Ecos do passado

O apartamento estava em silêncio. Isabela caminhava pelos cômodos com cautela, explorando o espaço desconhecido. As janelas grandes revelavam uma vista privilegiada da cidade, mas os vidros escurecidos davam ao local um ar de esconderijo. Era estranho como, mesmo após tudo o que aconteceu, ela ainda se sentia segura ali. Talvez fosse o contraste com o caos do lado de fora, ou talvez fosse a presença de Enzo.

Ele estava na cozinha, preparando café, como se fossem apenas dois desconhecidos tentando viver um momento comum. Mas nada ali era comum. Nada era simples. O aroma do café fresco contrastava com a tensão silenciosa que pairava no ar.

— Você não precisa fazer isso — disse ela, parando na porta da cozinha.

Enzo ergueu os olhos, surpreso com a interrupção dos próprios pensamentos.

— Fazer o quê?

— Me proteger. Eu nem sei se quero continuar envolvida nisso... com você.

Ele deixou a xícara sobre a bancada de mármore e aproximou-se lentamente, como se cada passo fosse medido. Os olhos dele estavam escuros, intensos.

— Você acha que pode voltar para sua vida normal depois disso? — perguntou com voz firme. — Acha que eles vão esquecer que você estava comigo?

Isabela hesitou. Parte dela queria gritar, fugir, apagar tudo. Mas a outra parte... a outra parte estava presa naquele olhar.

— Por que eu? — ela sussurrou.

Enzo suspirou. — Porque você me lembra quem eu era antes de tudo isso. Porque, por algum motivo que nem eu entendo, você acalma algo dentro de mim. — Ele abaixou o olhar. — E porque eu estou cansado de perder tudo que importa.

Ela sentiu o coração apertar no peito. Queria dizer algo, mas não havia palavras suficientes. Então apenas assentiu, silenciosamente, aceitando a xícara que ele lhe estendia.

Horas depois, Enzo recebeu uma ligação cifrada. Atendeu com o rosto tenso e os olhos fixos em Isabela, como se já soubesse que a conversa traria problemas.

— Sim. Fale. — Uma pausa. — Onde? Tem certeza? — Ele andava de um lado para o outro. — Estou a caminho.

Desligou sem dizer mais nada e encarou Isabela.

— Preciso sair. É algo pessoal.

— Algo perigoso? — ela perguntou.

— Muito.

— Eu vou com você.

— Nem pensar.

— Enzo...

— Não. — O tom dele cortou o ar como uma lâmina. — Eu não vou arriscar você. Já fiz isso uma vez.

Ele saiu rápido, deixando Isabela sozinha no apartamento. O silêncio voltou, mas agora parecia mais pesado, sufocante. Ela caminhou até a sacada, observando a cidade. Pensava em sua mãe, que sempre dizia que o coração é o pior conselheiro quando o medo entra em cena.

Enquanto isso, Enzo dirigia pelas ruas estreitas do centro antigo da cidade. Parou em frente a uma casa abandonada. O portão estava entreaberto. Ele entrou com cautela, sentindo o peso do passado em cada passo.

Lá dentro, um homem o aguardava. Cabelos grisalhos, olhos fundos. Era Matteo, um dos antigos aliados de seu pai — e também um dos traidores mais cruéis da velha guarda.

— Não pensei que teria coragem de aparecer — disse Enzo, a voz cheia de gelo.

— O tempo muda as pessoas, Enzo. Até mesmo você. Vejo que está mais mole... sentimental até. — Matteo sorriu com desdém. — A garota mudou você.

Enzo apertou os punhos, mas se manteve firme.

— O que você quer?

— Uma proposta. A máfia está em pedaços. Grupos rivais estão crescendo como pragas. Mas você... você ainda é temido. Se nos unirmos, podemos controlar novamente.

— E por que eu faria isso?

— Porque eles vão atrás dela. E sozinha, ela não vai sobreviver.

A ameaça foi sutil, mas clara. Enzo sentiu a raiva pulsar, como uma corrente elétrica. Aproximou-se lentamente e encarou o velho homem nos olhos.

— Se você ou qualquer um dos seus encostar nela, eu não vou parar até exterminar vocês.

— Pense com calma — respondeu Matteo, já recuando. — Você sabe que o tempo está correndo.

Enzo saiu da casa sem olhar para trás. O passado voltava a assombrá-lo como um fantasma faminto. Mas agora ele tinha algo — ou alguém — a proteger. E faria o que fosse necessário.

De volta ao apartamento, Isabela mexia nas estantes, procurando algo para se distrair. Encontrou uma caixa de madeira escondida entre livros. Dentro, fotografias antigas, recortes de jornal, uma carta rasgada.

Havia uma foto de uma mulher morena, com um bebê no colo. No verso, uma data escrita à mão: 14 de setembro de 1990. O coração de Isabela disparou. Aquela mulher... havia algo familiar nela. Algo perturbadoramente íntimo.

— Quem é você? — murmurou, tocando o papel amarelado.

A porta se abriu com força e Enzo entrou. Ele viu a caixa nas mãos dela e congelou.

— Onde você achou isso? — perguntou, num tom que misturava surpresa e temor.

— Entre seus livros. Essa mulher... quem é ela?

Ele fechou os olhos por um momento. — É minha mãe. Mas o bebê... não sou eu.

O silêncio se espalhou como fumaça.

— Isabela... preciso te contar algo que talvez mude tudo.

Oq vcs acham que ele vai falar? só lendo o próximo pra vcs saberem gente eu não sei se vcs vão gostar mais tá bom eu tô me esforçando pra agradar vcs❤️❤️

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