A tosse dele está pior hoje. Implorei para ele ficar em casa, mas ele adora esta catedral. Ele se gaba dela — do design energeticamente eficiente, da arte dos vitrais. Ele finge ser tão piedoso.
Todo mundo também acha que sou piedosa. Cochicham sobre meu "passado trágico", especulando que ele me tornou devota demais para namorar. A piedade não é o motivo de eu não namorar, mas é mais seguro deixar que pensem assim. Nem o Nonno sabe meus verdadeiros motivos...
Ao meu lado, ele está curvado. Eu deveria acordá-lo, mas não tenho coragem. Do outro lado, Robby examina o santuário em busca de ameaças. Na outra ponta do banco, Frankie e Elise estão com a cabeça inclinada sobre algo no celular dele. Não é função do meu guarda-costas entreter minha irmã, mas sou grata por ele estar disposto. Estou distraída demais para me concentrar nela, não quando estou prestes a vê-lo.
Padre Salvatore Costa.
Por dois anos, confessei meus pecados a ele. E fiz mais do que confessar. Também confiei a ele — minhas esperanças, meus sonhos, meus medos. Contei tudo a ele, menos a verdade.
Não ousei. Estou tão isolada que ele é meu único amigo de verdade. Ele não sabe como me sinto. Mas eu nem entendo esses sentimentos. Só sei que é mais do que uma paixão.
"A costa está limpa, chefe", diz Robby, e Nonno acorda assustado.
Guardo meu rosário na bolsa, sem demonstrar minha excitação.
Robby oferece a mão ao Nonno, mas meu avô a ignora. Lentamente, ele se levanta até ficar de pé, instável, com uma das mãos apoiada no encosto do banco.
Deslizo para perto dele e fico ao seu lado. "Vá na nossa frente, Robby. Certifique-se de que o carro esteja esperando."
Olhando feio para Frankie, Robby diz bruscamente: "Fique com eles", e então caminha pelo corredor.
Eu me movo para pegar o braço do Nonno, mas ele levanta a mão. "Pare com essa bobagem. Meus pulmões estão ruins, não minhas pernas."
Discutir seria um erro, então não o faço. E disfarço minha impaciência com o tempo que levamos para sair. Mas, finalmente, saímos para a luz do sol.
Meu coração dispara. Alto, moreno e bonito, mal consegue captar a mistura inebriante de beleza e violência que é Salvatore Costa. Ele tem o tipo de traços faciais ásperos que ficariam feios em um homem mais fraco. E seu corpo...
Meu Deus, o corpo dele. Ele transmite segurança e perigo ao mesmo tempo. Segurança, perigo, sedução e pecado.
Ele pode ser um padre, mas parece mais um dos capangas do Nonno. A barba por fazer azul-escura ao longo do maxilar. O jeito como suas camisas esticam seus músculos. A totalidade dele é deslumbrante, intimidante e quase exagerada.
A insistência do Nonno em sair por último significa que estamos no fim da fila. Minha irmã se inquieta. Estamos ambas impacientes, mas por motivos diferentes. Ela quer o livro que o Nonno a fez deixar no carro, e eu...
Eu quero o padre.
Felizmente, ao avistar meu avô, a fila desaparece, formando-se atrás de nós. Elise aperta a mão do Padre Costa primeiro e depois corre para o carro.
Em seguida, ele cumprimenta o Nonno, beijando o anel do meu avô. "Don Marco."
"Excelente sermão, Padre, como sempre. O senhor sabe como falar com os meus homens, ao contrário daquele idiota antes de você."
"Eu faço o meu melhor." Ele se vira para mim. "Bianca."
Uma palavra não deveria incendiar meu corpo. Mas o timbre da sua voz é como uma faísca, acendendo chamas de desejo no fundo da minha barriga que se irradiam até que eu tenha medo de queimar nesta vida, não apenas na próxima.
“Pai”, respondo, esperando que nenhum dos dois perceba como minha voz treme.
Compostura e postura, ofereço-lhe a mão. Ele ficaria horrorizado se soubesse o quanto essa palavra — Pai — me excita. Mas excita, e esse é o meu segredo mais vergonhoso. Mais vergonhoso do que a umidade entre as minhas pernas quando ele segura minha mão. O aperto de mão dura apenas alguns segundos, o contato é breve demais.
Mantendo a voz leve, viro-me para o meu avô: "Nonno, o Padre Costa pode jantar conosco?"
A pergunta é uma formalidade. O Nonno sempre diz sim.
"Hoje não, princesa." Ele me dá um tapinha no ombro e continua como se eu fosse invisível. "Desculpe, Padre, mas temos assuntos de família urgentes. Mas no próximo domingo, junte-se a nós para o cavatelli. Ou, como dizem em Abruzzo, orecchie di prete — orelhas de padre!"
O Nonno ri da própria piada e depois tosse. Ele tira um lenço do bolso. "Desculpe, Padre, parece que peguei um resfriado de verão."
Padre Costa espera um instante, com a expressão inexpressiva. "Claro, Dom Marco, a família sempre vem em primeiro lugar."
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