruciais do mês. — Ele respondeu de forma firme, mas calma.

Liam deu de ombros e sorriu, como se a gravidade da situação o divertisse.

— Ah, claro. Crucial. Nunca subestime o poder de uma bola brilhante para salvar o mundo. — Ele murmurou, irônico.

Ayla ignorou a troca e foi direto para sua sala. Precisava de um momento sozinha, longe da energia caótica de Liam e dos olhares penetrantes do chefe. Mas parecia que nem mesmo ali ela estava a salvo.

Um leve som de batida na porta interrompeu seus pensamentos. Antes que ela pudesse responder, Liam colocou a cabeça para dentro da sala.

— Relaxa, só vim devolver isso. — Ele disse, segurando o comunicador que Ayla havia deixado no carro.

— Você tem alguma coisa ou simplesmente gosta de ser irritante? — Ayla perguntou, o olhar frio como sempre.

Liam entrou, ignorando o tom ácido dela, e colocou o comunicador em cima da mesa.

Ele estava mais sério do que o normal, embora sua atitude descontraída não tivesse desaparecido completamente.

— Sabe, você não é a única com cicatrizes, Ayla. Todo mundo carrega coisas. — Ele disse, os olhos azuis brilhando de um jeito que parecia ver além da armadura dela.

Por um momento, Ayla ficou sem palavras. Não estava acostumada a vê-lo falar algo tão... humano. Mas rapidamente recuperou sua postura.

— Isso não te dá licença para invadir o meu espaço. Se precisar de algo, me procure durante o expediente. — Ela respondeu, sua voz como uma muralha.

Liam deu um meio sorriso, aquele típico sorriso de canto que parecia uma mistura de desafio e charme.

— Claro, chefe. Até amanhã. — Ele disse, antes de sair, deixando Ayla sozinha novamente.

Mas, dessa vez, algo estava diferente. As palavras de Liam ecoaram em sua mente. Talvez ele tivesse mais camadas do que ela estava disposta a admitir.

...****************...

Alya ficou na sala por alguns minutos depois que Liam saiu. O brilho do comunicador na mesa parecia ecoar as palavras dele.

“Todo mundo carrega coisas.”

Ela tentava afastar a ideia de que, talvez, Liam compreendesse mais sobre ela do que ela gostaria de admitir.

Na manhã seguinte, os dois foram convocados para um novo briefing na sala de estratégia. O chefe estava lá, junto com outros agentes e analistas. As luzes da sala estavam baixas, enquanto um projetor exibia imagens e informações de sua próxima missão.

— Temos um novo alvo — começou o chefe, com a voz firme e direta. — Um grupo de traficantes de armas está organizando uma operação em um porto isolado. Precisamos interceptar a carga antes que ela seja distribuída.

O plano parecia simples: infiltrar-se no porto, identificar as rotas de transporte e impedir que as armas chegassem ao mercado negro.

No entanto, a tarefa seria perigosa. O local estava fortemente vigiado, e qualquer erro poderia custar caro.

— Alya, você vai liderar a operação em terra — continuou o chefe. — Liam, você será responsável por cortar as comunicações e desativar os sistemas de segurança. A coordenação entre vocês dois será essencial para o sucesso da missão.

— Só para confirmar, eu também posso dar ordens, certo? Líder em campo ou não, somos uma equipe... democrática?—Liam ergueu a mão como um estudante travesso.

— Você pode dar ordens às máquinas. Eu cuido dos humanos— Ayla apenas estreitou os olhos para ele após a frase.

O chefe reprimiu um sorriso e interrompeu antes que a troca de farpas se intensificasse. — Basta que façam o trabalho. Vocês saem esta noite.

...****************...

Naquela noite, a dupla embarcou para o porto em uma van discreta. Alya revisava o mapa do local enquanto Liam estava no laptop, invadindo os sistemas à distância.

— É engraçado — Liam começou, olhando de relance para Alya. — Você leva esse lance de “líder” muito a sério. Já pensou em relaxar um pouco? Sei lá, sorrir. Funciona bem para relações interpessoais.

— Meu trabalho não exige que eu faça amigos — ela respondeu, sem desviar os olhos do mapa. — Exige resultados.

— Isso explica muita coisa—Liam riu.

Quando chegaram ao porto, o ambiente estava coberto por uma névoa densa. As luzes dos postes brilhavam fracamente, criando um cenário perfeito para furtividade. Alya rapidamente assumiu sua posição de comando.

— Liam, preciso que você neutralize as câmeras na zona de carga. Vou avançar pelas docas.

— Entendido, chefe. Só não espere que eu te chame de “Senhora Capitã” — ele respondeu, com seu tom irônico usual.

Enquanto Liam trabalhava nos sistemas, Alya avançava com precisão. Sua postura era ágil e silenciosa, os olhos cor de mel atentos a cada movimento. Assim que ela chegou ao primeiro contêiner, ouviu a voz de Liam pelo comunicador.

— Ei, só para constar, eu acabei de salvar sua pele. As câmeras estavam prestes a captar você.

— Ótimo. Continue fazendo o que você faz melhor — respondeu ela, sem esconder a irritação.

A missão seguiu em um ritmo tenso, mas coordenado. Liam detectava as movimentações inimigas e as comunicava para Alya, enquanto ela desarmava guardas e marcava os pontos críticos. Mesmo com as provocações, a colaboração entre eles fluía como uma engrenagem bem ajustada.

Quando a operação estava quase concluída, Alya encontrou algo inesperado: uma lista de compradores escondida entre os registros da carga. Isso significava que a operação era maior do que esperavam.

— Liam, precisamos levar essa lista de volta à base. Isso muda tudo. — Ela comunicou, com a voz firme.

— Tá bom, mas me diga uma coisa — ele respondeu, enquanto concluía a invasão nos sistemas. — Quem vai carregar essa lista? Eu não quero sair daqui e tomar um tiro de repente. Eu tenho valor a minha vida ficando fora de campo.

Alya suspirou, cansada de suas piadas, mas, no fundo, sabia que não poderia fazer isso sem ele.

A missão foi um sucesso. Quando retornaram à base, o chefe os esperava novamente.

— Trabalho excelente, ambos. Especialmente na coleta de dados adicionais. Isso vai nos dar uma vantagem significativa — ele disse, olhando para eles com aprovação.

Enquanto o chefe os parabenizava, Liam se virou para Alya, com aquele sorriso que sempre a provocava.

— Viu só? Acho que fazemos uma boa dupla. Eu irrito você, você me mantém vivo. É um equilíbrio perfeito.

Alya respondeu com um olhar sério, mas, por um breve momento, um pequeno sorriso ameaçou surgir em seus lábios. Talvez, apenas talvez, Liam tivesse razão. E então, como uma surpresa ela respondeu.

— Você tem razão.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!