Capítulo 5

...Autor a narrar ...

Reize não dormiu direito a noite. Toda vez que ela fechava os olhos, ela se lembrava do selinho que deu no Christian. Ela levantou-se da cama bem cedo e ao sair do quarto, percebeu que o seu pai não estava em casa ainda. Ela fez o café da manhã, se lavou e foi se alimentar.

Às 8 horas, Christian chegou na casa dela para fazer companhia a ela. Eles passaram a manhã toda juntos, rindo, brincando e fazendo besteira. Durante a tarde, Christian chamou ela pra ir na praia junto com os amigos dele. Ela não queria ir, mas achou melhor aproveitar a oportunidade que a vida estava dando.

Durante a tarde, eles chegaram na praia de mãos dadas e conversando. Todos ficaram estranhos, ninguém falava com Reize e quando Christian estava longe, eles soltavam piadas desagradáveis. Reize ficava o maior tempo perto de Christian e quando eles foram tomar banho de mar, ela notou todos os olhares em cima de Christian.

As mulheres não disfarçavam o olhar e ela ria em silêncio, pois elas mal sabiam que aquele jovem tinha 12 anos.

— Não vai entrar?

Christian perguntou e ela confirmou com a cabeça. Reize tirou seu vestido e correu na direção dele, que estava admirando a sua beleza.

— Porra…onde estava escondendo tudo isso?!

Ele perguntou e ela tapou a boca dele com as mãos.

— Se concentre, criança. — Ela disse.

— Eu posso tocar?

Christian perguntou quando Reize tirou as mãos dela da boca dele. Ela o encarou confusa e afastou-se do mesmo.

— Tocar em que?

Perguntou ela.

— No seu corpo, Reize.

Reize riu e negou com a cabeça.

— Não, claro que não. Se orienta criança!! — Reize falou.

— Mas…mas Reize!

Christian correu atrás de Reize, que se jogou no mar e nadou para bem longe dele.

Dias depois, Reize estava se preparando para uma prova de matemática. O pai dela havia aparecido depois de ficar quatro dias sumido e ela já estava mais aliviada, pois sabia que ele estava vivo e bem. Ela terminou de estudar, deixou o livro na cama e saiu do quarto.

O seu pai a chamou e deu o dinheiro do mês, para ela comprar o que faltava em casa. Ela estranhou, pois ele nunca dava dinheiro para ela, era ele quem comprava as coisas. Ela trocou de roupa e saiu, indo para o mercado.

No caminho, ela avistou o Christian sentado no banco da praça. Ela aproximou-se dele e notou que o mesmo estava bêbado.

— Christian? Porquê você está bêbado? Você não pode beber!

Christian abriu os olhos, ele empurrou Reize e com raiva falou:

— Christian…você não pode fazer isso…Christian, você só tem doze anos…você não pode…não pode. Estou cansado disso! Eu só queria viver minha vida…

Reize suspirou pesadamente e antes dela se aproximar dele novamente, um carro luxuoso parou na frente deles e uma mulher muito elegante e bonita desceu do carro. A mulher olhou para Reize com um olhar de desprezo, fez um sinal com a mão e o motorista pegou o Christian.

— Viu só o que você fez com o meu filho? Você o transformou em alguém que ele não era e agora ele está perdido nessas merdas. Quero você bem longe dele, entendeu??

Reize mordeu os lábios, olhou para Christian que era carregado pelo motorista e deu as costas para a mulher. Reize sabia que não podia ir contra as palavras da mulher. Christian era apenas uma criança, e a sua mãe era responsável sobre ele.

*A partir daquele dia, Reize não viu mais o Christian, nem na escola e nem na cidade. Foram dias difíceis para ela, mas ela sabia que tinha que lidar com tudo aquilo. Mesmo ele estando sumido, o dinheiro dela estava sempre n**a sua conta*.

Ela não queria pegar o dinheiro, mas sabia que precisava dele, por esse motivo ela o gastava. Os meses foram se passando e em um dia sem aula, Reize foi surpreendida por Christian, que bateu na janela do quarto dela. Ela abriu a janela rapidamente e o rapaz entrou.

Ele estava usando roupas de academia e ela o encarava confusa, já que ele havia sumido por meses e não entrou em contato com ela nenhuma vez.

— O que você faz aqui, Christian? Porque sumiu do nada?

Ele encarou ela e então a puxou pelo braço e a beijou, pegando ela desprevenida. Reize bateu nos ombros dele, mas logo parou, pois os lábios de Christian eram mais doces do que ela imaginou.

As mãos de Christian foram para a cintura dela, enquanto o beijo deles continuava inocente, sem o uso da língua. Reize colocou sua mão nos ombros do garoto, o corpo dela estava leve como uma pena e os lábios de Christian ficavam mais doce a cada segundo que passava.

Os seus corpos estavam próximos, ela sentia o calor do corpo de Christian contra o dela e o cheiro bom que emanava do corpo dele. Quando a falta de ar chegou, eles se afastaram e então, Reize notou os olhos brilhantes e vermelhos de Christian.

— Christian, você…estava chorando?

Reize perguntou num tom aveludado e ele abraçou o corpo dela novamente, só que dessa vez, o abraço foi mais forte. Reize deu tapinhas nas costas dele e ficou ali, dando apoio para ele chorar. Christian afastou-se de Reize, sorriu fraco e então sentou-se na cama dela.

— Reize, meus pais enlouquecerem. Eles…

Christian parou de falar, ele parecia estar procurando uma maneira melhor de dizer o que tinha para falar.

— Os seus pais o que, Christian?

Reize sentou-se ao lado dele, agarrou a mão do garoto que estava trêmulo e permaneceu ali do lado dele.

— Eles me mantiveram preso dentro do meu quarto, diziam que aquilo era para o meu bem. Minha mãe insistia para eu desistir de você, pois ela dizia que você nunca seria boa o suficiente para mim, alguém de sangue “azul “.

Christian falou as últimas palavras com nojo e Reize fez um som com a garganta.

— Hoje, eu descobri que minha mãe vai me mandar para outro país. Irei viajar amanhã e não sei quando voltarei. Por isso…eu vim te ver, pois não tinha como me comunicar com você. Ela tirou tudo de mim e me deixou sem nenhum meio de comunicação. — Disse Christian.

— Christian…então...eu não o verei mais?

Os olhos de Reize se encheram de água e Christian abraçou o corpo dela.

— Vamos sim, não sei quando, mas irei voltar para você. Então, me espera, tá? Eu vou continuar dando um jeito de te mandar dinheiro, pois quero continuar com nossa promessa e quero que todos continuem pensando que estamos em um relacionamento. — Disse ele, sua voz firme nas suas palavras.

— Christian, você disse que só continuaria com essa farsa até você encontrar alguma namorada. Porque quer continuar com ela? Se provavelmente você encontrará alguém?

Christian levantou-se, o silêncio tomou conta do quarto e então, ele quebrou o silêncio.

— Eu não quero uma namorada temporária, Reize. Encontrar sua cara metade não é tão fácil assim, por isso quero manter nossa farsa. Até agora, as garotas que se aproximaram demonstraram apenas interesse na minha herança e beleza.

— Entendo…então, eu aceito continuar fingindo ser sua namorada falsa. E irei te esperar.

Christian sorriu e se aproximou dela novamente, colocou sua mão na face morena dela e depositou um beijo nos lábios dela. Seus olhos estavam abertos e ele pôde ver a expressão facial de Reize, que se derreteu nos braços dele.

Christian deitou por cima do corpo dela, as pernas dela ficaram por volta do corpo dele, dando um toque mais ousado para aquele momento. Christian gemeu baixo entre o beijo, suas mãos apertaram fortemente a cintura de Reize e ela se estremeceu debaixo do corpo dele.

Reize estava sentindo algo estranho, uma sensação nunca sentida antes e Christian se encontrava na mesma situação.

— R-reize…

Christian beijou o pescoço dela, então ele afastou-se, passou a mão na cabeça e andou em direção da janela.

— Eu tenho que ir. Nos vemos em breve, Reize.

— Até mais…criança…

Christian sorriu e pulou a janela habilmente. Reize ficou olhando ele sumir na escuridão. Seu peito estava apertado e seus lábios quentes e com o gosto dele.

— Que criança tola…

Ela sorriu tristonha e quando fechou a janela, as lágrimas desceram. Ela sentiria falta da criança que fez o seu coração palpitar forte e as memórias do beijo deles continuariam para sempre na memória dela.

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