Eu comecei a ficar desesperado.
O coração batia tão forte que parecia que ia sair pela maldita garganta. Meus olhos varriam cada canto daquela loja estúpida, cheirando a plástico barato e açúcar. Caminhei entre as prateleiras, empurrando carrinhos, ignorando olhares assustados. Se alguém ousasse me impedir, eu quebrava os dentes do infeliz.
— Joder, Nicole… — rosnei entre os dentes.
O pânico me engolia por dentro. Eu, Gabriel Martinéz, o homem que já viu corpos pendurados em ganchos e dormiu com sangue nas mãos, estava à beira de um colapso por causa de uma garotinha de quatro anos.
Minha garotinha.
E então... uma risada.
Alta. Leve.
Minha cabeça virou na direção do som como se tivesse sido puxada por instinto.
— Esta aqui é perfeita, Scarlett... — disse uma vozinha familiar.
Nicole apareceu com as bochechas coradas, um sorriso vitorioso e... uma mulher. Loira. Alta. Postura impecável. E um sorriso que era doce demais pra ser real.
— Mierda... — soltei o ar com força, o alívio me golpeando como um soco no estômago.
Me aproximei, olhos fixos na pequena.
— Nicole! Onde você estava? Eu quase enlouqueci, Pequeña. Você tá bem? — agachei rápido, passando as mãos por ela, como se eu precisasse ter certeza que nenhum filho da puta tinha encostado nela.
Ela sorriu, como se tudo estivesse normal.
— Eu fui procurar a boneca, papai… mas me perdi no meio de tantas coisas. Aí essa moça me encontrou. O nome dela é Scarlett. Ela foi muito legal comigo…
Levantei os olhos, agora encarando a mulher.
Scarlett.
Bonita, intrigante...
— Ela estava assustada — disse a loira, com a voz suave, mas firme. — Eu a ajudei a encontrar a boneca. E agora está tudo certo. Entregue e inteira. — Ela lançou um meio sorriso. — Tenham um bom dia.
Fez menção de sair, mas minha voz a cortou.
— Espera.
Ela parou. Devagar, virou-se para mim com uma sobrancelha arqueada.
— Algum problema? — perguntou, e não era inocência na pergunta. Era desafio.
— Obrigado — disse, com a voz mais grave, tensa. Meu olhar preso no dela. — Por ajudar minha filha.
— Não precisa agradecer — respondeu, estreitando os olhos. — Apenas... preste mais atenção nela. Crianças se perdem rápido demais. E nem todo estranho vai ter boas intenções como eu.
Toma essa.
Senti o tapa invisível na cara.
Ela olhou para Nicole, agora com um sorriso genuíno.
— Tchau, pequena. Foi bom conhecer você.
Nicole riu.
Scarlett virou-se e foi embora como se não tivesse acabado de me jogar na cara que eu sou um desastre como pai.
Respirei fundo, tentando não mandar ela se foder em voz alta.
Voltei-me para Nicole.
— Escuta aqui, pequena diabinha... Nunca mais sai de perto de mim desse jeito, entendeu? Nunca mais. Você não faz ideia do que pode acontecer quando some assim.
Ela encolheu os ombros, apertando a boneca contra o peito.
— Sinto muito, papai... Eu só fiquei empolgada. Queria muito a boneca e... a Scarlett apareceu. Ela foi gentil. Me chamou de princesa...
— Princesa, hein? — murmurei, suspirando. — Ótimo. Agora você confia até em fadas loiras no meio do shopping...
— Ela parecia uma fada mesmo — disse Nicole, com aquele brilho nos olhos que desmontava qualquer muralha que eu erguia.
Scarlett...
Anotei mentalmente o nome. Algo me dizia que aquela mulher não ia sumir da minha cabeça tão fácil...
— Bom… vamos então? Já pegou seu brinquedo, agora é hora de ir pra casa.
Nicole apertou a boneca com força, os olhinhos brilhando.
— Papai… a gente pode tomar sorvete?
Suspirei. Como eu dizia “não” praquela cara?
— Tudo bem… mas vai ser rápido, entendeu? O papai tem trabalho pra resolver. Gente que precisa levar um tiro, contratos pra fechar, corpos pra enterrar... — murmurei a última parte só pra mim, de forma inaudível.
Ela sorriu, pulando no lugar.
— Eu prometo! Vai ser rápido. Um sorvete de morango e eu fico quietinha!
— Mentira descarada, pequeña — falei, pegando-a no colo com uma mão só. — Você fala mais que rádio pirata.
Ela riu, encostando a cabeça no meu ombro.
Mas minha mente ainda estava longe dali.
Scarlett.
A mulher que apareceu do nada, ajudou minha filha e desapareceu como um fantasma.
E eu?
Eu sabia reconhecer quando o destino plantava uma peça no meu caminho. Ela não era qualquer uma.
Ela era um problema, um delicioso problema.
E mierda, como eu adorava um problema com pernas longas, olhos de gelo... e nome de veneno...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 37
Comments
Lottie 🌺
Eita que capítulo foi esse Hadassa cadete você nunca decepciona parabéns pelo mais o início de mais uma obra maravilhosa, então quer dizer que o nome da outra mulher que vai entrar para a família Martinez é Scarlett que nome lindo combina e o Gabriel já foi flechado kkkk
2025-04-15
16
Mônica
Gabriel tem a delicadeza de um cavalo selvagem tentando sair de cercado com arame farpado
2025-04-15
9
Joselma Trajano
ah Hadassa , ainda não gastei meu voto da semana, não imaginei que viria o Gabriel , mas a que está com todo o gás e pronto pra nós enlouquecer, meu voto vai para ! Gabriel Martinez , e vamos votar gente nossa autora merece😘
2025-04-15
2